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CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DE MARINHA

Ne-dia 20 do corrente, pela uma hora da tarde, ha de o conselho de administração de marinha, na sala das suas Cessões, contratar em hasta publica o fornecimento, pelo tempo que se convencionar, do arroz necessário para consumo das tripulações dos navios da armada.

Conselho de administração de marinha, 14 de junho de 1862. = O secretario, António Joaquim de Castro Gonçalves.

- SECRETARIA DA SUR-INSPECÇÃO GERAL

DOS CORREIOS E POSTAS DO REINO ' " Pelo correio britannico acaba de ser communicado á sub-jfis.pecção geral dos correios que o serviço dos paquetes entre Southampton e Lisboa cessará depois do fim do corrente mez, sendo a ultima expedição de Southampton no dia 27 do mesmo mez, e de Lisboa no dia 7 de julho próximo futuro.

Para a Gran-Bretanha expedem-se malas diariamente por via de Hespanha' e França; as correspondência devem ser franqueadas por meio de sêllos postaes, segundo a respectiva" convenção.

Pelos paquetes inglezes da carreira transatlântica continuam a expedir-se malas para a Gran-Bretanha, bem como pelos navios mercantes movidos a vapor ou de vela. As correspondências que houverem de ser remettidas, tanto por uns como por outros, não são sujeitas a franquia, mas só ao porte territorial aquellas que forem lançadas em correios que não sejam dos portos d'onde saírem os ditos paquetes ou navios.

Secretaria da sub-inspecção geral dos correios e postas, em 17 de junho de 1862. = No impedimento do secretario, João Baptista da Silva Lopes, chefe de secção.

ADMINISTRAÇÃO CENTRAL DO CORREIO DE LISBOA

Pela administração central do correio de Lisboa se an-nuncia que no dia 18 do corrente sairá para Liverpool o vapor Crimean.

A correspondência será lançada na caixa geral até ás onze horas, e na da estação postal do Terreiro do Paço até ás onze horas e meia da manhã do dito dia. "

Pela administração central do correio de Lisboa se faz publico que sairão, a 21 do corrente, para o Fayal, o lugre Acaso; para a Madeira, o patacho Virgínia; para S- Miguel, o patacho Fafel; a 22,_para o Fayal, o hiate Galarim; para S. Miguel, a escuna Jacinta; e a 24, para S. Jorge, o patacho Angrense.

A correspondência será lançada na caixa geral até aos referidos dias, e na da estação postal do Terreiro do Paço meia hora antes da que ali for annunciada para a mala ser levada a bordo.

Administração central do correio de Lisboa, 17 de junho de 1862. = O administrador, Luiz José Botelho Seabra.

CORRESPONDÊNCIA RETIDA POR FALTA DE SELLOS Para Lisfaoa

CARTAS

António José da Silva, Anna Georgma Viterbo — Chns-pim José de Almeida, Condo da Minerva, Conde de Porto Covo, Caetana Maria — Domingos José da Mota Reyrnão — F. Schiappa Pieira, Francisco Lourenço da Silva — Gaspar António de Abreu, Gabnella Rita de Saldanha, Ger-trudes da Salvação—Joaquim António do Nascimento, Joaquim Maria Gualdipos, José António Ignacio, José Caradi-nho, José Celestino de Andrade, José Marques, José Pedro, José dos Santos, Josepha Maria — Manuel Firmino de Almeida Maia, Manuel Gonçalves, Manuel José Colla-res, Maria José—Porfirio Arsenio de Athaide—Victor Duarte Pedroso, Visconde de Villa Nova da Rainha. h

JORNAES

António José d'Avila, António Maria Fontes Pereira de Mello — Diogo José Oliveira Silva Carneiro — Gaspar Pereira da Silva — José Máximo Cordeiro — Luiz Travassos Valdez — Maximiano Couraça — Rodrigo José de Abreu.

CORRESPONDÊNCIA RETIDA POR FALTA DE FRANQUIA

CARTAS

Para a Bélgica

Charles Evrard & C.ie, Vice-cousul de Portugal, Visconde de Seisal— Bruxellas

Lieutenang & Olltzer —Vervier?.

