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DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES NO REINO 119

dei para a mesa não estão taes quaes as palavras que proferi, pelo menos as idéas são exactamente as mesmas.

O sr. Presidente: - Pediria eu a todos os dignos pares que fossem indulgentes para o corpo tachygraphico, que não tem voz n'esta casa para se poder defender, e que s. exas. tivessem em vista as más condições acusticas da sala, porque, como muitas vezes tenho dito, apesar do desejo que tenho de ouvir os discursos dos dignos pares, mesmo para melhor dirigir, como me cumpre, os trabalhos da camara, o facto é que a maior parte das palavras que os dignos pares pronunciam não chegam á presidencia, e com muita mais rasão deixarão de ser perceptivas na mesa dos tachygraphos.

Occasiões ha, e uma dellas foi quando o digno par fallou, em que muitas pessoas não estranhas ao parlamento, mas a esta casa, se collocam entre o orador e os tachygraphos para melhor ouvirem o orador, sobre tudo quando elle se torna tão notavel como o digno par, e d'esta maneira mais se aggrava para a tachygraphia a dificuldade de ouvir o que se diz.

Posso affirmar á camara, que da parte do corpo tachygraphico ha a melhor vontade de bem desempenhar o seu dever, e que, não obstante as más condições acusticas da sala, como já ponderei, elle redobra todos os dias de exforços para satisfazer o melhor possivel a difficil missão que lhe é commettida.

Peço, portanto, não só ao sr. conde do Casal Ribeiro, mas a todos os dignos pares, que em relação ao serviço tachygraphico tenham indulgencia com as faltas que elle não poderá deixar de commetter, em vista das circumstancias que acabei de notar.

O sr. Conde do Casal Ribeiro: - V. exa. dá-me licença para fazer uma pequena rectificação?

O sr. Presidente: - Sim, senhor. Tem v. exa. a palavra.

O sr. Conde do Casal Ribeiro: - Não sei se v. exa. reparou, mas eu tinha dito já, com relação ao serviço tachygraphico, que algumas d'estas notas estão muito regulares; ha quartos em que não é preciso tocar, o que prova que ha bons tachygraphos. Ha, porém, outros que não são tão correctos, mas que certamente podem vir a aperfeiçoar-se no seu trabalho.

Concordo completamente com o que v. exa. disse, e eu sou o primeiro a fazer justiça a todos os srs. tachygraphos, que realmente fazem o seu trabalho o melhor que podem. Uns serão mais correctos, outros sel-o-hão menos, ou porque o ouvido não é tão perfeito, ou porque o orador se voltou para o lado, ou por qualquer outra circumstancia.

Tenho concluido.

O sr. Presidente: - Tem a palavra o sr. Mártens Ferrão.

O sr. Martens Ferrão: - Direi muito poucas palavras.

Eu entendo que a camara não póde acceitar a escusa do sr. conde do Casal Ribeiro de vogal da commissão de resposta ao discurso da corôa.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros: - Apoiado.

O Orador: - Quando a camara dos pares vota um nome tão illustre como o do meu antigo amigo o sr. conde do Casal Ribeiro, não póde reconsiderar. (Apoiados.) Nada mais tenho a dizer sobre este assumpto.

O sr. Presidente: - Eu espero que o sr. conde do Casal Ribeiro não insistirá no seu pedido.

O sr. Conde do Casal Ribeiro: - É um assumpto que submetto á discrição de v. exa., como submetterei qualquer outro a um homem de recto e são juizo, que todos respeitâmos.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Fontes Pereira de Mello): - Os esclarecimentos pedidos pelo sr. Vaz Preto serão remettidos a esta camara logo que estejam promptos.

Com relação, porém, a algumas palavras que s. exa. soltou com referencia ao que eu disse em uma das sessões passadas, explical-o-hei pela muita consideração e respeito que tenho por esta camara.

O que eu n'essa occasião respondi de passagem a uma observação feita por um digno par, referindo-se á ultima nomeação de pares, foi que essa nomeação pertencia ao poder moderador.

Fui então interrompido, como querendo-se fazer acreditar que eu me subtrahia á responsabilidade d'essa nomeação, e por isso respondi que a responsabilidade era minha, e toda minha, e que nos limites d'essa responsabilidade tinha usado de um direito, para o qual tinha os poderes necessarios.

Estas palavras não importam offensa nem desconsideração para com á camara, nem tão pouco menos attenção para com o digno par.

A camara sabe perfeitamente que eu represento aqui um poder politico do estado, assim como a camara pertence a outro. Por isso entendo que nos devemos respeitar mutuamente, para o que temos os meios necessarios ao nosso alcance.

O poder que eu represento deve ser respeitado, assim como eu respeito e considero a camara dos pares, a que tenho a honra de pertencer.

(O orador não reviu as notas tachygraphicas.)

O sr. Vaz Preto: - É exactamente porque nos devemos respeitar, que é necessario que cada um se compenetre dos seus direitos e obrigações, pois que somos dois poderes distinctos - o poder executivo e o poder legislativo.

Se o sr. Fontes estava n'essas idéas, porque não se apressou logo a dar a satisfação á camara que lhe era devida. Foi bom que lhe viesse o arrependimento, ainda que um pouco tarde.

Tinham-me soado mal as palavras do sr. presidente do conselho, quando s. exa. disse que não tinha que dar satisfações á camara dos pares.

Essas palavras é que eu quero levantar; e se estivesse presente na occasião em que s. exa. as proferiu, tel-o-ia feito immediatamente.

Eu fallo por mim, e não pelos meus collegas, porque cada um d'elles sabe perfeitamente zelar a sua dignidade e a do parlamento.

O que eu desejo é que se fique entendendo que o sr. presidente do conselho explicou as suas palavras, e, respeitando esta camara, lhe deu e dará todas as satisfações que lhe forem devidas.

Estimei muito ouvir, por parte do governo, a declaração de que serão mandados a esta camara os documentos acercadas gratificações e ajudas de custo de que tanto necessito, e que, vae em mais de dois annos, solicito constantemente.

Já não é sem tempo.

O sr. Presidente: - Tem a palavra o sr. marquez de Sabugosa.

O sr. Marquez de Sabugosa: - Eu não tinha pedido a palavra, mas uma vez que v. exa. ma concede, farei uso d'ella.

O sr. Costa Lobo: - Eu é que pedi a palavra a v. exa.

O sr. Presidente: - Peço perdão aos dignos pares, eu darei opportunamente a palavra ao sr. Costa Lobo, mas primeiro vou concedel-a ao sr. Ferrer, que a pediu sobre a ordem.

Tem a palavra o sr. Ferrer.

O sr. Ferrer: - Sr. presidente, pedi a palavra para mandar para a mesa uma representação assignada por muitos e respeitaveis cidadãos, que foram encarregados por um comicio ultimamente realisado em Villa Real, de redigir e fazer chegar a esta camara o documento que apresento.