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DIARIO

DA

CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

N.º 1

SESSÃO PREPARATORIA DE 4 DE JANEIRO DE 1886

Presidencia do exmo. sr. José de Mello Gouveia

Secretarios - os dignos pares

Francisco Simões Margiochi
Visconde da Asseca

SUMMARIO

O sr. presidente convida a tomarem os logares de secretarios os srs. Margiochi e visconde da Asseca. - O sr. presidente refere-se, em breve discurso, ao fallecimento de Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Fernando, e conclue propondo que na acta seja lançado um voto de profundo sentimento por tão grande perda, e que uma deputação da camara vá apresentar os pezames a El-Rei. - São unanimemente approvadas as duas propostas. - Correspondencia. - O sr. presidente propõe que um voto de sentimento seja lançado na acta pelo fallecimento dos tres dignos pares, Fortunato José Barreiros, conde de Podentes e visconde de Soares Franco. - É unanimemente approvada a proposta. - O sr. presidente lembra que na situação especial da camara se adie a eleição de secretarios, continuando a mesa provisoria até que entrem na camara os novos pares electivos, passando-se desde já á eleição da camara de verificação de poderes. - O sr. Costa Lobo usa da palavra apresentando a opinião de que os dignos pares electivos devem ser chamados desde já, constituindo se a camara em junta preparatoria. - O sr. Mexia Salema responde ao sr. Costa Lobo, e, apresentando o diploma do sr. Antonio José d'Avila, faz o elogio do sr. duque d'Avila, tio do digno par eleito. - O sr. Henrique de Macedo apresenta os diplomas de tres dignos pares eleitos e entra na discussão levantada pelo sr. Costa Lobo. - O sr. Sequeira Pinto apresenta 03 diplomas de dois dignos pares eleitos. - O sr. presidente declara que todos os diplomas apresentados terão o devido destino. - Usam da palavra sobre a questão levantada pelo sr. Costa Lobo o sr. Sequeira Pinto e aquelle digno par. - O sr. Vaz Preto apresenta os diplomas de tres dignos pares eleitos. - O sr. visconde de Bivar apresenta o diploma de um digno par eleito. - A camara resolve que os dignos pares eleitos não podem tomar assento sem previa verificação dos seus poderes, e que continue a mesa provisoria até que estejam verificados os poderes dos novos pares. - O sr. Francisco Costa propõe que seja reconduzida a commissão de verificação de poderes da sessão passada, e que seja nomeada uma segunda commissão auxiliar. - A camara approva. - O sr. Francisco Costa apresenta o diploma de um digno par eleito. - O sr. presidente declara que pela secretaria fôra remettido á mesa o diploma do digno par eleito, o sr. João Ribeiro dos Santos. - O sr. Sequeira Pinto pergunta se a antiga commissão de verificação tem o numero de membros preciso para funccionar legalmente. - O sr. presidente responde afirmativamente, lendo os nomes dos membros da commissão. - O sr. presidente manda proceder á eleição da segunda commissão de verificação de poderes e nomeia escrutinadores os srs. condes de Bertiandos e de Cabral. - Procede-se á eleição. - São eleitos o sr. Couto Monteiro, Francisco Maria da Cunha, visconde de Bivar, Cau da Costa, Francisco Costa, Mendonça Cortez e Thomás de Carvalho.

Ás duas horas e meia da tarde, estando presentes 24 dignos pares, o sr. presidente declarou aberta a sessão.

O sr. Presidente: - Convido os dignos pares Francisco Simões Margiochi e Visconde da Asseca a tomarem o logar de secretarios.

(Estava presente o sr. presidente do conselho.}

O sr. Presidente: - Está de luto a familia real portugueza!

Está de luto a nação!.

A familia real perdeu seu augusto e muito amado pae e avô, El-Rei o Senhor D. Fernando II.

A nação perdeu um principe que viu por meio seculo identificado com os interesses de Portugal, que protegeu e defendeu por actos politicos e acções pessoaes, que lhe mereceram e attrahiram a sympathia, o affecto e o respeito dos portuguezes.

Se o Senhor D. Fernando II se recommendasse á nossa memoria só como ascendente do principe reinante, nosso prezadissimo Soberano, e de seus augustos filhos e irmãos, seria do mesmo modo pranteada a sua morte pelos povoa d'este reino, que amam e veneram o seu Rei e sentem profundamente as desventuras que o ferem na sua augusta familia, tomando sempre viva parte nas suas alegrias e tristezas.

Mas El-Rei o Senhor D. Fernando II tem outros titulos á lembrança agradecida da nação.

Esposo da excelsa e primeira Rainha constitucional, a Senhora D. Maria II, de saudosa e gloriosa memoria, a natural influencia da sua posição junto ao throno foi sempre havida por patriotica, liberal e conciliadora nas difficuldades graves que atravessou esse reinado.

Os seus actos de regencia, nas diversas epochas em que por este titulo assumiu o governo do estado, são testemunhos historicos da sua alta comprehensão dos deveres constitucionaes da soberania, do seu respeito pela justiça e sincera dedicação ao progresso da civilisação da patria que adoptou.

O seu desvelo pelo adiantamento das sciencias e das artes, de que foi patrono augusto e distinctissimo cultor, será por longas eras attestado por homens e monumentos.

E a sua caridade inexhaurivel deixa-lhe na terra as bençãos de milhares de infelizes, que acompanharam de orações ao céu a sua alma de christão.

As qualidades e serviços eminentes do augusto principe fallecido estão na memoria do povo portuguez como rasão do profundo sentimento da sua perda; e a camara dos dignos pares, que a deplora, bem como as maguas que ella deixou a El-Rei e á sua augusta familia, quer de certo, como proponho, lançar na sua acta a expressão do seu pezar e mandar a El-Rei a sua mensagem de pezames por uma grande deputação. (Muitos apoiados.)

Vozes: - Muito bem.