O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

( 287 )

.ração entre este Orçamento e o de 27; a receita era então igual, e a despega muito maior. Se o

;Governo apresentasse para a Repartição do Exercito a cifra correspondente ao estado legal dessa Repartição etn 1827, só o Orçamento nesta parte havia de montar a 7 ou 8 mil contos; porque com 18 mil homens, ou ainda menos, que:hoje ha, gás-

.tam-se 3. mil contos. ,

Sr. Presidente , são illusorias, desgraçadamente illusoTÍas todas as promessas de que a despeza publica h»de diminuir consideravpjmente por .este me-thodo progressivo das insignificanteseconomiasj que podem provir de não prover os logares que vào vagando; porque para compensar todas essas econo-

jnias está esse progresso aterrador da divida estrangeira, que e capaz de absorver todas as 'economias que estp Parlamento, ou outros mais patriotas e corajosos possam effectuar: e uma -vis de pressão,

.com uma • spiral hem miúda, que vai carregando sobre as Finanças deste Paiz, até o esmagar e destruir.

Sem querer tractar de todas as questões que aqui se teem tocado, e nenhuma profundamente examinado, eu não quero deixar de dizer em poucas palavras a minha opinião sobre a questão complexa e importante do estado economico-financeiro do Paiz. Eu entendo que nós padecemos, e não e' pouco, ao mesmo tempo, de três crises : padecemos uma crise económica, urna crise financeira, G unia crise com-mercial. A crise económica está na depreciação successiva do preço dos géneros cercãos, sem se depreciar ao mesmo tempo o preço dos s,a!arios ; a crise financeira está nodejicitj e a crise comrnercial está na alta do juro. Como havemos de remediar estes males l Será atacando cada urn deites soffri-mentos em particular? São elles susceptíveis de si-milliante remédio ! Não. Que havemos de fazer ú crise económica ? Fazer preços artificiaes aos geoe-ros cereaes? E impossível. Fazer uma almoiacerta nos salários? E impossível. Que havemos de fazer á crise financeira? Augrnentar os tributos? ííesis-te-!he a crise económica. Que lia vemos de f

A crise económica é d«|loravelmente certa : se nós tomarmos o preço fios géneros coreaes desde 1827, exceptuando o trigo, reconheceremos qutí ha hoje uma diminuição de 200 reis em alqueire; mas SR tomarmos a tabeliã dos salário? da agricultura, havemos de reconhecer que elles não lêem seguido proporcionalmente a mesma diminuição. E porque a não teem seguido? De que é resultado a diminuição do preço dos géneros cereaes ? Do maior ac-créscimo da agricultura : esse maior accrescirno da agricultura e proveniente de se arrotearem maister-ras; arroteando-se mais terras, ha maior demanda de trabalho, e por consequência sustentação do salário na sua. taxa antiga. Este mal não é novo: sempre que se tem realisado estas condições, esse nial tem apparecido , pela força natural das cousas : quem tracta com as Classes agrícolas ouve coíistanternente os seus gemidos e queixas. Mas, Sr. Presidente, o instinclo económico, que ás vezes é rnais forte que os princípios daSciencia, mos-

tra a to'dòs os interessados que nesta depreciação progressiva de seus géneros está a sua fartuna e a do Paiz,; porque sabem que virá tempo em- que os salários se diminuam, a ponto de se acharem os nossos productos agrícolas em igualdade com os de outros Páizes, e por consequência poderem .abrase novos mercados para os nossos géneros cereaes. Mas em quanto se não igualar o preço dos salários com o da producção, ha de haver u-m padecimento muilo serio. Mas todos estes males se aggravam e -se reduzem á grande crise commercial; porque é impossível que n'um Paiz haja tributos, que haja producção, que haja fabricas, que haja agricultura e finanças, quando nesse Paiz os capitães custam 20 por cento: e se todos os homens entendidos em administração e economia se reunissem, estabelecendo palestra para averiguar as causas que produzem o nosso estado de soffrimenlo, quando se lhes tivesse manifestado que neste Paiz os capitães estão a 20 por cento, acabavam com toda a palestra , e não queriam saber de mais nada; porque esta causa e' absoluta, terminante, e por si só explica não só este estado, mas outro ainda mais deplorável. Muita gente pensa que nós nos libertava-mos completamenle recorrendo a um imposto em espécie. E este o reflexo da-uma situação que passou , e não pódie reproduzir-se. Se nós estabelecêssemos as collectas dos contribuintes em trigo oujni-Iho, havia o Governo de pagar nessas espécies? De certo que não; havia de vende-los peio preço corrente? Não. porque esses são muito menores: por consequência ficava sem meios para pagar o serviço publico».

Sr. Pr*sidonte, para mim e de fé, que em quanto neste Paiz, o contribuinte do trabalho, a execução, concepção e alma de todas as industrias , que sào os capitães, não vier, pelo menos, á taxa mais elevada que ha na Europa, não pôde haver esperança de finanças, nem de organisaçào, nnin de riqueza nesta terra. Mas, Sr. Presidente, vamos ao irnposío do Sai.

Este símile que compara os Governos dissipadores, que nào olham, nem atiendem aos princípios da producção quando pretendem lançar tributos, ao selvagem que coita a arvore para lhe obter os fructos, e' inefficaz para explicar a nossa actual situação. O selvagem, ao menos, vê o fructo e emprega mn meio absurdo para o colher , mas vai a um fim racional: corta a arvore para o colher; mas a Camará reonhece que não ha fructo, e pre-siste em querer arrancar a arvore para lhe mascar a raiz.