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118 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

ções dos templos pareço estar no animo de todos, e ser acceita por todos, é preciso obstar a que ella seja illudida na pratica.

Por isso, eu peco ao governo que na futura lei eleitoral se determine bem que as eleições não se façam nas igrejas, porque se ficar na lei alguma excepção as auctoridades locaes tomam qualquer pretexto para as fazerem nas igrejas.

Como eu já disse aqui, ellas podem fazer-se nos paços municipaes ou nas escolas publicas.

Felizmente não se encontra hoje um grupo de tres ou quatro freguezias em que não haja uma escola.

Pois se em Roma, cidade onde ha muitos edificios publicos e muitos palacios, as eleições se fazem nas praças publicas, onde se levantam toldos para a urna, não é muito que em Portugal se façam n'uma casa de escola, embora para isso levantem tambem um toldo, se quizerem para maior commodidade dos eleitores.

Sr. presidente, é grande e importante o serviço e o favor que o governo vae fazer á religião, aos seus ministros e á piedade do povo portuguez.

Peço pois, ao sr. ministro do reino que, a dignar-se de fazer este favor, o faça completo, isto é, que não deixe na lei algum alçapão, deixe-me dizel-o assim, senão fogem outra vez por elle as eleições para os templos.

Sr. presidente, tenho sido em differentes epochas appellidado, umas vezes de reaccionario e outras de liberal. Não sou nem uma nem outra cousa; sou bispo catholico e cidadão portuguez. Pois com a minha isenção de todos os partidos e de todos os exageros religiosos e politicos; com a força da minha fé, da minha consciencia e da minha convicção; e com o amor ardente e entranhado que tenho ao meu paiz, eu peço encarecidamente ao governo que seja inteiro, rasgado e completo o importante serviço que lhe vae prestar. E se assim o fizer, não lhe faltarão os applausos do publico, nem as bençãos do céu, nem as bençãos da terra.

O sr. Ministro da Marinha (Barros Gomes): - Como unico membro que está presente do governo, faltaria a um dever de cortezia o de respeito para com o digno par que tão nobremente acaba de fallar, se não me apressasse a agradecer em nome do mesmo governo as palavras de apoio e applauso que s. exa. acaba de lhe dirigir.

Eu desconhecia as resoluções do sr. presidente do conselho, a que o digno par se referiu, pelo que respeita á questão das eleições dentro das igrejas, mas não ignoro que seja esse o seu desejo, que tambem o é, desde muito, dos estadistas que nos têem precedido no exercicio do poder. Ha muito que se deseja evitar nos templos os actos eleitoraes, que por vezes se podem tornar, pela lucta mais accesa das paixões politicas, origem de conflictos improprios d'aquelles logares.

Tem-se recuado até hoje pelas difficuldades praticas de o conseguir. Estarão as cousas n'este momento a ponto de podermos prescindir por inteiro d'esse recurso?

Quero crer que sim, desde que o digno par repetiu as palavras do chefe do gabinete.

Por minha parte folgarei muito de apoiar essas idéas e farei quanto em mim caiba para que ellas se realisem.

E agora devo dizer a v. exa. e á camara, embora não deseje tomar muito tempo, que não posso deixar de ver com satisfação o episcopado portuguez, tão dignamente representado pelo nobre bispo conde de Coimbra, mais uma vez afirmar a intenção em que está de auxiliar o poder civil e de manter aquelles principios de ordem, auctoridade e concordancia entre a Igreja e o estado, que são fundamentaes para vencer as difficuldades que por todos os lados ameaçam a sociedade. É esta a generosa e elevadissima politica do Pontifice que neste momento rege a Igreja de Christo e que, pela maneira altissima porque considera e procura resolver os mais complexos problemas sociaes e a questão das relações entre o poder civil e o poder ecclesiastico, tem sabido occupar gloriosamente a cadeira de S. Pedro.

Não posso deixar de dizer que felizmente a constituição portugueza assignalou o seu logar á igreja catholica; felizmente a mesma constituição deu logar n'esta camara a todo o episcopado portuguez, e ainda, felizmente, na universidade sé mantem o ensino das sciencias theologicas, ao lado das sciencias sociaes.

E justo é que seja assim.

Não ha duvida em que o poder civil e ecclesiastico se devem auxiliar reciproca e mutuamente para o desenvolvimento regular e harmonico de toda a sociedade portugueza.

Emfim, sem me alargar em mais considerações, conte o respeitavel prelado de Coimbra que transmittirei ao sr. presidente do conselho as suas palavras.

Tambem ao meu collega o sr. ministro da fazenda farei sciente das expressões de s. exa. a seu respeito, e que tanto mais são para agradecer, vindas de tamanha auctoridade, quanto são opportunas numa occasião em que aquelle meu collega está sendo alvo de uma guerra violenta e traiçoeira, que poderia influir desfavoravelmente nas suas faculdades de trabalhador, se s. exa. se não preocupasse acima de tudo com os deveres e responsabilidade do seu cargo e com a sua vontade de bem servir o paiz.

S. exa. não reviu.

ORDEM DO DIA

O sr. Presidente: - Passâmos á ordem do dia.

Queiram os dignos pares organisar as suas listas para as commissões de negocios externos e de legislação que se vão eleger simultaneamente.

Feita a chamada, corrido o escrutinio, e tendo servido de escrutinadores os dignos pares conde de Paraty e Anselmo Bramcamp, verificou-se terem entrado na uma 21 listas, e apurou-se o seguinte resultado para a

Commissão de negocios externos

Serpa Pimentel, com 20 votos

Ernesto Hintze Ribeiro 20 "

Conde de Lagoaça 20 "

Bispo de Bethsaida 20 "

Rebello da Silva 20 "

Conde de Macedo 20 "

Conde de Thomar 20 "

Conde de Paraty 20 "

Agostinho Ornellas 20 "

Conde de Valbom 8 "

Frederico Arouca 8 "

Condo de Carnide 8 "

Tendo servido de escrutinadores os dignos pares Fernando Larcher e visconde de Athouguia verificou-se terem entrado na uma 27 listas, e apurou-se o seguinte resultado para a

Commissão de legislação

Antonio Candido, com 19 votos

Sá Brandão 19 "

Telles de Vasconcellos 19 "

Bazilio Cabral 19 "

Sequeira Pinto 19 "

Fernandes Vaz 19 "

Conde de Lagoaça 19 "

Conde do Casal Ribeiro 19 "

Julio de Abreu e Sousa 19 "

Moraes Carvalho 8 "

Antonio de Azevedo 8 "

Luiz Bivar 8 "