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34 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

que até agora ainda se não tem visto resposta; e é este indifferentismo que eu lamento muito, e que todos temos que lamentar. É preciso crer mais n'esse amor pelo nome portuguez, é preciso que a mãe patria não proceda assim, porque póde vir tempo em que tanto desamor de tambem logar a algum desforço que nos seja mais sensivel.

Mando para, a mesa a representação, ella diz mais que tudo que eu podesse ainda acrescentar.

Agora, se v. exma. me permittir eu faço uma simples pergunta a v. exma. Ha treze dias que v. exma. determinou que o parecer que eu acabo agora de receber fosse impresso e distribuido por casa dos dignos pares, a fim de que tres dias depois de distribuido podesse entrar em ordem do dia. São passados treze dias, e só agora n'este momento é que foi distribuido, e consta-me que já ha dias está impresso! Ha na secretaria quem governe mais do que v. exma.! E eu quero dar força a v. exma. e a todos os presidentes, e ás suas ordens para que sejam cumpridas, porque eu vejo e digo a v. exma. que as suas ordens nem sempre se cumprem, e que até, como agora, são desprezadas. Acontece, sr. presidente, que ás vezes deixam de se distribuir e de nos serem enviados a nossas casas diversos impressos, livros e documentos ou contas, que aliás precisámos ter em nossa mão, e que temos direito a receber com mais opportunidade. O que eu desejava era saber a rasão por que só hoje se distribuiu este parecer?

O sr. Presidente:-Peço licença a v. exma. para lhe dizer que a minha intenção era dar este parecer para ordem do dia da primeira sessão proxima, em consequencia de ter havido demora na distribuição.

Eu recebi-o hontem á noite, e a minha intenção, repito, em harmonia com os desejos que a camara tinha pronunciado, era dá-lo para ordem do dia depois de decorridos tres dias da sua distribuição, nem eu podia proceder de outra maneira, conforme o regimento, e póde o digno par ter a certeza de que hei de indagar o motivo da demora de que fallou.

O Orador: - V. exma. fez-me muito favor por duas rasões, a primeira porque eu fico tranquillo, porque estou convencido que v. exma. indagará as rasões por que se commetteu esta falta; e a segunda porque o meu estado de saude cada vez é peior, e eu encommodo-me com estas cousas.

V. exma. sabe que não sou suspeito quando me dirijo a v. exma., porque conheço a sua rectidão e sei que v. exma. sabe fazer justiça, e até nas questões que temos tido creio que nunca deixei de dar testemunho da sua imparcialidade. Eu estava certo que v. exma. não daria o parecer para entrar hoje em discussão, mas isto não attenua a falta commettida.

Sr. presidente, se eu tivesse a mesma confiança que tive em outro tempo havia de propor a nomeação de uma commissão, não só para a reforma do regimento, mas para, de accordo com v. exma. e a mesa, reformar as repartições d'esta camara; e não havia de tirar força ao presidente, havia de dar-lhe toda quanta fosse precisa, para cortar muitos e repetidos abusos que sempre se encontram nas nossas cousas publicas.

Não ha quem leve os documentos que v. exma. manda distribuir pelos pares? Quererão um pessoal maior?

Hoje limito-me ao que acabo de dizer, e agradeço a v. exma., em meu nome e no da camara, a imparcialidade, rectidão e justiça com que v. exma. reconhece, que pareceres d'esta ordem não podem ser discutidos no proprio dia em que são distribuidos.

O sr. Bispo de Bragança: - Pedi a palavra para mandar para a mesa o parecer da commissão especial encarregada de examinar o requerimento do sr. bispo, conde, de Coimbra.

Lido na mesa o parecer, disse

O sr. Presidente: - Em attenção á simplicidade d'estes pareceres, tem sido costume dispensar-se-lhes a impressão (apoiados); e então vou consultar a camara sobre se dispensa a impressão para se entrar desde já na sua discussão.

Consultada a camara, resolveu affirmativamente.

O sr. Presidente: - Vae ler-se o parecer.

Leu-se novamente o parecer.

O sr. Presidente: - Está em discussão.

(Pausa).

Como não ha quem peça a palavra, vou pô-lo á votação.

Posto o parecer á votação, foi approvado.

O sr. Presidente: - Consta-me que o sr. bispo conde está nos corredores da camara; nomeio os srs. marquez de Fronteira e Pinto Bastos para o introduzirem na sala.

Introduzido na sala o sr. bispo de Coimbra, prestou juramento e tomou assento.

O sr. Marquez de Vallada: - Fez algumas considerações ácerca do objecto da representação que o sr. conde de Cavalleiros apresentou e do dever de attender ás necessidades religiosas das provincias ultramarinas, para fundamentar o requerimento que faz para se imprimir a referida representação no Diario do governo.

Por esta occasião perguntou se já tinha chegado á mesa a resposta do sr. ministro dos negocios estrangeiros ao requerimento que elle orador fizera ha dias, e a camara approvára unanimemente, pedindo a correspondencia trocada entre o mesmo sr. ministro e o sr. ministro de Hespanha n'esta côrte, com relação á tentativa de revolta em que tanto se tem fallado.

O sr. Presidente: - O requerimento do digno par foi logo expedido, mas até agora não veiu resposta.

O Orador: - Estranhou esta falta, declarando por esta occasião que não prescindia d'aquelles documentos, pois tinha de tratar mui particularmente d'este assumpto, e agora mais que nunca ao ver que o governo tinha amigos tão imprudentes, como aquelle de que publica hoje o Paiz. Notou de menos consideração pela camara o não ter ainda chegado a referida correspondencia, e depois de variadas reflexões declarou que já na tribuna, já na imprensa analysará todos os factos concernentes á tal revolta para se exigir a responsabilidade d'aquelles a quem caiba.

O sr. Presidente: - A representação mandada para a mesa pelo digno par o sr. conde de Cavalleiros, que a camara parece querer que seja impressa, deverá primeiramente ser lida na mesa (apoiados).

O sr. Secretario Barreiros leu.

O sr. Presidente: - Os dignos pares que são de parecer que se mande imprimir, tenham a bondade de se levantar.

Foi approvado.

O sr. Presidente: - Não ha hoje outro assumpto que possa chamar a attenção da camara, por consequencia darei para ordem do dia da primeira sessão, alem do projecto de resposta, o parecer que se acaba de distribuir sobre o requerimento do sr. visconde de Condeixa. Contendo este parecer documentos importantes que os dignos pares hão de querer examinar detidamente, a primeira sessão terá logar no sabbado proximo, havendo assim o intervallo dos tres dias de que trata o regimento.

Está levantada a sessão.

Eram tres horas da tarde.

Relação dos dignos pares que estiveram presentes na sessão de 4 de fevereiro de 1873

Exmos. srs. Marquez d'Avila e de Bolama; Conde de Castro; Patriarcha de Lisboa; Duque de Loulé; Marquezes, de Fronteira, de Sabugosa, de Vallada; Condes, de Cavalleiros, da Ribeira; Bispos, de Bragança, de Lamego, de Coimbra, de Vizeu; Viscondes, de Benagazil, Fonte Arcada, de Ovar, de Portocarrero; Barão de S. Pedro; Gamboa e Liz, Costa Lobo, Xavier da Silva, Sequeira Pinto, Montufar Barreiros, Pinto Bastos, Reis e Vasconcellos.

Depois de aberta a sessão entraram os exmos. srs. Condes, de Cabral, de Fonte Nova, de Fornos, de Rio Maior.