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39–B DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

lhor patíbulo que o digno par tem para executar o governo pelas suas medidas, pelos seus actos, pelas suas responsabilidades.

Na outra casa do parlamento já ouvira ao sr. Antonio Candido fazer o elogio mais eloquente e mais grandioso da dictadura. Mas s. ex.a, quando ministro, não fez dictadura, fez outra cousa, pelo que o não felicito. O governo actual fez dictadura para resolver questões que se impunham instantemente, c está prompto a dar conta dos seus actos á camara e ao paiz.

Disse o digno par que o paiz era indifferente, mas elle, orador, não o cria, porque o paiz applaude os actos do governo, e se fosse indifferente não o teria approvado, como o approvou, nas eleições a politica do gabinete.

S. ex.a não se ria, que o paiz não o ouvia, porque entendia que o caminho que o actual governo seguia era o mais util e o mais conveniente ao interesso publico.

Tomando depois um exemplar do discurso da corôa, lê que «a marinha de guerra 6 tão merecedora dos nossos desvelos como o exercito, e commenta dizendo que estas palavras não foram citadas pelo seu antagonista, o que prova a intenção com que se levantou esta questão de palavras.

Pergunta, pois, se é de analyses d’esta ordem que o paiz precisa, quer seja para liquidação das responsabilidades do governo, quer seja para a solução dos seus problemas economicos?

Entende que não é enredando na dialectica do sr. Antonio Candido homens como o sr. Neves Ferreira a que se resolvem graves questões, cuja solução o paiz reclama.

Sr. presidente, diz, ouvi cousas singulares no discurso do sr. Antonio Candido, e sente que o sr. ministro da marinha não possa estar presente...

(Vendo que o sr. ministro da marinha já estava presente.)

S. ex.a já está presente...

O sr. Antonio Candido: — Interrompe e pondera que está argumentando com vantagem, porque está alterando

a indole do seu discurso, que foi inteiramente contrario ao que lhe attribue. Que fóra mais amavel no seu discurso para com o sr. ministro da marinha do que s. ex.a diz, e do que o sr. presidente do conselho o foi na sua resposta.

O Orador: — Pede licença ao digno par e á camara para abrir aqui um parenthesis o informar o sr. ministro da marinha do que se passára na sua ausência.

E diz depois que o sr. Antonio Candido, com uma physonomia risonha, mas que, com uma intenção muito pouco evangélica, ponderara: o sr. ministro da marinha não está presente... E poz reticências, como querendo dizer que s. ex.a tinha receiado que o discurso do sr. Antonio Candido o confundisse.

Como isto lho parecesse um pouco exagerado ia a responder-lhe que s. ex.a estava sempre onde o chamava o seu dever, e se faltava na camara era por ter negocios a tratar de maior interesse para o futuro do paiz, do que uma questão de palavras como esta.

Quem menos gostára do discurso do sr. Antonio Candido fóra de certo o sr. Luciano de Castro, apesar de vir o sr. Antonio Candido, como se diz, em reforço e defeza do Murillo, sendo que o sr. Luciano de Castro não precisava d’isso, porque a lamina da sua espada é bastante afiada para produzir golpes dobrados.

Mas o discurso do sr. Antonio Candido foi em muitos pontos capitaes a contradicção completa do discurso do sr. José Luciano.

O sr. Presidente: — Já deu a hora.

O Orador: — Sr. presidente, se v. ex.a me dá licença, eu vou concluir.

Vozes: — Falle, falle.

O sr. Presidente: — Visto que a camara consente, póde s. ex.a continuar no uso da palavra.

O Orador: — Faz ainda mais algumas considerações, e termina o seu discurso.

(O discurso será publicado na integra logo que s. ex.a haja revisto as notas tachygraphicas.)