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74 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

É preciso attender, repito, ás responsabilidades de cada um. As medalhas attestam serviços differentes, mas são igualmente honrosas.

Sr. presidente, não me parece que eu tenha obrigação de responder a quaesquer outras observações feitas pelo digno par.

O meu collega o sr. ministro da marinha vae responder a outras observações que s. exa. fez; comtudo, eu, desde já, previno o digno par de que, se desejar que eu tome de novo a palavra para o esclarecer sobre qualquer outro ponto, terei muito prazer em satisfazer o seu desejo.

Mas devo ainda acrescentar uma cousa.

S. exa., fallando em relação aos negocios da India, disse que estando El-Rei em Mafra, havia recebido um telegramma, e que n'essa occasião Sua Magestade havia pronunciado uma phrase, que veiu publicada nos jornaes.

Permitta-me s. exa. que lhe diga que essa phrase não é verdadeira, não é exacta.

Todos sabem como muitas vezes os jornaes são mal informados.

O telegramma enviado a Sua Magestade era o desmentido ás noticias vindas de Bombaim e publicadas nos jornaes inglezes.

Dizia-se n'essas noticias que tinha sido surprehendida uma parte importante da nossa força expedicionaria, a qual havia sido trucidada pelos indigenas.

Sua Magestade recebeu um telegramma dizendo que isso não era verdade, e que todas aquellas noticias eram uma phantasia.

É natural que Sua Magestade ficasse descontente se tal facto se tivesse dado, mas não se deu.

Depois s. exa. ainda fallou num combate que houve na India, duvidando que esse combate se tivesse dado.

Ora, como informação, eu devo dizer ao digno par que eu tenho visto cartas de officiaes que estão na india, nas quaes se diz, que realmente o sr. Infante D. Affonso foi especialmente alvejado, chegando mesmo a caír-lhe aos pés algumas balas.

Esse facto não é só affirmado nos telegrammas, mas em cartas que têem vindo da India.

Ainda ultimamente o meu collega sr. ministro da marinha, recebeu informações em termos muito lisonjeiros para quem exerce o commando das forças expedicionarias na India.

Não é para admirar que o sr. Infante D. Affonso, o neto de Victor Manuel, mostre que é um valente soldado e tenha mostrado o zêlo, a solicitude e o interesse que lhe inspiram as forças entregues ao seu commando.

O sr. Conde de Thomar: - Apoiado.

O Orador: - Limito por agora ás considerações que apresentei á camara, a resposta que devia ao digno par.

Se s. exa. se não der por satisfeito com o que disse, nenhuma duvida terei em usar novamente da palavra.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Ministro da Marinha (Jacinto Candido): - Sr. presidente, pedi a palavra para responder, muito concisamente, muito precisamente, e com aquella franqueza com que costumo fallar em ambas as casas do parlamento, ás perguntas que o digno par o sr. conde de Thomar me dirigiu em relação a assumptos de administração que correm pela minha pasta.

S. exa. referiu-se á questão da India e perguntou se no ministerio a meu cargo existem quaesquer communicações do sr. patriarcha das Indias que denunciassem ou que indicassem o mau estado de relações entre aquelle principe da igreja e o governador geral da India.

Posso affirmar a s. exa. que não existe no ministerio a meu cargo nenhum documento official de onde conste o rompimento de relações officiaes ou particulares entre o sr. patriarcha das Indias e o sr. governador geral da India.

Perguntou-me tambem s. exa. qual era a tabella especial que estabelecia os vencimentos dos funccionarios, tanto ecclesiasticos, como civis, n'aquellas possessões ultramarinas.

Respondo a s. exa. que o governador geral da India não estabeleceu nem estabelece tabella alguma especial de vencimentos e que, tanto elle, como os outros funccionarios que desempenham serviços n'aquellas regiões, recebem os vencimentos que foram estabelecidos por um decreto do ministro meu antecessor.

S. exa. referiu-se tambem a perturbações na India e á attitude das forças que Portugal tem n'aquella campanha; mas o digno par fez essa referencia com as cautellas e com as reservas naturaes que se usam quando se trata de um assumpto melindroso e, de excessivo melindre é qualquer allusão menos lisonjeira aos briosos soldados portuguezes.

S. exa., sem garantir a veracidade de noticias que viu publicadas, chamou apenas para ellas a minha attenção; mas eu faço ao caracter do digno par a justiça de suppor que nem de leve presta a sua adhesão a boatos que quasi deslustram as forças militares portuguezas quando o seu brio e o seu bom nome acabam de affirmar-se em tantas campanhas tão gloriosas que hão de necessariamente inscrever-se em letras de oiro nas paginas da nossa historia.

Por certo que o digno par entende como eu, que todos aquelles que vestem a farda do soldado portuguez não seriam capazes de deslustrar-se com factos menos dignos e honrosos e em prejuizo da alta missão que representam.

Tambem uma ou outra vez, por diversas vias, têem chegado ao meu conhecimento essas versões terroristas que impressionam o publico e constituem o assumpto dos centros de conversação, mas o certo é que no ministerio a meu cargo não ha nenhuma noticia official, nem eu admitto a possibilidade de que possam apparecer noticias de caracter authentico que confirmem a veracidade d'estas versões.

Ponho-as de parte absolutamente, como sendo improprias e impossiveis de realisar pelas tropas expedicionarias.

Essas versões, não só compromettem o soldado portuguez, como o alto personagem que está á frente da expedição, o sr. Infante D. Affonso.

A este respeito eu tenho a dizer a v. exa., e a honra de participar aos dignos pares, o que já hontem communiquei á outra casa do parlamento, e é que, por informações de um alto funccionario portuguez que regressou ha pouco dali - e porque não hei de citar o nome?-tenho a dizer a esta camara, repito, que o sr. Ferreira do Amaral, commandante do Vasco da Gama, conversando commigo ácerca dos acontecimentos da India, me fallava da attitude das forças expedicionarias, e, portanto, da attitude do sr. D. Infante D. Affonso, fazendo os mais alevantados e rasgados elogios não sómente ao denodo e esforço militar d'aquelle brioso official, como ao cuidado, á solicitude, ao zêlo, á dedicação inexcediveis com que elle, no cumprimento da sua elevada missão, tratava as forças do seu commando, das quaes era um chefe verdadeiramente idolatrado.

Folgo perante esta camara, como folguei hontem, perante a outra casa do parlamento, de dar este alto testemunho de apreço ás elevadas qualidades militares que aquelle Principe da nossa casa real acaba de manifestar na elevada missão que lhe foi commettida pelo governo.

A respeito, portanto, de todas as noticias desencontradas, e com caracter suspeitoso, permitta-se-me que o diga, que correm na imprensa e nos circulos de conversação, eu peço ao digno par, como hontem pedi ao illustre deputado sr. Arroyo, que na outra camara levantou esta questão, que em assumpto tão melindroso aguarde, como o governo aguarda, as informações minuciosas, circumstanciadas que este pediu, que já vem em caminho, e que devem chegar approximadamente a meio d'este mez; porque estou informado, por telegramma, de que o relatorio saiu na mala de