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SESSÃO N.° 9 DE 5 DE FEVEREIRO DE 1896 77

cau, ou para as côrtes do Japão e de Siam divertir-se e gosar um bello clima.

Ora, era natural que o coronel Galhardo, que em Lourenço Marques não teve taes doçuras e commodidades, não quizesse prestar-se a essa comedia, ou, como hoje se costuma dizer em terminologia mais moderna, verdadeira fantochada.

Se effectivamente o sr. ministro da guerra lhe diz á boa paz que este seu projecto, póde, em virtude das circumstancias que infelizmente se deram, e de que o unico culpado é o governo, pela sua imprevidencia, affectar por qualquer forma a corporação que s. exa. dirige, não tem duvida alguma em transigir.

O orador quer d'esta fórma dar uma prova de que não vem fazer politica, mas unicamente, como representante da nação, interpretar aquillo que julga ser o seu geral sentir. Toda a gente o reclama, o proprio chefe do estado o dá a entender.

Pois não se affirmou aqui á boca cheia que El-Rei, dando os cordões de ajudante de campo ao coronel Galhardo, disse: "O que eu podia fazer, fez-se". Pois não indicou assim El-Rei que a sua vontade era galardoar condignamente aquelle official? Sua Magestade fazia o mais que podia na posição especial que occupa; mas o que o orador não póde admittir é que o sr. ministro da guerra venha allegar que o sr. coronel Galhardo se devia contentar com os cordões de ajudante de campo. Effectivamente, isso é uma honra, porém não é com honras d'essa ordem que se premeiam serviços como aquelles a que se tem referido.

Ajudantes de campo e officiaes ás ordens ha ans quarenta ou cincoenta.

A vontade de El-Rei seria dar ao coronel Galhardo distincção maior, se tivesse outra que podesse dar-lhe.

Para fazer uma transacção com o sr. ministro da guerra, no projecto de lei que o orador apresentar á camara, dirá no artigo 2.°: "Fica o sr. ministro da guerra auctorisado a alargar os quadros respectivamente até que a promoção entre na normalidade, de modo que não haja prejuizo para ninguem, ou antes atrazo, porque esta palavra "prejuizo" repugna-lhe, na promoção dos outros officiaes, e que o sr. coronel Galhardo seja promovido a general e Mousinho de Albuquerque a major com todas as honras e regalias".

O procedimento do governo é digno da maior censura, não tem nada que o desculpe por qualquer lado que se encare a questão.

As condições acusticas da sala são péssimas; é necessario fallar-se muito alto para se poder ouvir alguma cousa; em todo o caso parece-lhe que o sr. ministro da guerra disse que se tinha creado o novo grau na ordem da Torre e Espada para não se dar ao coronel Galhardo a mesma condecoração que têem outros officiaes.

Então porque não creou um grau superior á gran-cruz da Torre e Espada?

A explicação não o convence. Mas não creasse nenhum grau; desse-lhe a gran-cruz. E não queriam depois que o modesto e bravo coronel se entristecesse e pedisse ao sr. presidente do conselho para não insistir na proposta!

Depois de fazer mais algumas considerações, o orador insistiu em que apresentaria na proxima sessão um projecto, contendo um ou dois artigos, para que fossem galardoados o coronel Galhardo e o capitão Mousinho de Albuquerque por distincção em campanha, ficando o sr. ministro da guerra auctorisado a alargar os quadros, de modo que não houvesse atrazo na promoção.

Qual é a rasão por que o sr. ministro não condecorou immediatamente o soldado a quem o sr. conde de Thomar se referiu?

Porque está á espera dos relatorios.

Os relatorios são a mania do nosso paiz!

As commissões de guerra e de marinha não se têem reunido e lá está na sepultura dos papeis velhos, e se não está presentemente, ainda estava hontem, o projecto que concede uma pensão á viuva e filhos do major Caldas Xavier.

O orador pede ao sr. ministro da guerra, que é um coração excellente e um militar honrado, e ao sr. ministro da marinha, um bom caracter, e que tem a honra de conhecer desde os bancos da universidade, um rapaz sympathico, intelligente e trabalhador, pede a ambos que lhe digam se é justo que por causa de uma intriga ou de uma cousa tão pequena, tão mesquinha, se faça padecer a familia d'aquelle distincto official.

O sr. Ministro da Marinha (Jacinto Candido): - V. exa. dá-me licença que o interrompa para uma explicação?

(Signal de assentimento do orador.)

O projecto referente ás pensões aos expedicionarios á Africa não tem absolutamente nada com o projecto que concede uma pensão á viuva e filhos de Caldas Xavier. Este projecto já tem parecer das commissões que o examinaram e está á espera que o sr. presidente o de para ordem do dia.

Repito, este projecto é independente do outro a que o digno par se referiu.

O sr. Presidente: - Tenho a advirtir o digno par de que deu a hora.

O Orador: - Concluo em dois ou tres minutos.

O sr. Presidente: - Peço então ao digno par que seja breve porque a sessão não está prorogada.

O Orador: - Vae terminar. As commissões de guerra e marinha não se reuniram ainda, mas toda a gente sabe a rasão d'isso.

Conclue dizendo que ámanhã ou na proxima sessão apresentará um projecto de lei que se destine a dar postos de distincção ao coronel Galhardo e ao capitão Mousinho de Albuquerque e muito desejaria que o sr. ministro da guerra dissesse se o acceita formulado segundo as indicações que acabava de fazer ou se exige algum artigo que previna o atrazo da promoções dos que ficam á esquerda dos agraciados.

(O discurso do digno par publicar-se-ha na integra quando s. exa. se dignar rever as notas tachygraphicas.)

O sr. Conde de Thomar: - V. exa. inscreveu-me?

O sr. Presidente: - Sim, senhor, está inscripto.

A seguinte sessão será no sabbado, 8 do corrente, e a ordem do dia o parecer sobre o bill e a que estava dada para hoje.

Está levantada a sessão.

Eram cinco horas e cinco minutos da tarde.

Dignos pares presentes a sessão de 5 de fevereiro de 1896

Exmos. srs.: Luiz Frederico de Bivar Gomes da Costa; cardeal patriarcha de Lisboa; Marquez das Minas; Arcebispo de Evora; Arcebispo do Algarve; Bispo-Conde de Coimbra; Condes, da Azarujinha, do Bomfim, de Cabral, de Carnide, de Lagoaça, de Magalhães e de Thomar; Bispos de Beja e de Vizeu; Viscondes de Athouguia, da Silva Carvalho; Moraes Carvalho, Sá Brandão, Serpa Pimentel, Arthur Hintze Ribeiro, Ferreira Novaes, Cypriano Jardim, Sequeira Pinto, Ernesto Hintze Ribeiro, Margiochi, Frederico Arouca, Jeronymo Pimentel, Gomes Lages, Baptista de Andrade, Pessoa de Amorim, Marçal Pacheco, Sebastião Calheiros, Thomás Ribeiro e Thomás de Carvalho.

O redactor - Alves Pereira.