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ter sido u bandeira franceza arvorada na praça de Bissáo, quando aquelle ponto acabava de ser salvo pelo auxilio e esforços dos subditos francezes, d de certo uma injuria que se faz a nação franceza, o que por modo nenhum foi esta a intenção do illustre deputado, quando no calor do seu patriotismo deixou escapar esta expressão. Agora a respeito do auxilio que é necessario enviar áquella possessão, sou informado pelo governador interino de Cabo-Verde, que tem já uma força prompta a embarcar para aquelle destino, e que devia partir n'um navio que alli se apromptava acompanhada pela escuna Cabo-Verde j e o mesmo governador me diz, que aquella força é sufficiente para fazer conter em respeito agente que se sublevou. Accrescendo ainda outra circumstancia: — quando os sublevados foram atacados pelos francezes, a maior parte delles saíram da praça e fugiram para os gentios; e dizendo-se que elles queriam vir alacar a praça, os francezes tem alli feito serviço, e haviam de continuar a prestar auxilio até chegar o reforço de Cabo-Verde, contribuindo deste modo para a boa ordem e tranquillidade daquella colonia e de seus habitantes.

Em quanto a recompensar os serviços prestados pelos officiaes da guarnição do brigue francez, a esse respeito não posso senão significar a minha opinião singular; mas estou certo que todos os meus collegas estarão de accôrdo comigo (porque todos somos portuguezes, todos sabemos ser gratos quando recebemos favores desta ordem) e levarei uma respeitosa mensagem a Sua Magestade, afim de que estes benemeritos officiaes sejam considerados da fórma, porque é costume recompensar serviços de similhante natureza.

Relativamente a outra pergunta do illustre deputado, declaro que não tenho duvida em manifestar a minha opinião a esse respeito, sujeitando-a com tudo á opinião dos meus collegas; mas dependi tambem desta camara a pensão que deve ler a infeliz familia do official que morreu. (Muitos apoiados) E para mim summamente agradavel ouvir estes apoiados; a camara sabe que se esse official fosse portuguez, o governo, em virtude da lei, podia conceder uma pensão á sua viuva, sem necessidade da confirmação do corpo legislativo; mas considerando-se o governo desde já até certo ponto auctorisado pela manifestação que a camara acabou de prestar (Repelidos apoiados) o governo fará o seu dever decretando uma pensão para aquella familia, com o vencimento desde o dia da morte daquelle official, Trazendo-a depois á approvação desta camara. (Apoiados geraes)

Devo tambem declarar ao nobre deputado, que tendo recebido apenas antes de hontem as informações officiaes a este respeito, creio que s. s. ha de fazer a justiça de reconhecer que em ião curto intervallo de tempo pouca cousa poderia ler posto em practica; comtudo na primeira occasião que eu tenha a honra de me aproximar do throno, tenciono levar ao conhecimento da Soberana uma exposição, de accôrdo com os meus collegas, no sentido em que acabei de dizer, e conforme os sentimentos desta camara.

Não sei se o nobre deputado me dirigiu mais alguma pergunta; todavia parece-me que com estas explicações deve ficar satisfeito.

O sr. Presidente: — Como deu a hora designada para se passar á ordem do dia, é necessario que a camara resolva se quer que este incidente continue.

Resolveu-se affirmativamente.

O sr. Arrobas: — Em verdade o sr. ministro da marinha é um verdadeiro portuguez; é um homem de bem a todos os respeitos; e sempre que tenho de fallar sobre qualquer objecto que diz respeito a s. ex. e que não lhe seja favoravel, confesso que me custa bastante ter de o fazer, por conhecer as boas intenções que s. ex. tem. Prometto não tomar muito tempo á camara com o que tenho a dizer; e desde já declaro que depois das explicações que o nobre ministro acaba de dar, hei de mandar para a mesa II um moção que diz respeito aos serviços prestados na praça de Bissáo pela guarnição do brigue francez Palynure.

Sr. presidente, segundo as informações que tive, o facto passou-se exactamente como o sr. ministro o expoz, e não tenho duvida em declarar que estou satisfeito com as explicações dadas por s. ex.ª, menos em quanto aos soccorros que é necessario dar á praça de Bissáo; porque indo estes de Cabo-Verde, só no fim de setembro, como já disse, é que poderão de lá partir. Ora, como no Tejo ha uns poucos de navios armados, dizendo-se que são para qualquer caso repentino, parece-me que nenhum haverá mais urgente do que este; e por isso peço ao sr. ministro que faça sair immediatamente o vapor Mindello com alguma tropa para Bissáo, devendo este ficar alli ás ordens do governador de Cabo-Verde, até que a possessão de Bissáo esteja livre de perigo. Termino mandando para a mesa a seguinte proposta, e peço que seja declarada urgente.

Proposta: — A camara declara dignos da consideração nacional os serviços pi estados a Portugal na praça de Bissáo pela guarnição do brigue francez Le Palynure; sentindo profundamente a perda do 1.º tenente da marinha francesa, morto em combate no auxilio prestado á auctoridade portugueza. — Arrobas.

Foi declarada urgente e admittida á discussão.

O sr. Rivara: — Parece-me mais curial mandai a proposta a uma commissão, e nada se perde em se discutir, por exemplo, ámanhã.

O sr. Arrobas: — Eu concordo em que a proposta vá a uma commissão, mas unicamente para lhe dar uma melhor redacção; peço porém que lhe seja remettida com urgencia.

O sr. Cunha Solio Maior: — Como o sr. deputado auctor da proposta concorda em que ella vá a uma commissão, não me opponho; mas parece-me que, sendo o objecto ião simples, a camara póde discuti-lo desde já, embora depois se dê uma melhor redacção á proposta.

Resolveu-se que fosse com urgencia á commissão de redacção.

O sr. Presidente: — Já deu ha tempo a hora designada para se entrar na ordem do dia; por consequencia fica para amanhã a eleição do membro da junta do credito publico, e a das commissões que se tinham annunciado.

ORDEM DO DIA.

Continuação da discussão do projecto n.º 109 (Decima de repartição).

O sr. Arrobas: — Eu, como estou inteiramente persuadido de que seria inutil o que dissesse a favor do adiamento desta questão, porque ella está com

VOL. VIII — AGOSTO — 1853.

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