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te, porque eu não sei que o valor dos géneros seja menor do que era ern outro tempo. Mas em quanto á carne, que é um Artigo consumido ern geral pelas classes mais abastadas, e em melhores circu instancias, não pôde, á vista do preço baixo em que está, deixar de ser o imposto approvado pelaCarnara; porque o seu preço, como já disse, é de 35 reis, e em algumas partes a 25 réis como por exemplo em Chaves; e se é mais alto na Estremadura é porque tem aqui uma .grande exportação, temos o consumo da Cidade, dos Navios Estrangeiros e Nacionaes, etc., etc.

Também alludiu o nobre Deputado a fabricas de linho. Eu bem sei que ha fabricas de linho, rnas digo que a Lei não vai aífectar essas fabricas, e que o pequeno tributo que se quer impor sobre a matéria prirna, ha de a final redundar etn beneficio das mesmas fabricas; porque sabe o Sr. Deputado o que elías hão de fazer? É buscar rnachinas, pôr-se no pé dos outros estabelecimentos; fazerem o que eu tenho feito, gastar dinheiro; pois em quanto estiverem presas ás praticas antigas, nada fazem : é preciso em lo-gar de produzir cem, produzir mil no mesrno tempo: logo que fizerem isto, ha de haver augmento de industria; porque é sabido que quem tnais produz, rnais tem. Por consequência não receie o illustre Deputado, que tem muito patriotismo, qi>e daqui possa resultar algum dam no a essas fabricas: e o imposto ao m os m o tempo que e' muito módico, não af-fecta are-exportação porque nesse caso o direito torna a restituir-se.

A respeito das Sete Casas, direi que o preço que estão ofíerecendo pelo rendimento do Termo, bem indica que o rendimento hade augmentar ".considera-velmente; porque agora mesmo Já estavam quando sahi do Thesouro offerecendo 80 contos por esse rendimento que em outro tempo não passava de 60 contos; por tanto já se vê que hacle haver augmento de rendimento, eni consequência do augmento da área.

Não quero tomar mais tempo á Commissão, fiz um discurso com pouca ordem ; rnas em resumo direi que a Camará vê que tendo votado as des-pezas, o Governo está obrigado a satisfaze-las, logo é dever de quem ordenou as despezas, dar os meios de lhes fazer face. Também devo accrescen-tar que a Commissão não impugna o seu trabalho ; pelo contrario o Relator delia pugnou na Sessão passada pela adopção deste Projecto; não havendo por tanto motivo, nem p.rã o tirar da discussão, nem para o regeitar.

O Sr. José Estevão: — Depois do discurso do Sr. Ministro da Fazenda, não restava senão dar os vivas*—viva a Junta do Credito Publico, viva o Governo, viva a Commissão Legislativa, vivam os tributos, e viva o José Bruschio (o tal amigo do Sr. Ministro que eu não conheço) não restava mais

nada

Depois tão

de uui discurso, tão luminoso, tão

rave, tão dQce ; depois desse jorro de luz corn que esclareceu todas as questões deste Paiz, não havia mais senão embeberino-nos dos benefícios do Sr. Ministro da Fazenda, e dessa pros-

peridade futura que elle nos profetiza tãosuave, íao patheiicameote. Verdade é que eu tenho visto subir á irir/ode muitos destes profetas, e a felicidade do presente (que era o futuro das suas profecias) cifra-se no que estamos vendo, muita pobreza, muita VOL, 8."—DEZEMBRO—'18431.

desgraça, e muita miséria publica. Mas, Sr. Presidente, S. Ex.a realmente apresentou arbítrios de tal ordem, destruiu por tal maneira os inconvenientes do Projecto, que eu admiro como S. Ex.a não pede a esta Camará o invista de uma Dictadura especial para organisar as Finanças segundo os seus princípios. E taes são elles que eu certamente por esta vez affrouxava os meus de severidade opposicio-nista, porque queria (em frase ordinária) deixa-lo brilhar á sua vontade.

Sr. Presidente, S. Ex. apresentou e sustentou o direito sobre o ferro por uma consideração especial , e foi de que sendo um vicio dos nossos fabricantes o mandar vir ferro de má qualidade convinha augmentar-lhe a direito para os obrigar a comprar do bom. A outra consideração foi que a mineração do Paiz augoaentaria com a maior carestia do ferro estrangeiro.

Sr. Presidente, eu sou apaixonado da Industria do Paiz, sustento esta causa porque entendo que é um principio de regeneração para esta terra, é uma base essencial para a resolução da sua questão económica; mas não vai o meu amor por isto ao ponto de me persuadir, que aproducção do ferro do nosso Paiz possa bastar para as nossas manufacturas industriaes que carecem desta matéria prima: e os cálculos que se tem feito sobre os 'conhecimentos mineralógicos, dão-me esta convicção. Por tanto isto de Foz de Alge para mim não foi mais do que uma espécie de boa vontade do Governo, um dese» jo que tinha de vencer a repugnância, e preconceitos do Paiz, para nos tornar completos em todos os ramos: mas é preciso attender que a primeira difficuidade que ha, é que as communicacòes são difficeis: por consequência ainda que o ferro tirado d'ahi ficasse com a mão de obra pelo mesmo preço que o que se compra no estrangeiro, pelas difficul-dades do transito el!e ficaria mais caro em Lisboa do que o ferro trazido de Inglaterra. Quando se estabeleceu a I%z d'Alge fez-se uma plantio de arvores próprias para o combustível; mas no abandono em que tem estado este objecto, assim como todos os outros , essas arvores estão todas cortadas : ora o Sr. Ministro que não ignora pelo menos superficialmente o processo deàta industria, sabe que sem combustível é impossível executa-lo , e eníão os princípios de S. Ex.a só podem ter applicação daqui a 30 annos, porque é este o tempo em que começandoise agora os preparativos do plantio das arvores, suppondo que não se largava mão delle, era o praso em que as arvores estariam etn estado de fornecerem o combustível necessário para uma fabrica de ferio. Por eonsquencia a questão de Foz d'Alge é uma questão de luxo, com cuja produc-ção não se pode contar como base necessária para as manipulações industrias que*demandaín o emprego daqtieile género. Agora ainda mais V. Ex.a sabe, e toda a gente o conhece, que os processos desta fundição são hoje differentes, e basta só esta diffe-rença no processo para ser preferido o feno estrangeiro.