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DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO 77

e ninguem mais do que eu faz verdadeira justiça ao seu caracter, e presta maior tributo á sua; intelligencia. S. exma. muito bem o sabe. Repito, que sinto não estar de accordo com s. exma., mas eu entendo que as duas casas do parlamento não devem fazer senão o que esteja em perfeita harmonia com a lei do estado, e portanto nenhuma verba de despeza póde ser auctorisada por nenhuma das camaras de per si, sem que deva ter sido approvada por ambas e sanccionada pelo poder moderador; esta é que é a verdadeira praxe a seguir (apoiados).

O sr. Presidente: - Eu devo dar uma explicação ao sr. visconde de Chancelleiros, e estou convencido que satisfará o digno par.

Quando esta camara approvou a proposta para a reforma do regimento e elegeu a respectiva commissão para esse fira, não lhe impoz restricção de qualidade alguma, e por consequencia, como no mesmo regimento se refere ás repartições da camara, que estão dependentes da mesa, está implicitamente reconhecido que a camara não só entendeu que a commissão podia reformar o regimento, como tambem as repartições de sua dependencia, propondo qualquer organisação d'ellas que entendesse mais conveniente, e a commissão portanto não se póde eximir de tratar d'esta importante, parte do regimento, visto que nenhuma restricção lhe foi imposta, como acabei de dizer, e é essa uma parte da sua missão a cumprir.

O sr. Visconde de Chancelleiros: - Depois de repetir a sua declaração, quanto a tomar parte activa nos trabalhos da commissão da reforma do regimento, no caso de se entender que a acção da mesma não se restringe ao serviço interior da camara para a melhor ordem das suas sessões, mas tem a liberdade de acção para levar a ordem e a regularidade a todas as repartições dependentes da mesa d'esta camara; passou a mostrar a necessidade de assim se fazer pela exposição de alguns defeitos no modo do serviço relativo á publicação das sessões. O orador entendeu que não podia esquivar-se a faze-lo assim, apesar de tambem ser benevolo com todos os empregados da camara, tanto para justificar as suas idéas, como porque não considerava o que se diz agora senão como uma conversação familiar.

O sr. Presidente: - Quando se discutiu a proposta para a eleição da commissão do regimento d'esta camara, tratou-se da secretaria da camara e suas dependencias, como se vê pelo titulo 9.° do mesmo regimento. Logo, estão satisfeitos os desejos do digno par, quer dizer dentro dos limites de que a commissão foi encarregada.

A tachygraphia não tem voz n'esta casa, e a camara ha de permittir que eu diga duas palavras a respeito do que acaba de expor o sr. visconde de Chancelleiros. Eu tenho tido a honra de fazer parte de alguns congressos que tem havido fóra do paiz, e n'esses congressos nunca se deixou de mandar a versão das notas tachygraphicas aos oradores, porque, por mais attenção que os tachygraphos dêem, acontece haver palavras que não se ouvem bem; e nas circumstancias acusticas desta casa, não admira que repetidas vezes se dêem d'estes casos. E necessario que nós sejamos benevolos para com uma repartição que, entre nós, ainda não chegou ao grau de perfeição que é para desejar, e a que já tem chegado em outros paizes; mas espero que havemos de chegar a elle como é mister e todos desejamos.

Como disse, as condições d'esta casa não são as melhores, e eu declaro que, por mais attenção que de aos discursos dos dignos pares, acontece que muitas vezes não os ouço. Ora, á tachygraphia ha de necessariamente acontecer o mesmo, e este é um mal que se deve procurar evitar do melhor modo que for possivel.

O sr. Visconde de Chancelleiros: - Parece-me que se póde prover de remedio a todos estes inconvenientes se v. exma. se inspirar de benevolencia para com todos os empregados em todos os actos do serviço, pelo desejo de que esses serviços sejam prestados como devem ser.

Se esta casa tem más condições acusticas, como creio, em todo o caso o remedio é facil, e muito mais facil do que foi o construir-se esta casa em taes condições.

Ha um expediente, do qual se devem colher bons resultados, segundo me parece, que é collocar é orador em logar proximo de quem está colhendo os apontamentos. Basta que se assente uma; tribuna, como ha na outra camara, para a qual eu algumas vezes fui, quando tive a honra de ser deputado, e onde se está com mais desafogo.

Portanto, parece-me de grande conveniencia que se procure organisar o serviço da publicação das nossas sessões, de fórma que seja o mais perfeito possivel, a fim de que os discursos que aqui pronunciamos tenham a devida publicidade, como a devem ter no systema constitucional que nos rege.

O sr. Visconde de Fonte Arcada: - Eu tinha pedido a palavra para dar uma pequena explicação.

O sr. Presidente: - Tem v. exma. a palavra.

O sr. Visconde de Fonte Arcada: - Sr. presidente, a phrase que referiu o sr. visconde de Chancelleiros, e que vem no extracto da sessão, é justamente aquella de que me servi. Eu disse que de todos os membros do parlamento o menos competente para entrar nas discussões era eu. É verdade que o primeiro periodo do meu discurso estava confuso, não se podia entender bem o que eu queria dizer, mas, quanto aquella phrase, effectivamente não houve falta de exactidão.

O sr. Marquez de Vallada: - Sr. presidente, peço licença para dizer duas palavras sobre este assumpto, não como resposta ao sr. visconde de Chancelleiros, porque não contrario os bons desejos nem as boas idéas que s. exma. manifestou.

Tive a honra de ser secretario desta camara em duas ou tres legislaturas; por esse tempo vi e com muito prazer pude provar a aptidão dos cavalheiros que fazem parte da repartição tachygraphica d'esta casa.

Tenho idéas minhas sobre a organisação da tachygraphia, não sei se póde ser desagravei a alguem a manifestação d'ellas, mas eu entendo que este serviço é um serviço especial varias vezes o disse ao sr. Freineda, n'esse tempo chefe da repartição, á qual entendo que não convem pela sua especialidade applicar o principio da antiguidade. Esta é uma idéa minha com relação a este ponto que, como disse, vi de perto, e eu costumo manifestar as minhas idéas com a maior franqueza possivel.

O sr. visconde de Chancelleiros referiu-se igualmente á repartição de redacção, dirigida por um cavalheiro, do qual não occulto que tenho sido amigo, muito habil, muito instruido, muito consciencioso no seu trabalho, e que vi sempre dar provas de entender o que escrevia e examinava.

Entretanto é verdade que defeitos se têem notado algumas vezes em discursos de diversos oradores, mas não é possivel, dadas certas circumstancias, algumas das quaes já se mencionaram aqui attingir a perfeição.

O que nos cumpre a nós todos é tratar, quanto caiba nas nossas forças, de melhorar a repartição tachygraphica (apoiados). Não sei se existe a aula pratica para os empregados; mas eu quereria que se estabelecessem premios para aquelles que dessem maiores provas de aptidão (apoiados), e os que se inhabilitassem tivessem logo a sua reforma (apoiados).

Isto é necessario que se faça (apoiados), e estou certo que a commissão a quem a camara commetteu este negocio o ha de examinar em todas as suas faces, e accordar no melhor e mais pratico.

Approvo tambem a idéa do digno par, de que se estabeleça uma tribuna, porque os srs. tachygraphos poderão ouvir então muito melhor o que se diz.

Hoje não faço a proposta, porque já não estamos em numero para deliberar, mas fa-la-hei na primeira sessão, unindo os meus votos aos de s. exma., para que se olhe pelos verdadeiros melhoramentos e progressos da repartição tachygraphica.