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subalternos desta casa; por isso-que os seus ordenados são diminutos, e calculados para 3 mezes; a camara conhece practicamente que durando a acirrai sessão 8 mezes, elles tiveram um excesso de trabalho, que merecia ser gratificado. Depois concorri com o meu voto para que a gratificação se estendesse tambem aos tachygrafos, pelo trabalho não só intellectual, se não tambem material, que teem, e que entra por alta noite. Vejo porem que se abusou da minha proposta: em primeiro logar, para se votar na camara dos dignos pares uma pensão a todos os seus empregados; e agora para virem os officiaes da secretaria pedir tambem uma gratificação. E por isso desejo ser informado de qual é o ordenado dos empregados que a requerem; porque se é igual aos das secretarios de estado, deve intender-se que é para um serviço de todo o anno, como estes teem, e, por consequencia, que nenhum direito lhes assiste para se lhes darem gratificações por um serviço ordinario.

Pelo que toca ao parecer da camara dos pares, nada temos com isso: a camara dos dignos pares póde pensar de uma maneira, e esta doutra. E mesmo é injusto aquelle parecer, em quanto augmenta com um mez todos os ordenados, quando sessões haverá só de 3 mezes, por ventura com mais utilidade publica.

Por isso, sr. presidente, eu voto contra, porque não me parece justa a pertenção dos empregados da secretaria.

O sr. Vellez, Caldeira: — Sr. presidente, a camara dos dignos pares póde votar e decidir o que quizer, porque as decisões de uma camara não valem para se observarem naoutra, e tanto não valem, que apesar de ler esta camara tomado uma decisão limitada a certo numero de empregados, a dos dignos pares quiz fazel-a ostensiva a todos, e não se regulou por o que esta fez.

Se julgam como já-hontem disse, que abundamos em dinheiro, sejamos prodigos; mas se nos estão todos os dias a dizer que não ha dinheiro; se ha um deficit, se depois de votado o orçamento, approvamos verbas de despeza extraordinaria, quaes são os meios com que lhes havemos de fazer face? Quereremos nós augmentar o deficit?

Se os empregados da secretaria da camara teem o mesmo ordenado que os das secretarias de estado, estes que trabalham, todo o anno, que, sobre tudo, quando, os ministros teem de vir ás camaras, não podem-sair das secretarias senão muito tarde; que ás vezes estão alli até á noite, revezando-se em piquetes, e que outras vezes são obrigados a concorrer no domingo, quando as secretarias se abrem ao domingo, estes, digo, não teem por isso gratificação alguma.

Mas, dir-se-ha, que os empregados da secretaria desta camara, não teem-emolumentos como os das secretarias de estado: não é assim; porque os empregados da secretaria desta camara repartem entre si o producto do Diario da Camara.

Não é pois possivel, que, a não querer fechar os olhos a tudo quanto e economia, e mesmo de razão, se conceda uma gratificação aos empregados de secretaria da camara; portanto mando para a mesa a seguinte

Proposta. — «Proponho o aditamento do requerimento dos empregados da camara. « — Vellez Caldeira.

Foi apoiado

O sr. Cezar de Vasconcellos: — Eu, sr. presidente, voto contra o adiamento porque julgo a camara habilitada para votas a favor, ou contra o requerimento. (Apoiados) E que é o adiamento? É um meio de evadir a questão, e imporia a negação indirecta da gratificação aos empregados que a vem pedir. Ora eu intendo que é da lealdade da camara dizer francamente a sua opinião — que dá ou não dá a gratificação); (Apoiados) voto como já disse, contra o adiamento.

O sr. Canha Sotto-Maior. — Eu, sr. presidente, não approvo o adiamento. Não se tracta de uma questão espinhosa, que demanda longo estudo, nem larga meditação. Os officiaes da secretaria pedem uma gratificação para este anno. Se a questão se adia, não a têem; nem nós havemos de resolver para os annos futuros uma cousa que se deve fazer este anno. Se é ou não de justiça, resolva-se já francamente. Eu approvo o requerimento, porque das razões expendidas contra elle, nenhuma me demoveu da convicção em que estava.;

A camara costumava votar uma gratificação aos seus empregados subalternos: este anno votou-a tambem para os empregados de todas as cathegorias da repartição tachiygrafica; e, tendo este exemplo, os officiaes da secretaria pedem uma igual gratificação. Deu-se a uns, é regular que se dê aos outros. Diz o sr. Vellez Caldeira — esta gratificação vai complicar a nossa situação financeira, e se acaso nós estamos muito ricos, demos dinheiro a toda a gente (pela minha parte, eu sou o homem que mais gosto de dai dinheiro; se muito tivesse, muito dava, e não havia, torno dizem, parente pobre) — Mas o estado não fica mais pobre, nem mais rico, dando-se estas gratificações, porque a camara dos deputados tem um cofre privativamente seu, da sua particular e peculiar administração, onde o governo não tem a mais pequena ingerencia, e destes dinheiros que já não pertencem ao estado, sim á camara dos deputados, e de que a camara póde dispor muito á sua vontade, é que havia de sair a gratificação.

Por consequencia como eu não vejo a complicação financeira, que o illustre deputado quiz vêr nesta questão, não necessito estuda-la, e declaro francamente que voto pelo requerimento. Não me imporia saber se os ordenados dos officiaes da secretaria da camara são iguaes aos do officiaes das secretarias de estado; se são bem ou mal pagos: a questão não cessa.

Dê-me o illustre deputado uma razão pela qual me convença que se deve fazer uma excepção a favor dos continuos, e dos tachygrafos; mas não a lendo dado, eu, partidista e amigo do systema representativo, e da igualdade; eu, que approvei que se desse uma gratificação aos continuos e aos tachygrafos, não posso rejeitar por igual razão, que se dê uma gratificação aos empregados da secretaria. — E em quanto á razão allegada pelo illustre deputado — que se vai complicara situação financeira — ponho-a de parte; não faço caso della: e declaro que voto pelo requerimento; porque sempre que posso fazer bem a alguem, abraço essa occasião com muita satisfação: não sou um homem mesquinho. A nossa situação financeira não se compromette com 300, ou 400 mil réis, — se ella está boa, não se perde; se esta má, não se melhora.

O sr. Vellez Caldeira: — Eu retiro o meu adiamento (Vozes. — Muito bem) se a camara quizer