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42 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

defender os direitos de Portugal e demonstrar perante a Europa em que argumentos os baseavamos espalhando por toda a parte o conhecimento das nossas antigas tradições historicas e dos esforços que esta nação tem empregado recentemente, para se desempenhar do seu dever como potencia africana, fez publicar, obedecendo a um pensamento e a um plano definido, uma serio de memorias pelos ministerios da marinha e dos negocios estrangeiros.

A primeira das memorias a que me refiro trata da abolição da escravatura nas nossas colonias.

Todos sabem que é esse o principal capitulo de accusação que diariamente se nos lança em rosto, sobretudo na, imprensa ingleza, para mostrar que não somos dignos nem capazes de manter o nosso dominio na Africa.

Convinha pois, em uma exposição luminosa e bem deduzida, concatenar os factos e demonstrar os esforços da nação portugueza para abolir a escravidão, lançando fóra de si esse estigma e provando que não merece as censuras que lhe dirigem por ignorancia e má fé.

Pedia, pois, ao sr. ministro da marinha que fizesse distribuir pelos membros do parlamento exemplares deste trabalho, que está publicado nas linguas franceza e portugueza, e que foi escripto pelo sr. conselheiro Augusto de Castilho.

Uma outra das memorias a que me refiro tem por titulo: Algumas notas sobre o estabelecimento e trabalhos dos portuguezes no Monomotapa.

Desejava igualmente que este trabalho fosse distribuido pelos membros das duas camaras. Apenas hoje se concluiu a sua impressão.

É devido á collaboração dos srs. Capello e Ivens e resume os trabalhos historicos que allegâmos para a posse d'aquellas regiões.

Pelo ministerio dos negocios estrangeiros mandou-se publicar o seguinte trabalho: A politica portugueza na Africa.

Esta memoria, que foi traduzida era francez e impressa no Memorial diplomatique, é devida á pena erudita e litteraria do sr. Sousa Monteiro; resume e condensa o pensamento fundamental director da politica que têem seguido através de seculos todos os nossos governos, em referencia ás regiões que hoje nos são disputadas pela Inglaterra.

Refiro-me á chamada ligação da contra-costa, á posse do Zambeze, e á soberania no Nyassa.

Finalmente, outra memoria importante intitula-se: Os portuguezes na região do Nyassa.

Foi escripta pelo nosso consul em New-Castle, o sr. Batalha Reis, e é uma demonstração completa dos direitos de Portugal no Nyassa.

Ainda pelo ministerio da marinha se têem publicado dois trabalhos cartographicos importantissimos, que tambem são elemento essencial para o estudo da questão que se ventila actualmente.

Um é a Nova carta de Moçambique com a sua divisão administrativa.

Ahi vem cautelosamente referidos os resultados de todas as explorações portuguezas e todas as indicações que comprovara a nossa occupação e os resultados da nossa acção secular n'aquellas regiões.

Uma outra carta não menos importante se fez ha pouco; é a do Zambeze, em larga escala, n'umas poucas de folhas.

Qualquer d'estes elementos é, a meu ver, indispensavel para o estudo das questões africanas e parecia-me da maior conveniencia que todos os membros das camaras tivessem d'elles conhecimento.

Chamarei ainda em especial a attenção do sr. ministro dos negocios estrangeiros sobre uma memoria importante que um conselheiro d'estado, quem está confiada n'este momento uma missão no estrangeiro, entendeu, como patriota, que sabe inspirar-se nas grandezas da nossa historia, enviar ao ministro dos negocios estrangeiros, representando o voto que elle dana no conselho d'estado em relação a esta questão, caso ali fosse chamado a proferil-o. Mandei imprimir essa memoria com auctorisação do seu auctor; não pedirei, comtudo, ao governo que a faça publicar e distribuir sem que previamente resolva, até que haja conveniencia ou opportunidade n'essa publicação, em vista da direcção que o governo entenda dever imprimir ás negociações.

O sr. Ministro da Marinha (João Arroyo): -Pedi a palavra, sr. presidente, só para declarar ao digno par o sr. Barro s Gomes, que serão satisfeitos os seus desejos.

O sr. Visconde de Arriaga: - Eu, sr. presidente, não direi agora, em vista do adiantado da sessão, o que tinha a dizer; mas como esta questão envolve assumptos relativos á Zambezia, ao Nyassa e a outros pontos que n'este momento, mais do que nunca, attrahem a attenção geral, eu, que desde muitos annos tenho acompanhado estes assumptos, desejo que v. exa. designe em breve uma outra sessão para os tratarmos, e então usarei detidamente da palavra.

O sr. Presidente: - A proxima sessão terá logar na segunda feira, 20 do corrente.

Está levantada a sessão.

Eram seis horas e vinte minutos da tarde.

Dignos pares presentes na sessão de 16 de janeiro de 1890

Exmos. srs. Antonio José de Barros e Sá; Duque de Palmella; Marquezes, de Fronteira, de Pomares, de Rio Maior, de Sabugosa, de Vallada; Condes, de Alte, dos Arcos, de Bertiandos, do Bomfim, de Castro, de Ficalho, da Folgosa, de Gouveia, de S. Januario, de Linhares, de Lagoaça, da Magalhães, da Ribeira Grande, de Thomar; Viscondes, da Arriaga, da Azarujinha, de Carnide, de Moreira de Rey, de Soares Franco, de Valmór, da Silva Carvalho; Adriano Machado, Agostinho de Ornellas, Agostinho Lourenço, Costa Lobo, Telles de Vasconcellos, Barjona de Freitas, Cau da Costa, Augusto Cunha, Bazilio Cabral, Cypriano Jardim, Sequeira Pinto, Hintze Ribeiro, Francisco de Albuquerque, Costa e Silva, Margiochi, Ressano Garcia, Barros Gomes, Jayme Moniz, Candido de Moraes, Ferreira Lapa, Holbeche, Gusmão, Pereira de Miranda, Carlos Eugenio de Almeida, Gomos Lages, Bandeira Coelho, Navarro de Paiva, Silva Amado, José Luciano de Castro, Ponte Horta, Mello Gouveia, Mexia Salema, Bocage, Camara Leme, Manuel Paes de Villas Boas, Vaz Preto, Marino Franzini, Miguel Osorio Cabral, D. Miguel Coutinho, Gonçalves de Freitas, Silvestre Lima, Braamcamp Freire, Thomás Ribeiro, Serra e Moura.

O redactor = Alberto Pimentel.