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que o Governo possa estabelecer as Casas Pias aonde for necessário, e disse que ao Governo cumpria organisa-las bem, porque de serem mal orga-nisadas, e administradas, se seguiria que taes Estabelecimentos fossem máos em logar de bons, que podiam ser. E* na verdade ainda questão não resolvida a utilidade, ou não utilidade de taes Estabelecimentos: o illustre Deputado mui instruido nestas malerias, não ignora os queixumes que, por exemplo, na Bélgica se tem levantado contra elles.

O que o Sr. Mouzinho disse, e o que eu digo, não significa o propósito de rejeitar a creação de Casas Pias; mas sim de as regular de um certo modo para serem úteis. Deixemos a questão da sua conveniência em geral, que seria agora extemporânea, e impossível de resolver-se. E' verdade que estas cousas devem tractar-se em urna Camará Legislativa , mas em tempo apportuno.

Agora, Sr. Presidente , pelo que toca á organi-sação das duas Casas Pias que nós lemos: a de Lisboa é hoje cousa muito differente do que era á QO annos, ou a 10: tem melhorado consideravel-mente : na verdade, porque se não tinha avaliado bem o objecto de taes Estabelecimentos, e não por falta de zelo dos seus administra.dores, e muitos defeitos havia ern quanto á educação e ensino dos Alumnos da Casa Pia de Lisboa. Quiz-se fazer um Collegio de Bellas Artes, havia u,m coro de músicos, outro de musicas, etc. etc. Já no meu tempo se emendaram muitos defeitos, e foram sendo emendados progressivamente. Estabeleceram-se officinas de trabalhos mais ordinários e duros, e para o trabalho começaram a ser educados indivíduos de ambos os sexos: eis-aqui o fim do Estabelecimento. Eu não sei bem hoje qual e o estado em que elle se acha; roas sei g»e devo, coroo iribiito de reconhecimento á Commissão Administrativa daquella Casa , declarar, que mais zelo, melhor intelligencia , e mais actividade, ninguém pôde ter, os seus disve-los hão produzido excelieutes resultados. Ali se ensinam todos os officios mechanicos; ensina-se bem ler e escrever, ali se tecem os pannos que servem para vestuário, e para cama dos Alumnos; ali se fazem osçapatos para todos absolutamente: n'uma palavra, ali se constitue o indivíduo no habito de trabalhar, e esta é a melhor educação que se pôde •dar a gente pobre. Muito louvor pois merecem aã pessoas que compõem a Commissão Administrativa daquelia Casa: ellas já herdaram estas boas qualidades da Administração anterior, um dos Chefes da qual que já não existe (mas é bom fazer justiça aos mortos) deu muitos exemplos de generoso e nobre zelo poraquella Casa fazendo até sacrifícios da sua fazenda. Esse homem foi o Sr. Pinto Basto. (Uma

vo%: — E' verdade.) Este testemunho que lhe dou não o considero perdido: elle tem filhos, e convirá que elles conheçam que nem todos esqueceram os serviços feitos á humanidade. Nunca eu em minha vida lhe fallei; mas gosto de fazer justiça á verdade, embora recaia o louvor em meus adversarias políticos.

Quanto pois ao Addilamento do Sr. Cabrita 'elle mesmo convirá na necessidade de não nos fazermos cargo delle, por não pertencer a esta Câmara; abracemos a ide'a geral; e sem embargo de que eu vou muito para as ponderações que fez o meu nobre amigo o Sr. Alves Martins, coratudo taes ponderações não devem servir d'obstaculo a que se faça a concessão geral ao Governo; pôde ser mesmo que haja meios offerecidos voluntariamente para estes Estabelecimentos; a sua Índole e natureza excitam muitas vezes as syrnpathias de pessoas generosas; e neste caso hella cousa e' aproveitar semilhante fervor ; porque o seu resultado não gravando os meios públicos do Governo, e' de grande proveito para a humanidade, objecto principal do Projecto que discutimos. ,

Concluo pois pedindo a V". Ex.% que depois de pôr á votação o Additamento do Sr. Cabrita, não deixe de pôr a Proposta (chamo-lhe assim) do Sr. Mousinho, ern quanto a dar-se faculdade ao Governo para estabelecer Casas Pias naquelles logares do Reino ern que assim julgar necessário.

O Sr. Presidente : — De certo que hei de propor, ne*n posso fazer outra cousa.

.O Sr. Cabrita: — Sr. Presidente, como eu muito confio no Governo, e como se diz que ao Governo pertencem as disposições regulamentares, eu pedia á Camará que consentisse retirar o meu Additamento.

A Camará conveiu.

O Sr. Presidente: — Agora resta votar a Proposta do Sr. Mousinho, para que se conceda auctorisaçãó ao Governo parA estabelecer Casas Pias, onde seja possível, e o julgar necessário.

Foi approvado o Artigo com o Additamento do Sr. Mousinho d"Albuquerque.

O Sr. Presidente: — Agora proponho á Camará se quer que esta Proposta seja reuíettida áCommis» são para d'accordo com ella redigir o Artigo (Votou-se). . A Camará decidiu, afirmativamente.

O Sr. Presidente: — A hora já deu. A Ordem do Dia para amanhã e a continuação da de hoje. Está levantada a Sessão.— Eram mais de quatro horas da tarde.

O REDACTOR INTERINO,

FRANCISCO 1ESSA.

N.° 16.

Sessão *m 6 ír*

1843.

Presidência do Sr. Gorjâo Henriques.

-Approvada sem discussão. VOL. 8.°— DEZEMBRO — 1843.

CoRR KSPONDENCIA.

Um officio: — Do Sr. Deputado Ayres e .Seisãs, participando que por justos motivos não pôde comparecer a algumas Sessões. -—Inteirada.