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8 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

dãos, encontrar-se nesse estado? E se, o Sr. Presidente do Conselho o confessa, esse nervosismo originou os morticinios, como é que saiu a nota official, inexacta e injusta? A condemnação d'esses factos está nas palavras do Sr. Presidente do Conselho!

Acode-me agora — esqueci-me d'esse ponto no meu primeiro discurso!—o que foz a policia na noite de 5 d j abril e no dia 6 de abril. Tumultuaram, pelas das da cidade, bandos que só de vê-los o espirito se confrangia. De onde sairam? De que antros? Sairam, não se sabe de onde, como as emanações pestilenciaes se exhalam das sargentas e dos esgotos. Assaltavam os cidadãos, injuriavam monarchicos e republicanos, atacavam os carros, aggrediam sacerdotes—e aquella policia, tão pronta em matar cidadãos inermes, olhava indifferente esse espectaculo e fazia quasi uma guarda de honra aos infectos bandos!

Porquê? Que estranho facto é este? Gazetas officiaes, e não officiaes, disseram que na algibeira de miseraveis, esfarrapados e sordidos, se encontrara abundante dinheiro. Quem o deu? Que se apura a este respeito? Eram, essa gente recrutada para o crime, instrumentos de quem, por especulações politicas, queria aggravar a perturbação nos espiritos, provocar repressões e violencias? Precisava de saber-se tudo — tudo! Diga-o o Sr. Presidente do Conselho, exponha as averiguações a que procedeu, para se fazer luz sobre casos que tanto alarmaram a opinião publica e sobre que pairam tantas e oppostas suspeitas.

Sobre a questão do regicidio, o Sr. Presidente do. Conselho deve agradecer-me o ter-lhe proporcionado ensejo para fazer uma declaração da maior importancia, e que ha de ecoar no país e até no estrangeiro. Essa declaração, provocada pelas minhas reclamações instantes e ferventes, é de que, segundo o inquerito a que se está procedendo, se sabe positivamente que nem a sombra de uma suspeita pode attingir qualquer possoa, conhecida ou desconhecida, attribuindo-se-lhe qualquer cumplicidade no attentado. Ponho em relevo essa declaração, a qual mostra que a opinião do Sr., Presidente do Conselho é de que os responsaveis de 1 de fevereiro haviam pago com a vida o seu attentado.

Esta declaração põe termo a tantas calumnias e insinuações, que eram uma sinistra malaria na politica portuguesa. Ella soaria no estrangeiro como um pregão favoravel ao país, e, entre nós, como umas palavras de verdade e lealdade que terminara uma campanha de odios e rancores.

Ainda o Sr. Presidente do Conselho disse que jamais aconselharia o Rei a que abrisse os seus ouvidos a palavras de vingança.

Sim! Creio isso.

Merecem-me, a alma e o coração do Sr. Ferreira do Amaral, a fé de que elle não quereria influenciar tão sinistramente a alma da Criança que não abre só um reinado, mas que, por muitos dos seus actos e pela sua boa vontade de acertar, promette ser o Rei do uma, por assim dizer, dynastia nova — onde ha o repudio de todo o passado politico que nos arraste u a tanta desgraça e a tantos males!

Sou um radical apaixonado: julgaria a maior vergonha da aninha vida mandar ao Paço palavras de cortesanismo. Sinto o que penso. Ha um facto que me impressionou profundamente : foi o modo intencional, accentuado, como o Rei, na acclamação e na abertura do Parlamento, leu as passagens, da allocação e do Discurso da Coroa, em que se affirmava o respeito á lei, aos direitos dos cidadãos, ás liberdades publicas.

Essas palavras, pela maneira como eram lidas, soavam como um juramento para o futuro — e um dobre funebre pela politica antiga, de falsidade e de violencia.

Na vibração da voz real havia uma sinceridade profunda e ardente: quem assim sente não pode ter no coração os azedumes de vingança, que seriam grande sombra na alma de um Rei.

Nesse espirito juvenil existe a bondade, no dizer de um grande escritor: «pequena palavra e grande cousa!»

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Presidente: — Vae passar-se á ordem do dia,

ORDEM DO DIA.

Eleição de commissões

O Sr. Presidente: — Vae proceder se á eleição da commissão de legislação.

Feita a chamada, corrido o escrutinio, tendo servido de escrutinadores os Dignos Pares Srs. Arthur Hintze Ribeiro e Rebello da Silva, apurou se terem entrado na uma 34 listas, sendo uma branca, e ficando portanto, eleitos, por 33 votos cada. os seguintes Dignos Pares:

Conde de Bertiandos.

Alberto Antonio de Moraes Carvalho.

Antonio Candido Ribeiro da Costa.

Antonio Emilio Correia de Sá Brandão.

Eduardo José Coelho.

Eduardo de Serpa Pimentel.

Francisco Antonio da Veiga Beirão.

Francisco José de Medeiros.

Jacinto Candido da Silva.

D. João de Alarcão Velasques Sarmento Osorio.

João Marcellino Arroyo.

Julio Marques de Vilhena.

O Sr. Presidente: — Vae proceder-se á eleição da commissão de verificação de poderes.

Feita a chamada, corrido o escrutinio, e tendo servido de escrutinadores os Dignos Pares Srs. Teixeira de Aguilar e Francisco José Machado, apurou-se terem entrado na uma 24 listas, tendo ficado eleitos, por 24 votos, os seguintes Dignos Pares:

Antonio Emilio Correia de Sá Brandão.

Marquez do Lavradio.

Luciano Monteiro.

D. João de Alarcão Velasques Sarmento Osorio.

Visconde de Asseca. Francisco José Machado.

Gonçalo Xavier de Almeida Garrett.

Francisco Tavares de Almeida Proença.

Alexandre Cabral Paes do Amaral.

Conde de Sabugosa.

Marquez de Sousa Holstein.

Antonio de Almeida Costa e Silva.

O Sr. Presidente: — A seguinte sessão terá logar na proximo sexta feira, 15 do corrente, sendo a ordem do dia a continuação da que estava dada para hoje.

Eram 4 horas e 5 minutos da tarde.

Dignos Pares presentes na sessão de 12 de maio de 1908

Exmos. Srs.: Antonio de Azevedo Castello Branco; Eduardo de Serpa Pimentel; Marquezes: de Avila e de Bolama, de Gouveia, de Pombal, de Sousa Holstein; Arcebispo de Calcedonia; Condes: de Bertiandos, de Figueiró, de Lagoaça, de Paraty, de Valenças, de Villar Secco; Visconde de Asseca; Alexandre Cabral. Pereira de Miranda, Antonio Candido, Eduardo Villaça, Cesta e Silva, Teixeira de Sousa, Campos Henriques, Hintze Ribeiro, Bernardo de Aguilar, Palmeirim, Vellez Caldeira, Eduardo José Coelho, Fernando Larcher, Dias Costa, Ferreira do Amaral, Francisco José Machado, Francisco José de Medeiros, Francisco Maria da Cunha, Ressano Garcia, Baptista de Andrade, Gama Barros, Jacinto Candido, D. João de Alarcão. João Arroyo, Teixeira deVas-concellos, Gusmão, José de Azevedo, Moraes Sarmento, José Lobo do Amaral, José Luiz Freire, José de Alpoim, Silveira Vianna, Julio de Vilhena, Luciano Monteiro, Rebello da Silva, Pimentel Pinto, Poças Falcão, Bandeira Coelho, Affonso Espregueira, Sebastião Telles e Sebastião Dantas Baracho.

O Redactor, João SARAIVA