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109 em fundos de 3 por cento; além disto sobre esses 100, ha 4 e meio de divida differida por virtude das disposições do mesmo decreto, divida que está no mercado a 17 por cento — feitas, pois, iodas estas compensações, o preço de 39 para os fundos da escala ascendente, da o preço de 35 para os fundos de 30 por cento.

E ninguem dirá, que este preço, em relação ao dos fundos de 3 por cento de todas as outras nações, comprehendendo a Hespanha, é um grande symptoma de credito, sobre tudo em vista da grande subida, que ha 2 annos a esta parte tem tido os de todas as nações. (Apoiados)

Estou persuadido, sr. presidente, que a construcção do caminho de Lisboa a Villa Franca por conta do estado, e com dinheiro portuguez, ha-de ser uma das medidas que hão-de mais poderosa mente contribuir para o restabelecimento do nosso credito dentro e fóra do reino. (Apoiados) E não posso duvidar um instante do que o governo ha-de levantar dinheiro aqui a preços rasoaveis, tendo-se em vista principalmente os penhores que póde offerecer aos prestamistas.

Tem-se fallado da organisação de uma companhia portugueza para a construcção de um caminho de ferro de Lisboa a Cintra: faço votos para que sejam verdadeiros esses boatos; mas estou convencido de que é muito mais facil organisar uma companhia portugueza para a feitura de um caminho de ferro de Lisboa a Villa Franca, do que de Lisboa a Cintra; (Apoiados) porque em quanto esta linha não tem futuro algum, a primeira tem um futuro immenso, de que se não póde ainda prever toda a extensão. (Apoiados)

Um illustre deputado que muito respeito, perguntou se o preço estabelecido para o caminho de forro seria excessivo em relação ao estado do nosso credito? Eu já ouvi fazer este argumento n'outra parte, sustentando se que o caminho era muito barato, por que o governo podia cumprir as obrigações que contrahira para com os emprezarios, da mesma maneira que tinha cumprido as que se linham antes contrahido com outros credores. Talvez fosse este receio a causa de lerem exigido os emprezarios a eliminação da renuncia dos privilegios; e se fosse este o motivo desta exigencia, não o posso censurar.

E porém esta razão mais uma das que justificam a minha substituição; por que, no estado em que se acha o nosso credito, não nos devemos expor a taes molejos que se fazem aqui, e que se repetem nos outros paizes. Se o governo tem meios para dar a uma companhia, empregue-os para construir por sua conta, e mais tarde, quando o credito estiver melhorado, lho não Fallará com quem contractar, e com condições mais vantajosas do que as que se lhe offerecem agora (Apoiados).

Em resumo, para acabar com as decepções que tem havido a respeito desta companhia, para pôr teimo á guerra que na praça de Londres se tem feito a este contracto, para evitar os inconvenientes que de futuro podem ter logar por virtude de imperiosas e injustas reclamações, para estabelecer uma escola practica de caminhos de ferroem Portugal, para dar um grande passo, que ha de concorrer poderosamente para o restabelecimento do nosso credito dentro o fóra do reino, intendo que a camara o que tem a fizer, é approvar a substituição que mandei para a mesa, e rejeitar o projecto que está em discussão (Apoiados da direita; e — vozes — muito bem) O sr. Cazal Ribeiro: — Sr. presidente, a discussão do projecto de que se tracta, é muito seria, muito grave, e mais importantes talvez de quantas tem occupado, e podem occupar nesta sessão a attenção do parlamento.

O projecto em discussão não tem só a importancia de um contracto que se converte em encargos para o thesouro, mas é mais alguma cousa, é um contracto, que por ser o primeiro deste genero entre nós, como muito bem disse o meu illustre amigo o sr. Carlos Bento, importa uma especie de modêlo, ou typo do modo como nos havemos regular para o futuro em assumptos desta natureza.

A discussão tem corrido sisuda e gravemente, e sinto que o illustre deputado que acaba de fallar, que conservou tanto tempo a argumentação calculada e logica, na ultima parte do seu discurso, com

0 fim de que produzisse impressão, se affastasse da norma que a si havia imposto, quando, tractando da companhia trouxe á camara uma collecção de boatos que se tem espalhado por differentes vezes e por differentes motivos na imprensa e nas conversações.

Eu, sr. presidente, reputo o illustre deputado em muito, e de certo lhe não era preciso, nem é proprio delle recorrer a este modo de argumentação, vindo repelir perante a camara boatos já lamas vezes repetidos, e outras tantas desmentidos (Apoiados).

Não tenho nada com a companhia de que se tracta, mas não posso deixar de dizer aquelles, os propaladores de boatos, que devem ter mais cautella, por quanto todas quantas assersões se tem apresentado contra a companhia, tem sido destruidas, e os boatos que se propagaram, completamente desmentidos (Apoiados). E depois disto assim se ler passado, admira como um cavalheiro Ião respeitavel, ião distincto e tão sisudo, venha ainda apresentar certos agouros como os que acaba de apresentar, assegurando que este negocio nunca se ultimará, isto é, que a companhia não fará o caminho de ferro, e que tudo que se tem feito, e está fazendo, é uma pura ficção!!!

O illustre deputado não tinha motivo justificado, para assim se pronunciar (Apoiados).

Hontem, quando s. ex.ª o sr. ministro das obras publicas, respondendo a uma pergunta feita pelo illustre deputado, disse — que se linha effectuado o pagamento da» leiras em melai sonante — o illustre deputado então deu-se por satisfeito; e linha razão para isso, embora s. ex. viesse depois declarar — que não estava já satisfeito com a resposta do nobre ministro 1 Oque posso asseverar ao illustre deputado, é que eu e toda a camara está satisfeita com a resposta que deu o nobre ministro: (Apoiados repelidos) acredito que o pagamento de letras se effectuou (Apoiados) e se o deposito se não tivesse effectuado, e o pagamento das letras realisado no tempo em que o devera ser, o governo de certo tinha rompido o contracto, como é expresso no artigo transitorio (Apoiados) e feito reverter para a fazenda publica, a importancia do deposito, que a companhia já fizera (Apoiados).

Sr. presidente, não desconheço a importancia aios nomes, mas tambem não desconheço a importancia dos factos, e dou a estes preferencia sobre aquelles, para avaliar qualquer situação, e decidir-me sobre qualquer questão.

Vejo que esta companhia de que se tracta, leiu sido atacada, e censurada, pelos nomes que a compõem;

VOL. VII — JULHO — 1853.

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