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rino; para a final se obter e apurar o que possa haver de verdade por uma e outra parte; bem longe disso, mandou-se ouvir o actual governador, sem se ler a mais pequena attenção com um membro desta casa, que é igualmente membro da maioria, sem que o prevenissem de cousa alguma, e sem que se lhe pedisse por deferencia, já se vê, a sua opinião sobre um negocio em que elle, um seu irmão, e alguns seus amigos figuravam por ião consideravel maneira

Sr. presidente, este facto não tem por certo a gravidade daquelle, que a esta camara narrou o.sr. deputado Calheiros; mas não deixa todavia de significar uma certa desconsideração para com os proprios membros da maioria. Não é isto materia para se fazer uma accusação formal ao governo; mas o caso não é tão destituido de gravidade, que não mereça consideravel reparo da parte de alguem, que me ouve; não me atrevendo a dizer mais porque em fim até julgo que v. ex. sabe bem de todas as circumstancias que acabo de expor.

O sr. Presidente: — Eu devo observar á camara que se por ventura se discute agora a materia, é isso sem proveito algum, porque toda a discussão terá de se reproduzir quando o ministerio estiver presente: (Apoiados) até a discussão e as observações que se fizerem agora, perdem um pouco a sua força visto que o objecto tem de entrar outra vez em discussão. Por isso me parece mais conveniente que no momento actual a discussão se limite só unicamente a — se deve ser approvada ou rejeitada a moção mandada para a mesa pelo illustre deputado o sr. Silva Pereira. (Apoiados)

O sr. Cazal Ribeiro: — Sr. presidente, o comportamento do sr. Calheiros é nobre, vindo reivindicar perante a camara as garantias que são inherentes ao logar de representante da nação; mas a camara, por em quanto não póde fazer mais do que approvar a proposta que está sobre a mesa. E por esta occasião, declaro que a maioria não precisa de que os deputados da minoria lhe venham lembrar ou ensinar quaes são os seus deveres, nem despertar-lhe os seus estimulos porque os deputados da maioria sabem perfeitamente o que lhes cumpre fazer; os deputados -da maioria nunca se hão-de esquecer de exercer a sua vigilancia pela execução da constituição e das -leis, — assim como de pugnar pela dignidade e prerogativas de cada um dos membros da camara. (O sr. Corrêa Caldeira: — Mas essa vigilancia adormece as vezes)

Eu não dou direito ao illustre deputado nem a ninguem para duvidar um só momento dos sentimentos que tenho no coração para defender a honra, a dignidade, e as prerogativas de todos os membros -da camara; e posso assegurar ao illustre deputado e á camara que similhantes sentimentos do coração -nunca me adormeceram, não adormecem, nem já mais adormecerão, nem adormecem em nenhum dos membros da maioria. (Apoiados)

Tambem direi ao illustre deputado que me precedeu, que nada vem para o caso o que acabou de dizer; se servisse para alguma cousa era, quando muito, para poder ser objecto de uma interpellação dirigida ao -ministro respectivo, mas não póde nunca confundir-se com o caso do sr. Calheiros; ocaso do sr. Calheiros é...

O sr. Presidente: — Eu observo novamente, que.se por ventura continua a discussão assim, é perdermos tempo, porque ella tem de se reproduzir quando o ministerio estiver presente. (Apoiados). O Orador:. — Eu vou concluir, e vou concluir dizendo que tambem é minha opinião que esta discussão não póde ter logar senão na presença do ministerio, e é por isso que voto pela proposta que está sobre a mesa.

O sr. Roussado Gorjão: — Sr. presidente, eu não sei se v. ex.ª e a camara tem conhecimento de que ha a triste fatalidade para mim de que o magistrado administrativo que foi fazer esta diligencia, é um filho meu; nesse caso V. ex.ª e a camara reconhecerão que eu tenho um duplicado dever de explicar-me sobre, o assumpto. O primeiro é o eu tomar o mais vivo interesse pelo decoro e dignidade de todos os membros desta camara; o segundo e que não posso deixar de ser o primeiro a propugnar porque se façam todas diligencias para esclarecer o que ha no assumpto, porque espero que hei-de ter a suave complacencia de saber que meu filho não excedeu nem uma linha daquillo que era o seu dever, (Apoiados) porque tenho a certeza que elle nem se offerece nem se escusa do serviço que o mandam fazer, e tambem tenho a certeza que me dá o sentimento da educação que tem recebido, e lisongeio-me mais ainda da boa indole que lhe reconheço; faço-lhe esta justiça. Não tenho nada mais que dizer nesta parte senão que sinto e sinto amargamente vêr que alguns illustres deputados e meus nobres amigos que se sentam na minha visinhança (mas eu tenho a honra de pertencer á maioria, sento-me neste logar porque aqui me sentei sempre, e porque eu não sou homem que mude de logar quaesquer que sejam os meus principios) aproveitem esta occasião e occasião dolorosa para della tirarem partido e fazerem uma politica mesquinha. Intendi dever dar esta explicação, nada mais tenho que dizer.

O sr. Calheiros: — Esqueceu-me ha pouco dizer uma cousa, vou dize.la agora, e na verdade foi uma grande falla. O sr. administrador dos! Olivaes cumpriu perfeitamente com os seus deveres como auctoridade publica, dispensou-me as maiores attenções, mostrou-se um perfeito cavalheiro; não tenho a mais pequena queixa delle porque se houve o melhor possivel.

O sr. Corrêa Caldeira: — Sr. presidente, pouco tenho a accrescentar, mas o incidente promovido pelo sr. Cazal Ribeiro forçou-me a tomar segunda vez a palavra. Não sei se o illustre deputado, como muitos de seus mestres oradores, reconhecendo-se n'um terreno escorregadio aproveitou um incidente que forjou (O sr. Cazal Ribeiro: — Que forjou!) que forjou, porque eu não disse o que o illustre deputado me attribuiu, logo forjou. O illustre deputado estava dizendo — que a maioria não precisava do zelo dos deputados da minoria para exercer sobre o governo, sobre o cumprimento das leis, sobre o respeito á constituição a vigilancia de que tinha direito e obrigação, e foi quando o illustre deputado se exprimiu assim que eu disse — «é verdade, mas ás vezes adormece;» — adormece a vigilancia da maioria, nem o illustre deputado tinha direito nem pretexto para suppor que da minha bocca saissem palavras que fossem offensivas ao illustre deputado; s. ex.ª sabe, que, á parte as opiniões politicas, ninguem respeita mais a sua pessoa, ninguem tem mesmo pela sua pessoa mais cordial affeição. A que proposito vinha pois o que o