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que elle funda-se n'um muito bom principio, o este principio que se applica agora aos officiaes de marinha, é applicavel a todas as classes scientificas. O governo certamente não pede esta auctorisação, porque as classes officiaes de marinha seja aquella que unicamente precisa do instrucção adquirida lá: a do paiz; todas as claros scientificas precisam de adquirir instrucção fóra do paiz, mesmo quando no nosso esteja mais adiantada do que está. Hoje todas as nações enviam os seus officiaes das diversas armas, os seus professores, os seus estadistas para outros paizes, porque a sciencia em todos os ramos se tem aperfeiçoado e adiantado muito, todas as nações intendem que mutuamente podem tirar proveito umas das outras.

Eu sei que em breve vai saír para França um preparador da escóla polytechnica, a que pertenço; é um rapaz de talento, que em pouco tempo assumiu bastantes conhecimentos practicos, e que o governo manda sair não a pedido delle, mas por vontade do proprio governo, para se instruir melhor nos conhecimentos que já tem adquirido.

Se tivessemos de comparar a instrucção dos nossos officiaes de marinha com a das outras classes, nem por isso se concluiria que essa instrucção está em circumstancias menos favoraveis; basta dizer que os officiaes de marinha, pela sua profissão, trem de viajar por muitos paizes, para se concluir que elles devem ter bastante instrucção, mas a instrucção que elles teem, bem como as outras classes, pode e deve ainda augmentar mais; e por isso digo que é util, conveniente e necessario que não só os officiaes de marinha viajem, mas tambem as outras classes, como, por exemplo, os officiaes do exercito; tanto que já se propoz uma lei para os officiaes do exercito irem instruir-se fóra do nosso paiz.

Approvando pois, este projecto em discussão, já se Tê que approvo o principio geral de que o governo devo mandar para os paizes estrangeiros, a fim de se instruirem, officiaes do exercito e da armada, preparadores, industriaes, economistas, etc, etc.

Eu disse ha quatro dias que, sendo amigo do ministerio, approvava em geral todos os projectos, como tenho feito e faço agora; mas declarei tambem nessa occasião, que havia de ser seu amigo sincero, porque basta de lhe dizer as verdades. Por consequencia eu vou dizer algumas cousas, e ainda que possam ser pouco agradaveis; com tudo não dezejo, nem é ainda intenção lançar o mais pequeno desfavor sobre o actual sr. ministro da marinha, nem sobre um illustre deputado, que é actualmente digno commandante dos guardas marinhas. O que vou referir é do tempo de ministerios anteriores ao de s. ex.ª, o actual sr. ministro da marinha, e dos commandantes anteriores ao actual commandante da companhia dos guardas, marinhas; é um mal que já é antigo, e que entretanto se poderá remediar; e mesmo estou certo e confio que o actual sr. ministro da marinha, pela sua parte, ha de empregar todos os meios, para attenuar este mal, já bastante inveterado.

Quando uma nação recorro a meios estrangeiros para instrucção das differentes classes, deve suppor-se que tem esgotado todos os meios ao seu alcance, se nós tivermos uma escóla naval e uma marinha maior do que as nossas forças comportam, o não procurarmos tirar todo o partido dessa marinha, desses officiaes e dessa escola, não é muito prudente pedir que se recorra aos estrangeiros, para alcançar aquillo que nós podemos obter em nossa propria casa. Porém ainda mesmo quando a nossa escóla naval estivesse mais adiantada do que está; ainda mesmo quando os nossos officiaes de marinha fossem mais instruidos, principalmente na practica do que são, ainda assim tinhamos precisão de recorrer aos paizes estrangeiros. E não só Portugal tem mandado officiaes de marinha a paizes estrangeiros, mas outras nações os tem tambem enviado para se instruirem a bordo do navios do esquadras estrangeiras. Um exemplo bem recente é o Imperio do Brazil. O Brazil que a muitos respeitos chegou a estar mais adiantado do que nós mesmos; não ha muitos annos que estiveram em Lisboa officiaes da marinha brazileira, que fizeram a campanha dos inglezes contra a faina, que terminou em 1843.

