O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

N.° 8 SESSÃO DE 3 DE NOVEMBRO DE 1894

Presidencia do ex.mo sr. Luiz Frederico de Bivar Gomes da Costa

Secretarios — os dignos pares

Conde d’Avila

Augusto Cesar Ferreira de Mesquita

SUMMARIO

Leitura e approvação da acta. — Correspondencia. — Entrou na sala, prestou juramento e tomou assento o sr. visconde de Athouguia. — O sr. presidente noticia á camara o fallecimento de sua Magestade o Imperador da Russia, e, fazendo o elogio do finado, propõe que na acta se lance um voto de sentimento por aquelle acontecimento. Associa-se a esta proposta, por parte do governo, o sr. ministro da justiça. O digno par Antonio de Serpa manda para a mesa o projecto de resposta ao discurso da corôa, e, associando-se á proposta do sr. presidente, propõe mais que, por aquelle motivo, se encerre a sessão. O digno par José Luciano de Castro faz o elogio do finado Imperador, e declara que vota todas as manifestações de sentimento. O sr. presidente, interpretando os sentimentos da camara, encerra a sessão, depois de annunciar que o parecer, enviado para a mesa pelo digno par Antonio de Serpa, vae a imprimir, e de ter marcado a proxima sessão, bem como a respectiva ordem do dia.

Ás duas horas o vinte minutos da tarde, achando-se presentes 21 dignos pares, o sr. presidente declarou aberta a sessão.

Leu-se a acta da sessão precedente, que foi approvada sem reclamação.

Entrou na sala, prestou juramento e tomou assento o sr. visconde de Athouguia, tendo servido de introductores os dignos pares visconde da Silva Carvalho e Firmino João Lopes.

Mencionou-se a seguinte:

Correspondencia

Officio do sr. presidente do conselho, remettendo 170 exemplares do relatorio e propostas de fazenda apresentadas á camara dos senhores deputados cm sessão de 29 do mez passado.

Estava presente o sr. ministro da justiça.

O sr. Presidente: — Peço a attenção da camara.

Os dignos pares sabem, infelizmente, que a uma pertinaz o crudelíssima enfermidade succumbiu, ainda em pleno vigor da vida, Sua Magestade o glorioso Imperador da Russia, Alexandre III.

Esta infausta noticia lançou aquelle grande imperio em luto, e deve ter causado profundíssimo sentimento em toda a Europa e mais paizes cultos do mundo.

A camara quererá, de certo, exarar na acta da sessão de hoje um voto de sentimento por este tão doloroso acontecimento. (Muitos apoiados.)

Em vista da manifestação da camara, lançar-se-ha na acta o voto de sentimento, e esta resolução será devida e convenientemente participada a Sua Magestade a Imperatriz viuva e ao actual soberano.

O sr. Ministro da Justiça (Antonio d’Azevedo Castello Branco): — Sr. presidente, tenho a declarar que por parte do governo me associo á proposta de v. ex.a, que a camara acaba de ouvir, para que na acta da sessão se lavre um voto de profundo sentimento pela morte do Imperador da Russia.

Esta noticia, apesar de prevista ha bastante tempo,

porque o mundo estava assistindo ao espectaculo terrível da lucta da sciencia com a acção implacável da natureza, esta noticia, digo, repercutiu por toda a parte com echo lugubre.

De facto, a morte de Alexandre III não é um acontecimento que seja só para memorar nas largas paginas da historia da Russia.

Se este vastíssimo imperio lhe deve o ter extinguido por completo as crateras dos vulcões do nihilismo e, sob um regimen, ao mesmo tempo paternal, firme e energico, a prosperidade e a civilisação, outras glorias pertencem ao illustre soberano: as de ter conservado, durante alguns annos, a paz da Europa.

A Europa, este vastíssimo acampamento militar, póde assim entregar-se livremente ao estudo da sciencia, ao desenvolvimento do commercio e da industria, e o fallecido Imperador adquiriu talvez maior jus á gratidão dos povos do que se se tivesse abalançado ás emprezas mais épicas, e triumphasse nos maiores feitos do gloria.

E é por isso que a Europa tem de prestar este preito de saudade e de sentimento á memória do fallecido Imperador; e que nós, apesar de occuparmos na Europa um logar modestissimo, não podemos deixar de render igual homenagem a quem tão altos serviços prestou á civilisação e á humanidade. (Apoiados.)

(O orador não reviu.)

O sr. Antonio de Serpa: — Sr. presidente, eu tinha pedido a palavra, por parte da commissão de resposta ao discurso da corôa, para mandar para mesa, o que faço, o respectivo projecto; mas, já que estou com a palavra, permitta-se-me que, referindo-me á morte de Sua Magestade o Imperador da Russia, eu acrescente á proposta de v. ex.a, para que por tal facto se lance na acta um voto de sentimento: a de que pelo mesmo motivo a sessão seja encerrada. (Apoiados.)

(O orador não reviu.)

O sr. Presidente: — Estão inscriptos varios dignos pares, e eu darei a palavra áquelles que desejarem usar d’ella sobre este incidente lutuoso.

O sr. José Luciano de Castro: — Sr. presidente, eu entrava n’esta sala quando o sr. ministro da justiça fallava a respeito do triste incidente que estamos lamentando.

Sabendo que a camara trata n’esta occasião de prestar homenagem solemne á memória de Sua Magestade o Imperador da Russia, eu não posso deixar de, por mim e pelos meus amigos, me associar ás palavras do sr. ministro da justiça e do sr. Antonio de Serpa, accentuando n’estas poucas palavras que principalmente lamento a morte do grande monarcha porque, pelas suas qualidades moraes, pela sua grande intelligencia e pela comprehensão das necessidades da epocha em que viveu, soube ser o arbitro da paz e inaugurar na Europa um periodo de tranquillidade de que felizmente estão gosando todas as nações.

Dito isto, declaro que me associo á proposta do sr. Antonio de Serpa, para que a camara dos dignos pares levante a sua sessão em signal de luto e dor por tão triste acontecimento. (Apoiados)

(O orador não reviu.)

12