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18 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

de 16 de janeiro de 1895 nomeado para este cargo o capitão da fragata José Bento de Ferreira de Almeida;

Que o conselheiro Luiz Maria pinto do Soveral, ministro plenipotenciario de Portugal na côrte de Londres, foi por decreto de 30 de setembro do alludido anno, nomeado ministro e secretario d'estado dos negocios estrangeiros por fallecimento do conselheiro Carlos Lobo d'Avila; e finalmente que, pela exoneração concedida ao conselheiro José Bento Ferreira de Almeida, de ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar, foi nomeado para este cargo o bacharel Jacinto Candido da Silva, antigo deputado da nação.

A camara ficou inteirada. Um officio do ministerio do reino, de 3 de janeiro cor rente, juntando seis copias authenticas dos documento que, para os effeitos do artigo 4.° do decreto de 28 de março ultimo, foram enviados ao tribunal de verificação de poderes.

Estes documentos ficaram sobre a mesa para serem entre gues é, commissão de legislação, quando estiver constituida.

Officio da presidencia da camara dos senhores deputa aos, participando que em sessão de 8 do corrente ficou definitivamente constituida a mesma camara.

A camara ficou inteirada.

Leu-se por fim o seguinte officio do digno par conde de Margaride:

"Illmo. e exmo. sr. - Considerando irregular a constitui cão da camara; dos dignos pares, contra a clara disposição do segundo acto addicional á carta, cuja observancia jurei, e não podendo subscrever ao principio perigosissimo do desprezo pela divisão e independencia dos diversos pó deres do estado, sem embargo da indiscutivel respeitabilidade dos ministros que em si os concentraram, tenho a honra de participar a v. exa. que, associando-me a colle gas de superior auctoridade, me abstenho de tomar agora o logar que julgo pertencer-me, como ultimo n'essa casa do parlamento, mas só sob o imperio da legalidade.

Deus guarde a v. exa. Guimarães, 7 de janeiro de 1896. - Illmo. e exmo. sr. presidente da cambra dos dignos pares. = Conde de Margaride.

O sr. Presidente: - Por falta de tempo na sessão anterior, só hoje posso cumprir o doloroso dever de dar conhecimento official á camara dos nomes dos dignos pare do reino que falleceram durante o interregno parlamentar, e que foram os seguintes srs.:

João Chrysostomo de Abreu e Sousa.

Marquez de Pomares.

Visconde de Seabra.

José Maria da Costa.

Bispo de Lamego.

Marquez de Vallada.

José Joaquim de Castro.

Antonio Pequito Seixas de Andrade.

Mártens Ferrão.

Bernardo de Serpa Pimentel.

Manuel Antonio de Seixas.

Manuel Pinheiro Chagas.

Placido Antonio da Cunha e Abreu.

Não é esta a occasião de fazer o elogio funebre de tantos homens illustres e eminentes que o paiz, em tão curto espaço de tempo, teve a infelicidade de perder. (Apoiados.)

Todos honraram o parlamento e prestaram valiosos, e alguns ainda, relevantes serviços á patria, quer nos conselhos da corôa, no episcopado portuguez, no exercito, na magistratura judiciai e administrativa, quer n'outros altos cargos do estado.

Alem da sentida falta de estadistas illustres como foram João Chrysostomo, Pinheiro Chagas, Mártens Ferrão, visconde de Seabra, Pequito de Andrade e general Castro, assim como de funccionarios e homens tão distinctos como o marquez de Pomares, Bernardo Serpa e, outros mais, ainda, a morte cruelmente arrebatou ao paiz, na plena exuberancia da vida, dois homens importantes de grande valor. (Apoiados.) Um foi Pedro Antonio de Carvalho, representante das honrosas tradições de uma nobre familia. (Apoiados). Sempre no parlamento e no exercicio dos altos cargos e commissões importantes, difficeis e de graves responsabilidades, demonstrou, alem da mais exemplar e austera honestidade de caracter, inexcedivel amor ao trabalho e á justiça, superior illustração e reconhecida competencia.

O outro foi Carlos Lobo d'Avila, que, apesar de tão novo, brilhantemente honrou a tribuna parlamentar e n'ella conquistou successivos e assignalados triumphos, e soube conseguir e inspirar, na sua rapida passagem pelos conselhos da corôa, as esperanças do paiz, a dedicação e respeito dos amigos e adversarios. (Apoiados.)

A camara quererá de certo que se consigne na acta um voto de justo e profundo pezar pela perda de tão illustres extinctos, dando-se parte d'esta manifestação de sentimento ás suas respectivas familias. (Muitos apoiados.) Tem a palavra o sr. presidente do conselho.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Hintze Ribeiro): - Muito sentidamente, por parte do governo, vem associar-se á homenagem de saudade, de respeito e de admiração que o sr. presidente acabava de tributar á memoria dos homens illustres que desappareceram durante o intervallo parlamentar.

É dolorosa a impressão que nos causa ver de repente perdidos para o paiz talentos tão brilhantes, faculdades tão geniaes, homens que tão relevantes serviços prestaram á causa publica; ver como n'um momento desappareceram intelligencias tão lucidas, clarões que illuminaram o mundo, meteoros que brilharam e que como meteoros desappareceram.

Quando os vimos tão cheios de pujança exercendo uma acção tão activa no seu paiz, uma influencia tão grande nas cousas publicas, a morte inesperada arrebatou-os para mostrar quanto é verdadeira a sentença gravada em caracteres de aço nos livros da vida: Memento homo quia pulvis est et in pulverem reverteris.

Na apreciação que o sr. presidente fizera dos homens que para sempre desappareceram do nosso mundo politico, havia nomes que se impunham não só ao respeito, mas á admiração de todos.

João Chrysostomo teve uma larga vida de trabalho, de dedicação pelo seu paiz.

N'uma conjunctura difficil, n'esse momento solemne da nossa vida politica, quando uma forte convulsão alastrava pelo paiz inteiro e fôra necessario appellar para elle, logo João Chrysostomo pozera ao serviço da patria os seus oitenta annos de trabalho.

Ninguem o póde esquecer. Engenheiro illustre, deixara de si memoraveis padrões, e até onde chegava a actividade do seu espirito, o paiz podia contar com o auxilio do homem que foi um modelo de rectidão, de austeridade de caracter.

Mártens Ferrão! Quem mais do que elle trabalhára pelo seu paiz? Nos conselhos da coroa, onde fôra ministro energico, viril, em occasiões difficeis; na procuraria geral da corôa, onde deixara valiosos trabalhos, resolvendo as questões mais arduas e os problemas mais difficeis (Apoiados geraes) e ainda como representante de Portugal junto Lo Vaticano, onde demonstrou o seu grande valor como habil diplomata, tratando e resolvendo, de uma maneira digna de todo o elogio, as mais graves e importantes questões.

Não havia negocio que nos podesse affectar intimamente, ue podesse perturbar o nosso modo de ser, ou que importasse uma ameaça perante o paiz, a que elle não acudisse que não resolvesse com a sua palavra, com o seu conselho, com a sua illustração e saber.

Visconde de Seabra! Citar este homem era lembrar o