Portanto, sr. presidente, eu proporia um adiamento ao projecto em discussão, para que não se concedesse ao governo auctorisação para fazer esta despeza, em quanto nós não melhorarmos as nossas cousas, com os meios que temos ao, nosso alcance; mas não quero proceder assim, não só por que não estou na opposição, mas porque desejo dar mais uma prova da minha sympathia para com o governo actual, e com mais, particularidade para com o sr. ministro da marinha. Porém desejava que s. ex.ª, quanto estivesse ao seu alcance, tomasse mais perfeita a execução da lei da escóla naval, por quanto ha um certo numero do disposições desta lei, que poderiam ser mais bem executadas. Esta falta do execução de lei não se nota só com relação á escóla naval, é isto um defeito quasi geral das nossas leis. Eu o que desejava, era que se attenuassem esses defeitos; por exemplo, o art. 17.º da lei da escóla naval exige para ser aspirante do 3.ª classe, que é o primeiro posto pelo qual se entra para official de marinha, o saber ler, e escrever o ás quatro operações; porém apezar da lei exigir esses poucos preparais rios para ser aspirante de 3.ª classe, comtudo tenho conhecimento do aspirantes do 3.ª classe, que apenas soletram o escrevem de modo que se não entende; e é por este e outros motivos que eu digo, que nós não tiramos partido de tudo quanto podemos tirar. Portanto ou reduzo o meu pedido a que s. ex.ª empregue todos os meios para que a escóla melhore nestes artigos e em outros sobre que vou fallar.

Pelo artigo 2.º exige-se para sentar praça do aspirante o seguinte: (Leu)

Isto exige-se a todos os militares, mas com especialidade aos da marinha; entretanto é cousa de espantar o numero de aspirantes dessa classe que ha com vista curta, e em alguns tão curia que basta olhar para elles para isto se conhecer. Não ha muitos dias que se chamando alguns aspirantes á pedra, observei que na distancia de duas braças não viam o que estava na pedra. Peço perdão, se isto póde do alguma maneira cair em desfavor de alguem; mas apresento os factos, o desejo que de tudo isto que digo se collija que o meu fim é que as nossas cousas melhorem.

Segundo a lei actual da escóla naval não são admittidos á matricula individuos que não tenham approvação do preparatorios, como estudantes ordinarios, porque os estudantes ordinarios teem mais preparatorios do que os voluntarios; entretanto matriculam-se estudantes com a carta de voluntarios, e não com a de ordinarios como a lei manda. Já se vê que isto é contrario ao adiantamento o melhor instrucção. Talvez alguem possa intender a lei por outra fórma, ou intendo a assim.

Havia na companhia dos guardas-marinhas duas aulas; uma de francez o outra de inglez; extinguiu-se a de francez, couta que não se devia fazer; ficou sómente a de inglez, uma só lingua viva... No anno passado alguma cousa disseca a este respeito. A aula da lingua ingleza começou desde o anno passado a ser mais frequentada; mas o que é verdade é que já de ha muitos annos cá tem dado muito pouca attenção ao estado da lingua ingleza: ora parece-me que é uma grande falta ignorar um official de marinha a lingoa ingleza; o seria para desejar que por este lado tambem melhorasse quanto possivel a nossa escola naval.

O meu fim fallando nestes objectos, é que se auctoriso o governo a fazer esta despeza, para que os nossos officiaes da marinha nus paizes estrangeiros se instruam, ao mesmo tempo que nós empregamos lodosos meios que estão ao nosso alcance, para que as cousas entro nós se façam do melhor modo possivel.

A respeito do serviço dos nossos officiaes de marinha, tambem me pareça que as cousas podem ser postas de Sal fórma, que procedamos melhor que até aqui. Eu vejo officiaes de mancha que estão muito tempo embarcados, e outros menos tempo: alguns quasi sempre estão navegante e outros não: quer dizer que não há uma distribuição a mais igual possivel do serviço entro todos os officiaes do marinha. O que daqui se segue é que aquellas que ficam em terra, pio só se não aperfeiçoam, mas até se esquecera daquillo que já sabiam, e se desacostumam das practicas e da vida do mar. Portanto um dos meios para conseguirmos melhorar a nossa marinha, é distribuir as