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90 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

O sr. Presidente: - Convido a introduzirem na sala o sr. Antonio Gonçalves da Silva e Cunha os dignos pares os srs. Antonio de Serpa e Thomás de Carvalho.

S. exa. foi introduzido na sala, prestou juramento e tomou assento.

O sr. Presidente: - Peço aos dignos pares os srs. marquezes de Rio Maior e de Vallada para introduzirem na sala o sr. marquez da Foz.

S. exa. foi em seguida introduzido na sala, prestou juramento e tomou assento.

O sr. Presidente: - Convido os dignos pares os srs. Sousa Pinto e Placido de Abreu a introduzirem na sala o sr. José Paulino de Sá Carneiro.

S. exa. foi introduzido na sala, prestou juramento e tomou assento.

O sr. Conde de Linhares: - Sr. presidente, pedi a palavra para dirigir ao meu nobre amigo o sr. presidente do conselho e ministro do reino uma pergunta, em que estou persuadido que lhe presto um grande serviço, porque vou proporcionar a s. exa. ensejo para dar algumas explicações à respeito da reabertura da universidade de Coimbra.

Sr. presidente, todos sabem que se manifestou na cidade de Coimbra a epidemia dos typhos. O reitor da universidade e as autoridades informaram immediatamente o governo d'este facto é da necessidade urgente de se fecharem as aulas por isso que os typhos atacavam principalmente os estudantes, o que não é para admirar, visto ser capricho da epidemia atacar a gente moça e robusta.

O sr. ministro do reino, tomando em consideração, como devia, as informações dos homens competentes, lavrou um decreto ordenando o encerramento da universidade. O procedimento de s. exa. foi applaudido por toda a gente e poupou a vida a muitos jovens academicos, que são a esperança futura do paiz.

Ha dias que se reabriu a universidade depois de estar fechada mais de um mez.

N'este momento as familias dos estudantes acham-se sob o peso de um receio, que eu partilho tambem, por ter um filho n'aquelle estabelecimento.

Está averiguado que as condições hygienicas da cidade não eram as melhores.

Quero crer que essas condições estão hoje muito melhoradas; mas apesar d'isso as familias dos estudantes não estão completamente socegadas.

Realmente a responsabilidade do governo n'esta questão e grande.

Conversei ha poucos dias com o sr. reitor da universidade, que me disse terem sido examinadas as aguas de algumas fontes, e d'esse exame tinha resultado conhecer a existencia de infiltrações de um cano; que nas aguas tinha apparecido grande numero de bacillus, suppondo-se que essa seria a causa da epidemia.

Vejo que n'esta camara ha medicos distinctos, e por consequencia muito mais competentes do que eu para entrarem n'esta questão.

É sabido que em Coimbra, n'esta epocha do anno, apparecem alguns casos de typhos.

Quanto a mim, o problema é muito difficil de resolver, e, na verdade, tendo diminuido consideravelmente o numero de pessoas atacadas d'aquella enfermidade, pela ausencia dos estudantes que se retiraram da cidade, fico em duvida se hoje, isto é, um mez depois, tornando a agglomerar-se a população, a epidemia apparecerá novamente.

Em todo o caso, para socegar os animos das familias dos estudantes, espero que o sr. ministro do reino não deixará de dar á camara algumas explicações a este respeito.

Este assumpto é d'aquelles que merece a attenção dos poderes publicos. Todos sabemos que a universidade tem actualmente cerca de oitocentos estudantes, os quaes reunidos estão mais sujeitos a adoecer com as febres.

A causa verdadeira da epidemia de typhos em Coimbra não está conhecida; o mesmo aconteceu quando ultimamente houve cholera em Hespanha, França e outros pontos da Europa. Todas as auctoridades medicas se dedicaram a esse estudo, e nenhuma chegou a obter resultados positivos.

Já disse, e é verdade, que as condições hygienicas da cidade melhoraram consideravelmente, tanto que é rara a pessoa atacada de febre typhoide; entretanto é preciso attender a que os academicos voltam agora á universidade em condições taes que eu receio muito que possam vir a soffrer d'esta terrivel enfermidade.

Se d'aqui a dias principiarem a dar-se, que Deus não permitta, alguns casos de typhos, o que faz o governo? O sr. ministro do reino, que não duvida que sou seu amigo e admirador, deve entender que, dirigindo-lhe esta pergunta, nada mais tenho em vista do que offerecer occasião a s. exa. para dizer algumas palavras no sentido de socegar os animos das familias dos estudantes que regressaram a Coimbra, para não perderem os seus cursos.

Sr. presidente, como official de marinha naveguei em climas pouco saudaveis; estive em Inglaterra, quando lá havia uma grande epidemia e nunca me assustei por isso; mas estou fallando como pae, o que é muito differente, que tem um filho na universidade.

Nada mais tenho a dizer.

Aguardo as explicações do sr. presidente do conselho.

(O orador não reviu.)

O sr. Presidente do Conselho de Ministros. (Luciano do Castro): - Sr. presidente, vou responder ás perguntas do digno par, dizendo a s. exa. que, tendo em tempo recebido informações de que em Coimbra grassava uma epidemia de febres, entendi dever mandar suspender temporariamente os trabalhos academicos.

Fui depois informado pelo sr. reitor, membro d'esta camara, e auctoridade que no assumpto deve merecer toda a confiança, de que tinham desapparecido completamente as febres e que havia onze dias que não se dava caso algum novo, e dos nove que existiam, apenas quatro eram suspeitos.

Em virtude d'esta informação, que concordava perfeitamente com a da auctoridade administrativa, pareceu-me conveniente mandar recomeçar os trabalhos academicos, e assim o fiz. Póde, porém, s. exa. estar descançado, porque não ha motivo algum para receios pela affluencia dos estudantes; no emtanto eu posso afiançar ao digno par que, se se der algum novo caso com caracter de gravidade, não hesitarei em mandar novamente fechar a universidade.

V. exa. sabe perfeitamente que eu tenho sobre mim uma grande responsabilidade já para com o parlamento, já para com os chefes de familia que têem ali os seus filhos, podendo v. exa. e a camara ter a certeza, de que hei de proceder com toda a prudencia, e de que me hei de guiar por informações seguras e insuspeitas. Creio que v. exa. com estas explicações ficará satisfeito.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Conde de Linhares: - É simplesmente para agradecer ao nobre presidente do conselho as explicações que s. exa. acaba de dar em resposta ás minhas perguntas, explicações com as quaes me dou por satisfeito.

As epidemias, em geral são caprichosas: chegam, fazem victimas e desapparecem.

Em todo o caso fico satisfeito em saber que o sr. ministro tem todo o cuidado a este respeito, e que vela por que os estudantes estejam a coberto de todo o perigo.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Presidente: - Convido os dignos pares os srs. Costa Lobo e Miguel Osorio, para introduzirem na sala o sr. Antonio Correia de Sá Brandão.

Deu entrada na sala o digno par Sá Brandão, prestou juramento e tomou assento.

O sr. Ferreira Leão: - Sr. presidente, mando para a