Paia os Estados Unidos Mathien Page — New York.

Para Venezuela

António José Garcia — Caracas.

Administração central do correio de Lisboa, em 16 de junho de 1862.

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CORTES

CAMARÁ DOSJHGNOS PARES

SESSÃO DE 9 DE JUNHO DE 186S

PRESIDÊNCIA DO BX.ra9 SB BILVA SANOHB8

VICE-PBB8IDBHTB SUPPIiBMBHTAB

,. t Conde de Mello

Secretários, os dignos pares JD Pedro Brito do Rio

(Assistia o sr. presidente do conselho.)

Depois das duas horas da tarde, tendo-se verificado a presença de 28 dignos pares, declarou o ex.mo^sr. presidente aberta a sessão.

Leu-se a acta da antecedente, contra a qual não houve reclamação.

Osr. Secretario (Conde de Mello):—Mencionou a seguinte correspondência :

Um officio do ministério do reino, enviando para se depositarem no archivo da camará — dois autographos dos decretos das cortes n.08 87 e 89. — Tiveram o competente destino.

----- Do ministério dos negócios da justiça, remettendo

copia do requerimento do delegado do procurador régio na comarca de Tavira, e do officio do juiz de direito da mesma comarca, dirigidos aquelle ministério, solicitando a necessária licença da camará, a fim de poder ser citado o digno par bispo do Algarve, para dar o seu depoimento como testemunha. — A camar-a concedeu a licença pedida.

----- Do ministério do reino, participando que Sua Ma-

gestade Imperial a senhora duqueza de Bragança, se dignará receber amanhã 10 do corrente, pela uma hora do dia a deputação d'esta camará. — Ficou a camará inteirada.

----- Do presidente da direcção da companhia união mercantil, enviando quarenta exemplares do relatório da sua gerência, com o respectivo balanço relativo ao anno social findo em 31 de março próximo passado, e parecer da commissão de exame de contas. — Mandou-se distribuir.

----- Do presidente do conselho de ministros, enviando

para ser lançado na acta como se resolvera, o seu discurso pronunciado na sessão de 4 do corrense mez.

O sr. Secretario: — O sr. presidente do conselho mandou boje o seu discurso, que tem de ser lançado na acta.

O sr. Margiochi:—Manda para a mesa um parecer da commissão de fazenda, relativo ao projecto de lei vindo da outra camará, que diz respeito á verba que o governo é auctonsado a despender com a commissão que foi á exposição de .Londres.

O sr. Presidente: — Mandar-se-ba imprimir.

O sr. Ferrão: — Manda para a mesa uma proposta relativa a uma outra que ha quatro annos apresentou a respeito do credito predial. Esta proposta vem acompanhada de ura relatório, o qual por ser extenso limita a sua leitura aos últimos períodos (leu).

O sr. Presidente:—Vae á re3pectiva commissão.

O sr. Ávila:—Estimo que se ache presente o sr. ministro dos negócios estrangeiros, porque vou mandar para a mesa um requerimento, que tem de ser satisfeito pelo ministério a cargo de s. ex.a, e desejava que s. ex.a não tivesse difíiculdade em o mandar satisfazer. Esse requerimento é o seguinte:

REQUERIMENTO

Requeiro que se peça ao governo pela secretaria distado dos negócios estrangeiros, que mande publicar na folha ofíicial, não havendo inconveniente, o despacho de 27 de setembro de 1861, pelo qual foi concedida uma licença de seis mezes ao cônsul geral de Portugal no Rio de Janeiro, barão de Moreira.

Saía das sessões, 9 de junho de 1862.=António José d'Ávila.

Faço n'este requerimento a declaração de—se assim o governo o julgar conveniente, ou não havendo inconveniente, porque pôde acontecer que haja rasões pelas quaes o governo entenda que esse documento não pôde ser publicado; ainda que não comprehendo que rasôes possam ser essas. Entretanto o governo é o juiz competente da conveniência ou não conveniência da publicação de qualquer documento que existe nas repartições do estado.

