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as mesmas condições, reputava mais séria, e por consequencia mais no caso de satisfazer plenamente as condições a que se ligasse.

Sr. presidente, estão sujeitas ao exame e discussão da camara as modificações feitas pelo governo ao programma de 6 de maio.

Entre as modificações que o governo introduziu neste programma, uma dellas foi o estabelecimento desde já de duas vias ferreas.

Eu vejo um augmento de despeza immediata na adopção desta modificação do programma, e confesso que as rasões empregadas para sustentar esta modificação, não me puderam abalar da opinião que tinha contra o estabelecimento das duas vias ferreas, nem posso concordar, que esta modificação fosse feita para interesse da fazenda, pois que tenho a este respeito idéas inteiramente contrarias a esta. Desde o relatorio da commissão externa de outubro de 1841, até aos ultimos escriptos, torna-se evidente que não havia necessidade de estabelecer desde logo, que o caminho de ferro tivesse duas vias para sustentar as necessidades da circulação. Conhece-se que essa necessidade ha de vir, mas é para o futuro.

A primeira duvida é saber para onde vamos. Irá o caminho de ferro para Hespanha? Para onde vão os dois carris, vão para Hespanha, ou para onde? O projecto não o diz, mas diz se que os dois carris vão para Hespanha, para nos por em communicação com toda a Europa. Porém, que é das obras do caminho de ferro em Hespanha, que venham encontrar-se com o caminho de ferro de Portugal? Está-se fazendo em Hespanha algum caminho de ferro, que venha ligar com este nosso caminho de ferro, que pertendemos fazer? Está feito, ou estar-se-ha fazendo em Fiança algum caminho de ferro, que venha encontrar-se com outro de Hespanha, e o desta com o de Portugal? Nós europeus, e mettidos n'um canto da Europa, estamos a lembrar-nos da Europa, e a Europa sem se lembrar de nós! (Apoiado da direita).

E espantosa a facilidade com que entre nós se decreta a feitura de duas vias no caminho de ferro. Pois neste objecto deve desprezar-se a opinião e testimunho de um homem competente, o engenheiro belga que esteve já no nosso paiz, engenheiro cujas opiniões tem sido seguidas por homens distinctos? Pois então, quando a nação que mais tem timbrado em se dotar de todos os meios de communicação, que tem gasto para cima de 250 milhões de francos em estabelecer meios de communicação, que tem um vasto ramal de caminhos de ferro, e que não julgou necessario o estabelecimento de dois carris, quando o engenheiro a que me refiro, diz que é isto o que se passa no seu paiz, que não julga necessario o estabelecimento de duas vias; havemos ir além do que elle diz ser unicamente necessario estabelecer entre nós, e do que elle diz que existe no seu paiz?... Não me parece isso prudente. Para que a camara fique bem sabendo qual é a opinião deste engenheiro a este respeito, lerei uma parte do relatorio que elle fez (Leu).

A opinião deste engenheiro não é para desprezar.

Em França, sr. presidente, quando se tractou da confecção do caminho de ferro do centro, não se disse que teria duas vias, disse-se ao contrario que teria uma via.

Em Hespanha o caminho de ferro de Aranjuez tem um só carril; mas nós, nação pobre (e não nos devemos envergonhar de o confessar) queremos um caminho de ferro, estabelecendo desde logo duas vias!... Nós, nação pobre, que devemos attender muito ás economias, que carecemos dellas, vamos gastar uma somma immensa em um segundo carril no caminho de ferro, sem conhecida necessidade, e immediata utilidade e vantagem!...

Isto é uma obra de luxo, e a nação não póde com similhante cousa. Por ventura não lamenta a Inglaterra o luxo que houve na feitura dos primeiros caminhos de ferro que alli se fizeram?

(Vozes: — Deu a hora).

O Orador: — Como deu a hora, peço que me seja reservada a palavra.

O sr. Presidente: — Fica-lhe reservada.

Os tachygrafos expuseram á mesa, que tendo de sair da camara perto das 5 horas da tarde, e voltar ás nove para a sessão nocturna, não lhes resta tempo para poderem apresentar o extracto da sessão do dia, e apparecer no Diario do Governo de amanhã; por isso declaro á camara que a sessão nocturna determinada para a noite de hoje, terá logar no sabbado (Apoiados repetidos).

A ordem do dia para a sessão de amanhã é a continuação da de hoje. Está levantada a sessão. — Eram 4 horas e meia da tarde.

O 1.º REDACT0R

J. B. Gastão.