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18 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

neral foi a colonia portugueza em Buenos Ayres, que portanto é merecedora dos nossos elogios.

O sr. Conde de Lagoaça: - Devia ser feito pelo governo portuguez.

O Orador: - Mas foi a colonia portugueza quem o fez. Era este o facto que eu queria rectificar.

O sr. Arcebispo de Evora: - Sr. presidente pedi a palavra para significar que me associo muito cordealmente ás expressões tão sentidas e tão justas com que os meus illustres collegas os srs. bispo-conde e arcebispo bispo do Algarve lamentaram a perda de um dos mais inclitos ornamentos d'esta camara.

Não me foi possivel comparecer á ultima sessão: se estivesse presente, teria adherido á manifestação de sentimento da camara pelo passamento dos dignos pares que a morte arrebatou no intervallo dos nossos trabalhos parlamentares.

É sempre doloroso ver apagarem-se os astros que fulgem no céu do pensamento, e muito mais quando se extingue um astro de primeira grandeza.

E astro de primeira grandeza era por certo esse grande estadista, orador, escriptor e diplomata, que se chamou Casal Ribeiro.

Casal Ribeiro, ao mesmo tempo que era um dos espiritos mais cultos, era tambem um sincero e fervoroso crente. Recordo-me ainda de como a sua palavra eloquentissima apoiou as declarações feitas na sessão de 27 de novembro de 1894 pela voz auctorisada do sr. bispo-conde, em nome do episcopado d'este reino. É que Casal Ribeiro, esse espirito eminente, não subscrevia, não professava esses preconceitos, infelizmente tão generalisados, que pretendem encontrar incompatibilidades entre a sciencia e a fé, entre a civilisação e a igreja, entre a politica e a religião. Sabia como podem perfeitamente conciliar-se com as doutrinas e as praticas do catholicismo as convicções sociologicas e os ideaes politicos ainda os mais arrojados, comtanto que sejam informados pela justiça e pelo amor e dedicação ao bem publico.

Fui eu que tive então a honra de agradecer ao sr. conde do Casal Ribeiro as palavras com que s. exa. apoiou e honrou a nossa manifestação.

Foram esses os derradeiros accentos d'aquella voz prestigiosa n'esta casa do parlamento. Foi esse, para me servir de uma imagem poética já muito gasta, foi esse o seu canto do cysne. E tambem como o cysne, que em lodosas aguas não deixa polluir a plumagem de deslumbrante alvura, atravessou Casal Ribeiro os mares aparcelados da politica sem que uma nodoa sequer lhe manchasse a, nobreza do caracter. Assim o reconhecem todos que admiraram os raros predicados d'este grande homem.

Grande homem, não physicamente: pequeno e fragil era o ergastulo que envolvia uma tão grande alma.

Póde dizer-se de Casal Ribeiro o que um grande poeta disse de Napoleão:

«II est lá, sous trois pas un enfant le mesure.»

«Tres passos infantis medem-lhe o tumulo.»

Porém Casal Ribeiro, sob aquelle envolucro tão escasso, debaixo d'aquella apparencia tão franzina, encobria um espirito pujante e eminentissimo. É justo que pranteemos a sua falta, e que façamos votos para que outros estadistas o imitem, seguindo a luminosa esteira que este astro traçou no firmamento.

Vozes: - Muito bem, muito bem.

ORDEM DO DIA

Eleição de commissões

O sr. Presidente: - Como não ha mais nenhum digno par inscripto, vamos passar á ordem do dia.

Vae proceder-se á eleição de dois dignos pares que conjunctamente com o presidente da camara hão de compor a commissão de resposta ao discurso da corôa.

Fez-se a chamada.

O sr. Presidente: - Convido para escrutinadores os dignos pares srs. marquez das Minas e Fernando Larcher.

Corrido o escrutinio, verificou-se terem entrado na urna 27 listas, saíndo eleitos os dignos pares:

Antonio de Serpa, com 26 votos
Cau da Costa 26 »

Inutilisou-se uma lista.

O sr. Presidente: - Agora vae proceder-se á eleição da commissão de verificação de poderes.

Fez-se a chamada.

O sr. Presidente: - Convido os dignos pares srs. marquez da Praia (Duarte) e conde de Lagoaça a virem servir de escrutinadores.

Procedendo se ao escrutinio, verificou-se terem entrado na urna 25 listas, saíndo eleitos os dignos pares:

Sá Brandão, com 25 votos
Cau da Costa 25 »
Conde de Thomar 25 »
Conde de Gouveia 25 »
Moraes Carvalho 25 »
Arthur Hintze Ribeiro 23 »
Frederico Arouca 22 »
Sequeira Pinto 22 »
Carlos Palmeirim 22 »

Obtiveram tambem votos os dignos pares:

Julio de Vilhena 3 votos
Conde de Lagoaça 3 »
Simões Margiochi 3 »
Vellez Caldeira 1 »
Fernando Larcher 1 »

O sr. Presidente: - Não ha mais nenhum assumpto de que a camara se possa occupar.

A proxima sessão será na sexta feira, 15 do corrente, e a ordem do dia a apresentação de pareceres.

Está levantada a sessão.

Eram quatro e meia horas da tarde.

Dignos pares presentes na sessão de 9 de janeiro de 1897

Exmos. srs. Luiz Frederico de Bivar Gomes da Costa; Marquezes, das Minas, da Praia e de Monforte (Duarte); Arcebispo de Evora; Arcebispo Bispo do Algarve; Bispo Conde de Coimbra; Condes, da Azarujinha, de Carnide, de Gouveia, de Lagoaça, de Thomar; Visconde de Athouguia; Moraes Carvalho, Antonio d'Azevedo Castello Branco, Serpa Pimentel, Arthur Hintze Ribeiro, Cau da Costa, Ferreira Novaes, Palmeirim, Vellez Caldeira, Ernesto Rodolpho Hintze Ribeiro, Larcher, Costa e Silva, Simões Margiochi, Jeronymo Pimentel, Gomes Lages, Baptista de Andrade, José Maria dos Santos, Julio de Vilhena, Pimentel Pinto, Camara Leme.

O redactor = Alberto Pimentel.