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SESSÃO DE 28 DE MAIO DE 1890 216

É esta a unica observação que faço n'esta conjunctura.

No sentido da homenagem a que me referi, mandou para a musa uma proposta o digno par o sr. D. Luiz da Camara Leme. A minha proposta, que passo a ler, differe um tanto da de s. exa.

(Leu.)

Amplia, pois, a do digno par, sr. Camara Leme, fazendo incluir no voto de sentimento da camara o nome do tenente Valladim, e amplia-a ainda, lembrando a conveniencia de se transmittir o voto dos meus illustres collegas a todas as auctoridades civis, ecclesiasticas e militares de África, não só para que á homenagem por nós prestada á memoria d'esses briosos militares se de a maxima publicidade, como tambem para que o interesse que mostrámos pelos insucessos de que foram victimas os nossos compatriotas, seja como um estimulo á dedicação dos servidores do estado, que n'aquellas longinquas regiões tratam de illustrar o bom nome portuguez.

É bom que lá se saiba que o parlamento e a nação inteira que elle representa, não votam ao olvido a memoria dos briosos servidores que lidam no justo e louvavel empenho de engrandecer a patria.

Desejaria tambem que fosse igualmente transmittido ás auctoridades a que me referi, o voto de sentimento manifestado pela camara dos srs. deputados, mas como não posso apresentar proposta n'este sentido, o governo tara a este respeito aquillo que poder e tiver por mais conveniente.

Termino, declarando novamente que a proposta que mando para a mesa não anulla a que foi apresentada pelo digno par que me precedeu.

(O orador não reviu.)

Fui lida na mesa a proposta do sr. Costa Lobo, que é do teor seguinte:

Proposta

Proponho um voto de sentimento pela morte dos benemeritos tenente Valladim e subordinados do seu cominando, e de veneração á sua memoria por terem padecido a morte em serviço da sua patria.

Proponho um voto de sentimento pela morte do benemerito Silva Porto e de veneração á sua memoria pelos serviços prestados á sua patria.

Proponho que estes votos sejam transmittidos pelo governo a todas as auctoridades civis, militares e ecclesiasticas da Africa occidental e oriental para que lhes dêem a maxima publicidade.

Camara dos pares, em 28 de maio de 1890.= Costa Lobo.

Considerada urgente, foi immediatamente posta em discussão.

O sr. Presidente: - Varios dignos pares pediram a palavra quando estava fallando o sr. D. Luiz da Camara Leme.

Não sei se a pediram para tratarem do incidente que se levantou.

O sr. Vaz Preto: - Eu pedi a palavra sobre este assumpto, e tambem para mandar para a mesa um requerimento.

O sr. Conde do Bomfim: - Eu pedi a palavra sobre o assumpto que está, em discussão.

O sr. Presidente: - E o sr. Barros Gomes?

O sr. Barros Gomes: - Pedi a palavra para me referir á proposta do sr. Costa Lobo, e tambem para dirigir algumas perguntas ao sr. ministro da marinha.

O sr. Presidente: - E o sr. Lencastre?

O sr. Luiz de Lencastre: - Pedi a palavra para antes da ordem do dia, mas desejo tambem discutir a proposta do sr. Costa Lobo.

O sr. Presidente: - Tem então a palavra o digno par o sr. Vaz Preto.

O sr. Vaz Preto; - Sr. presidente, eu tinha pedido a palavra para antes da ordem do dia, pois desejava dirigir uma pergunta a um dos srs. ministros que se acham presentes, e n'esse intuito rogo a v. exa. que ma reserve, puis eu não desejo misturar assumptos diversos.

Emquanto ao assumpto declararei que eu e os meus amigos politicos concordavamos com a proposta do digno par o sr. Camara Leme; mas como a do sr. Costa Lobo é mais ampliativa, votamol-a de preferencia.

Sr. presidente, relevantes foram os serviços d'aquelles benemeritos e angustiosos os seus ultimos momentos; e já que a patria em vida não pôde premiar a sua leal e arrojada dedicação, ao menos que preste á sua memoria a homenagem e respeito que lhes é devido.

A camara dos pares votando, pois, a moção de sentimento, cumpre um dever.

Eu desejaria, pois, que a camara a votasse immediatamente como expressão sincera do seu sentimento, e não misturasse a sua discussão com outros e variados assumptos.

O sr. Conde do Bomfim: - Desejava pedir igualmente que esta camara se associasse á manifestação de sentimento votada pela camara dos deputados, porquanto ella não póde ficar indifferente aos desastres lamentaveis succedidos a cidadãos portuguezes, que, prestando serviços importantes ao seu paiz, acabam de ser massacrados.

Era preciso uma lição assim, para mostrar aos homens datado a necessidade absoluta de não confiar unicamente no patriotismo dos régulos avassallados, e para indicar igualmente o quanto é necessario sair do caminho que se tem seguido, para se affirmar realmente a nossa posse effectiva na África.

Aproveita, pois, o orador a occasião para pedir solicitamente ao actual governo que entre n'esse caminho, e empregue toda a sua actividade para que realmente as nossas provincias ultramarinas sejam guarnecidas de uma fórma mais adequada.

Mandou para a mesa os seguintes requerimentos:

"Requeiro que, pelo ministerio dos negocios da guerra, me seja remettida para esta camara a copia do requerimento feito pelo antigo coronel de cavallaria, hoje general, o sr. Froes, allegando preterição, quer este exista ainda no ministerio da guerra ou no supremo tribunal administrativo, aonde já devia ter subido. E n'esta ultima hypothese, copia do despacho n'elle proferido ou informação do destino que seguiu.

"Requeiro que, pelo ministerio dos negocios da guerra, sejam remettidos, com urgencia, para esta camara as informações ou documentos, que serviram de base, para as promoções dos coroneis do corpo de estado maior promovidos por decreto de 21 deste mez, ordem do exercito n.° 20 de 24 do mesmo mez, para contagem da antiguidade do posto, referido a 14 do corrente, isto é, á data anterior áquelles dois decretos que lhos conferiram. E tambem copia dos decretos d'estas promoções."

(O discurso do digno par será publicado na integra quando s. exa. restituir as notas taclygraphicas.)

O sr. Rodrigo Pequito: - Fui precedido no que tinha a dizer pelos dignos pares srs. D. Luiz da Camara Leme e Costa Lobo. Já na sessão de hontem eu presumi que seria precedido por este digno par, em virtude das palavras que s. exa. pronunciou quando se referiu aos ultimos acontecimentos de África. Ainda bom que s. exa. me antecedeu, porque lamentou com expressões de certo mais eloquentes do que as minhas, porém não menos sentidas, a perda de um portuguez illustre com relevantes serviços á causa africana

Silva Porto, como a camara sabe, trabalhou em África durante cincoenta annos. Foi ali estabelecer-se como negociante. Pelas viagens que fez, internando-se no continente e chegando muitos dos seus aviados á contra-costa, adquiriu amplo conhecimento d'aquelles territorios, isto em epochas em que ainda as cartas africanas não determinavam