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100 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

tal, dar conselhos ao sr. ministro do reino, e trouxe isto apenas para mostrar que em tudo quanto eu disse n'esta casa não houve, me parece, o mais pequeno aggravo para pessoa alguma.

Diz o sr. relator:

"Nós não folgâmos com as desgraças que nos succedem, nós folgâmos porque o incidente se resolvesse por esta fórma."

Em todo o caso, o que eu não queria era que se visse n'esse facto motivo para dar uma prova de contentamento n'uma occasião que, francamente, é triste para todos.

E nós deviamos mesmo, por attenção para com aquelles valentes soldados, que se viam forçados pela disciplina a praticar um acto que, certamente, lhes custou muitissimo, aproveitar a occasião para lhes mostrarmos a consideração e respeito que temos por elles, para que não digam que estamos aqui a folgar, emquanto elles estão amargurados. É necessario lembrarmo-nos de que pôde, apparecer um momento de perigo; que não venham elles dizer-nos: Cantavam? Pois dancem agora. Parece-me tambem muito conveniente e decoroso mostrarmos ás nações que nós não nos alegramos com tudo quanto nos fazem.

Mas eu não quero cansar a camara; ella fará o que lhe parecer melhor, e o sr. relator acceitará ou não a emenda, depois das explicações que dou e que me parecem ser sufficientes, em vista do que s. exa. me declarou.

O meu additamento tambem foi julgado inconveniente ou, ao menos, desnecessario, pelo sr. ministro do reino, por isso que s. exa. diz que, no discurso da corôa, se falla no melhoramento das condições de exportação dos nossos vinhos communs e na cultura de vastos tractos de terreno, que no paiz se acham improductivos e que muito importa valorisar, etc.

Ora, eu estimei immenso que, na verdade, no discurso da corôa, se dissesse isto, porque é mais um motivo para haver rasão de se acceitar o meu additamento. Se não houvesse nada com relação á agricultura, poderia parecer que isto era, não digo um cheque, mas um quinau ao governo.

Mas, no projecto em discussão, nós não respondemos nada propriamente com relação á agricultura, juntamos tudo e dizemos: "A camara examinará, com a devida attenção que lhe cumpre, as providencias, etc. ..."

Por conseguinte, para que nós respondamos com mais precisão ao que o discurso da corôa diz com relação á agricultura, é até necessario que seja acceito o meu additamento ou outro similhante.

E entendo eu que a agricultura bem merece esta especialisação na resposta, pois que é ella a base da riqueza publica.

Argumento, collocando-me no ponto de vista da propria maioria.

N'estes termos, folgo em que a camara não possa ter duvidas em acceitar a minha emenda e o meu additamento.

Se eu não estivesse fallando perante o digno relator da commissão, mas sim perante um homem que não tivesse, como s. exa. tem, uma larga experencia da vida publica, nem fosse considerado em toda a parte como um escriptor primoroso, poderia magual-o, mas eu estou certo de que s. exa., por fórma alguma, se melindra por eu apresentar uma emenda de redacção ao seu projecto.

Sr. presidente, alem de tudo quanto disse, acrescentarei ainda que muito convem a esta camara que se não possa dizer que nós, as sentinellas perdidas, como nos chamou o sr. D. Luiz da Camara Leme, em nada influimos nas decisões d'esta assembléa e por isso melhor fôra não estarmos aqui.

Nada mais acrescentarei, repetindo apenas os meus sinceros votos por que esta illustre assembléa acceite a innocente emenda e o innocentissimo additamento.

O sr. Antonio de Serpa (relatou): - Sr. presidente, depois de agradecer ao digno par, o sr. conde de Bertiandos as benevolas, benevolissimas expressões que me dirigiu, expressões devidas á sua amizade, eu tenho a dizer a s. exa. que continuo nas mesmas impressões quanto á emenda ao additamento,

Está claro, como disse já, e repito agora, que eu não teria duvida alguma em empregar os termos de que s. exa. usou, quando redigi o periodo da resposta ao discurso da corôa, que trata de assumptos variadissimos, não alterássemos senão um paragrapho relativo a um assumpto internacional, esse facto poderia dar logar a variadas considerações e ter consequencias pouco agradaveis.

Isto pelo que respeita á emenda.

Pelo que toca ao additamento, está claro que em these tambem nenhuma duvida teria em acceital-o.

Mas o que diz elle?

Nada que não esteja incluido na essencia do discurso da corôa e da resposta da camara.

Assim, se acaso a camara o acceitasse, parecia-me que daria a entender que o discurso da corôa se não occupa da agricultura e que necessario era recordar esse lapso.

Ora o discurso da corôa falla exactamente nas duas questões de agricultura mais importantes para o nosso paiz, e diz:

"A cultura de varios tractos de terreno que no nosso paiz se acham improductivos e que muito importa valorisar, e o melhoramento das condições de exportação dos nossos vinhos communs."

O digno par é muito mais competente do que eu em cousas de agricultura; mas parece-me que são estas as duas questões mais importantes que interessam á agricultura.

É minha opinião, como hontem já disse, que esta camara deve continuar as suas antigas tradições: votar a resposta ao discurso da corôa como um simples cumprimento ao chefe do estado, reservando para em occasião opportuna, quando aqui vierem as propostas de lei do governo, discutir então os assumptos de que ellas tratam.

O sr. Conde de Lagoaça: - Embora o ministerio esteja, pelo menos, quanto ao orador, muito bem representado, visto que é muita a sympathia que lhe inspiram os dois srs. ministros que estão presentes, não póde deixar de lastimar a ausencia dos collegas de s. exas.

Nos dois primeiros dias d'esta discussão ainda nos fizeram a honra de comparecer todos; ante-hontem faltaram dois, os nobres ministros dos estrangeiros e da justiça; hoje faltam cinco, se esta discussão se prolonga, não vem cá nenhum.

Como na ligeira replica que deseja dar ás explicações do governo, tem necessidade de se referir aos srs. ministros que não estão presentes, parece que não deve deixar de tornar saliente a falta que aponta, e de accentuar claramente qual a situação do sr. ministro da marinha em face d'esta camara e do paiz.

N'esta discussão tem-se tratado principalmente de factos importantes á pasta da marinha, um dos quaes a questão do monopolio do alcool assumiu uma certa gravidade; pois, apesar d'isso o titular d'essa pasta só veiu aqui um dia para dizer o que melhor fóra que dissesse na camara dos senhores deputados, e hoje que essa discussão continua, não apparece n'esta camara!,

Tomo a liberdade de censurar este facto e de protestar energicamente contra elle.

Pediu a palavra quando o nobre ministro do reino, na replica com que o honrou, pareceu querer insinuar que o orador havia posto em duvida a honestidade pessoal do sr. Capello.

Protesta contra similhante insinuação, e a camara se está lembrada das palavras que proferiu, far-lhe-ha a justiça de confirmar que resalvou, não só a respeitabilidade pessoal de todos os srs. ministros, e muito especialmente