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N.º 7

SESSÃO DE 3 DE MAIO DE 1887

Presidencia ao exmo. sr. João Chrysostomo de Abreu e Sousa

Secretarios - os dignos pares

Frederico Ressano Garcia
Manuel Paes Villas Boas

SUMMARIO

O digno par o sr. João Chrysostomo de Abreu e Sousa assume; pela primeira vez, como presidente, a direcção dos trabalhos da camara. Discurso de s. exa. - Leitura e approvação da acta. - Correspondencia. - Os srs. conde da Boa Vista e general Valladas tomam assento na camara. - O digno par D. Luiz da Camara envia para a mesa um requerimento. É expedido. - Os dignos pares os srs. Sá Brandão e Francisco Costa enviam, o primeiro um diploma e o segundo um attestado. - Os srs. ministros da fazenda e da guerra enviam duas propostas de accumulação. São approvadas. - Ordem do dia: approva-se sem discussão o parecer n.°39. - Procede-se á eleição da minoria da commissão de legislação, usando .previamente da palavra o sr. Hintze Ribeiro. - Elegem-se em seguida as commissões de negocios externos, de guerra, de negocios ecclesiasticos e de marinha. - Levanta-se a sessão, designa-se a immediata e dá-se a respectiva ordem do dia.

Ás duas horas e vinte minutos da tarde, estando, presentes 21 dignos pares, o sr. presidente declarou aberta, a sessão.

Lida a acta da sessão precedente, julgou-se approvada, na conformidade do regimento, por não haver reclamação em contrario.

Mencionou-se a seguinte:

Correspondencia

Um officio do ministerio da marinha, remettendo os mappas indicativos de todos os contratos realisados no mesmo ministerio de valor superior a 500$000 réis, desde 1 de janeiro a 30 de abril de 1887.

Para o archivo.

Outro do ministerio do reino, remettendo nota das deliberações das juntas geraes ou das commissões executivas que, no corrente anno, foram suspensas pelo governo.

Teve o competente destino.

Um attestado do sr. conde de Sieuve de Menezes, de que resulta achar-se enfermo este digno par, não podendo comparecer ás sessões.

Ficou a camara inteirada.

(Estavam presentes os srs. ministros dos negocios estrangeiros e da marinha.)

O sr. Presidente: - Dignos pares do reino. Não é sem profunda emoção que eu venho hoje occupar. este logar, unica e simplesmente por obediencia e acatamento aos altos poderes do estado.

Collocado n'esta elevada posição pela confiança com que me honrou o Soberano, é aqui que eu mais vivamente sinto a deficiencia das minhas forças e a pobreza das minhas faculdades para o alto desempenho das arduas funcções que me são confiadas.

O que posso affirmar á camara é que me empenharei constantemente em procurar corresponder á altissima honra de presidir a uma assembléa tão respeitavel, e que envidarei todos os meus esforços para que o decoro d'este corpo politica e os principios de ordem, de justiça e de imparcialidade sejam sempre mantidos e respeitados. Mas é só com o auxilio da vossa sabedoria, dignos pares do reino, e com a generosa benevolencia que espero alcançar de vós, que eu poderei preencher os deveres do meu cargo, sem offuscar o brilho d'este logar, illustrado por tantos varões preclaros, que se têem assentado n'esta cadeira.

De entre todos esses mortos illustres, que foram ornamento d'esta camara e gloria da nação, eu não posso nem devo, n'esta occasião, deixar de recordar saudosamente o nome de Antonio Maria de Fontes Pereira de, Mello, cuja recente perda todos temos deplorado.

O elogia d'esse homem de estado, que tão alto se elevou, e que tão resplandecente luz irradiou, percorrendo, a sua gloriosa carreira, a commemoração emfim das suas eminentes qualidades e serviços está feita pelas vozes mais auctorisadas e competentes, tanto n'esta camara coma fará d'ella, e fallam bem alto, e do modo o mais eloquente as publicas e geraes demonstrações de sentimento manifestadas por todas as classes da sociedade quando esse grande vulto desappareceu de entre nós.

O que me resta pois é associar-me d'este logar, mais uma vez, a todas essas demonstrações, e curvar-me reverente ante a sua memoria, com a saudade de quem em vida sempre o venerou e admirou com sincero affecta e sympathia; com a saudade de quem o seguiu e acompanhou como obscuro operario, na sua grande obra de 1852 a 1856, que só por si lhe dá direito ao nosso reconhecimento e á nossa perpetua veneração.

Aquelle que foi grande pela intelligencia e pejo, caracter, e que exerceu por largos annos o mando, com inabalavel firmeza e hombridade, mas sem odios, que nunca tiveram entrada no seu generoso coração, morreu bemquisto e chorado por todos, congregando-se em volta da sua campa todas as parcialidades politicas para lhe prestarem as ultimas homenagens.

Que elogio, mais alto e, mais inteiro!

E que bello e salutar exemplo!

Felizes as nações que. sabem apreciar e premiar o merito de seus filhos, e que, honrando, a sua memoria, saudam sempre com enthusiasmo as supremas culminações do ta? lento e da virtude.

Acha-se nos corredores da camara o digno par eleito o sr. conde da Boa Vista.

Convido os dignos pares os srs. viscondes de Borges de Castro e de Carnide para introduzirem, s. exa. na sala.

Em seguida foi introduzido na sala, prestou juramento e tomou assento.

O sr. Presidente: - Acha-se tambem nos corredores d'esta camara o digno par eleito o sr. general Valladas.

Convido os dignos pares os srs. Sousa Pinto e Francisco Maria da Cunha a introduzirem s. exa. na sala.

Em seguida foi. introduzido, na sala, prestou juramento e tomou assento.

O sr. D. Luiz da camara Leme: - Sr. presidente, como tenciono, brevemente conversar com o sr. ministro da guerra ácerca de negocios do seu ministerio, preciso, para, esse fim, que sejam remettidos com urgencia á esta camara alguns esclarecimentos.

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