O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

N.º 10

SESSÃO DE 15 DE FEVEREIRO DE 1901

Presidencia do Exmo. Sr. Luiz Frederico de Bivar Gomes da Costa

Secretarios - os Dignos Pares

Visconde de Athouguia
Marquez de Penafiel

SUMMARIO

Leitura e approvação da acta. - O Sr. Presidente propõe que se lance na acta um voto de sentimento pela morte do general Antonio de Campos, commandante da 1.ª divisão militar. - Fallam, associando-se a esta proposta, os Srs. Presidente do Conselho, Antonio de Azevedo, Dantas Baracho e Sebastião Telles. E a proposta approvada por acclamação. - O Digno Par Polycarpo Anjos justifica a sua falta a algumas sessões, e declara os motivos por que não admittiria á discussão, se estivesse presente, o projecto apresentado pelo Digno Par Oliveira Monteiro. - O Digno Par Avellar Machado participa que se acham constituidas as commissões de redacção e do ultramar, e propõe que a esta ultima commissão sejam aggregados os Dignos Pares Ferreira do Amaral e Dantas Baracho, e á commissão de guerra o Digno Par Camara Leme. Estas propostas são approvadas. - O Digno Par Rebello da Silva justifica o motivo por que o Digno Par Coelho de Carvalho tem deixado de comparecer ás sessões.- O Digno Par Ferreira de Almeida trata da conveniencia que teria o Estado em adquirir os vapores da Mala Real Portuguesa para transporte de expedições coloniaes, e da necessidade do alargamento da rua do Arsenal, por ser uma das de maior transito na capital. Requer varios documentos relativos ás despesas feitas com o pessoal da secção portuguesa na exposição de Paris e ao transporte de tropas para o ultramar. - O Sr. Presidente do Conselho responde ás considerações do Digno Par Ferreira de Almeida quanto aos vapores da Mala Real Portuguesa e ao alargamento da rua do Arsenal. - O Digno Par Ferreira de Almeida faz ainda algumas observações sobre o primeiro d'aquelles assumptos. - O Digno Par Dantas Baracho justifica a falta do Digno Par Conde da Azarujinha a algumas sessões. Ordem do dia: discussão do projecto de lei (parecer n.° 1), que releva o Governo' da responsabilidade em que incorreu, promulgando providencias de caracter legislativo. - O Sr. Ministro da Guerra conclue o seu discurso, em resposta ao Digno Par Sebastião Telles. - O Digno Par Elvino de Brito começa a fazer uso da palavra, sustentando que no projecto do bill não estão incluidos todos os actos dictatoriaes do Governo, e fica com a palavra reservada para a sessão seguinte. - É levantada a sessão.

Pelas duas horas e trinta e cinco minutos da tarde, verificando-se a presença de 30 Dignos Pares, o Sr. Presidente declarou aberta a sessão.

Foi lida, e approvada sem Reclamação, a acta da sessão anterior.

Não houve expediente.

O Sr. Presidente: - Cumpro o doloroso dever de participar á Camara o fallecimento do Sr. General Antonio de Campos, commandante da 1.ª divisão militar, que prestou relevantes serviços ao exercito e ao país.

Creio que interpreto os sentimentos da Camara, propondo que se consigne na acta um voto de sentido pesar pela morte de um tão distincto general, e que se façam as communicações do estylo.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros (Ernesto Hintze Ribeiro): - Por parte do Governo associa-se ao voto de profunda magua proposto pelo Sr. Presidente. O Sr. General Antonio de Campos, commandante da 1.ª divisão militar, integro no cumprimento dos seus deveres, de uma vida purissima, e captivante pela affabilidade do seu trato, era estimado e venerado por todos os que o conheciam.

Não pode esquecer-se de que o extincto pertencia a uma familia considerada, da qual fazia parte o distincto parlamentar e mallogrado poeta Luiz de Campos; estimado não só pelos que militavam nas phalanges em que elle se alistara, como tambem pelos seus adversarios politicos.

Não pode igualmente esquecer-se de que é irmão do fallecido general um digno membro d'esta Camara, que, pelo seu caracter e qualidades, se impõe á estima e ao respeito de todos.

O illustre extincto fez parte da outra casa do Parlamento durante uma situação a que elle, orador, teve a honra de presidir, e ahi deu provas de uma cooperação leal e dedicada.

A memoria de Antonio de Campos bem merece a homenagem do respeito e saudade de toda a Camara. (Apoiados}.

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Antonio de Azevedo Castello Branco: - Pedi a palavra, Sr. Presidente, para, em nome dos Dignos Pares regeneradores, me associar ao voto de sentimento proposto por V. Exa. como homenagem á memoria do illustre extincto, que foi uma das glorias do exercito português.

O Sr. Dantas Baracho: - Sr. Presidente: depois das palavras sentidas e justas, proferidas pelo Sr. Presidente do Conselho, com relação ao fallecimento do Sr. Antonio de Campos, e depois da manifestação por parte do Sr. Antonio de Azevedo, em nome do partido regenerador, eu podia abster-me de tomar a palavra, se não tivesse tido a honra de servir sob as ordens do illustre extincto, e se não tivesse tido tambem a honra de o substituir no commando do regimento de lanceiros.

Sr. Presidente: sinto amargamente a falta d'aquelle oficial do exercito, a perda d'aquelle illustre general, porque, Sr. Presidente, posso, como testemunha presencial que muito tempo o acompanhou na carreira militar, comprovar quanto elle era escrupuloso em manter a disciplina, propagar a instrucção e conservar a boa ordem entre a familia militar. (Apoiados}.

Sr. Presidente: eu não venho fazer aqui um necrologio completo de Antonio de Campos; apenas quero dizer algumas palavras para significar á Camara que o exercito perdeu um bom official, o Rei e as instituições um bom servidor, assim como o país perdeu um cidadão prestante e benemerito. é isto o que tinha a dizer.

Vozes: - Muito bem.

O Sr. Sebastião Telles: - Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar, em nome da minoria progressista, ao voto de sentimento que V. Exa. acaba de propor pela morte do illustre General o Sr. Antonio de Campos.

A longa carreira militar d'este official, os serviços por elle prestados em differentes commissões de serviço, as qualidades elevadas e nobres do seu caracter, são a justificação suficiente para esta manifestação da Camara, e eu .pessoalmente associo-me a ella, porque tive relações de amizade com o illustre extincto e sempre admirei as suas qualidades como oficial e como cidadão.