A rasão por que faço este requerimento, é porque li um artigo publicado na Correspondência de Portugal de 29 de maio, 'em que se dizia, que o motivo por que um cavalheiro que estava nomeado cônsul geral interino para o Rio de Janeiro não partira, fora por ter appareoido depois d'a-quella 'nomeação uma portaria minha muito obsequiosa na mão do cônsul geral effectivo barão de Moreira, em que eu lhe garantia todos os proventos do consulado r durante o tempo que gosou da sua licença em Portugal. E essa portaria, que segundo aquelle jornal, obsta á partida do sr. Nazareth para o Brazil, e o sr. Monteverde é complice ríeste giande crime.

Se se tratasse só de mim, não me occuparia d'este assumpto; tenho a consciência de que n'este negocio obrei como devia, e não hão de ser aq calumnias de uma certa imprensa, que prostitue a sua nobre missão por motivos que não quero prescrutar, que me hão de obrigar a proceder contra os dictanies da minha consciência; trata se porém de um homem que serviu debaixo das minhas ordens perto de dois annos, e doe-me o coração quando o vejo calummar atrozmente por um acto meu, em que elle, nem remotamente tomou a menor parte.

Afíirmo á camará, que o sr. conselheiro Monteverde, só teve conhecimento da licença, que concedi ao cônsul geral de Portugal no Rio de Janeiro, quando lhe ordenei que a mandasse passar.

Não ha pois fundamento algum para que o jornal, a que allud;, escrevesse o que vou ler.

«É resolução irrevogável do er. ministro dos negócios estrangeiros a ida do ar. Nazareth para o Rio de Janeiro, mas a sua partida tem de ser adiada para o seguinte paquete.

c Nesta demora é ainda o sr. António José d'Avila o culpado, e muito complice o sr. Monteverde, official maior e secretario geral do ministério dos negócios estrangeiros. Depois do sr. marquez de Loulé haver encarregado o sr: Nazareth do consulado geral do Rio de Janeiro, appareceu na mão do sr. barão de Moreira uma obsequiosa portaria do sr. Ávila, na qual lhe garantia todos os proventos do mesmo consulado durante o tempo que gosasse da sua licença em Portugal!

«O facto custa a acreditar, mas acreditado como deve ser, porque é verdadeiro, explica muita cousa.»

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Pois não é verdadeiro, e é para o provar que faço o requerimento que vou mandar para a mesa.

Quem ler este artigo ha de suppor que a portaria de licença foi pasmada de accordo entre mira e o sr. Monteverde depois da nomeação do sr. Nazaretb. Ora, essa portaria tem a data de 27 de setembro de 1861, e está portanto na secretaria d'estado dos negócios estrangeiros desde essa data. O cônsul geral accusou a sua recepção na correspondência que está na mesma secretaria, e a ella se referem vários despachos que lhe foram expedidos posteriormente. Não podia pois ter sido feita agora, e só para embaraçar'a partida do Rr. Nazareth.

É também inexacto que essa portaria tenha expressões obsequiosas, como se pretende. É uma mera concessão de licença nos termos em que taes diplomas costumam ser redigidos.

É igualmente menos verdadeuo que por essa portaria tivessem sido concedidos ao cônsul geral todos o& proventos do consulado durante o terapo que gosasse da sua licença em Portugal. Concederam-se-lhe sim os vencimentos respectivos, que são metade dos proventos, porque a outra metade pertence ao cônsul ou vice cônsul, que fica fazendo as suas vezes, na conformidade do artigo 152.° do código con-mlar.

Por esta exposição verá a camará a boa fé com que a imprensa, a que já alludi, tem tratado este assumpto.

Entendo que procedi na questão do cônsul geral como convém a um ministro, que deve justiça a todos, e não me arrependo do que fiz Mandaram-se representações ao governo contra aquelle funccionano, ordenei lhe que respondesse, e publiquei as suas respostas; depois mandei todo o processo ao conselheiro procurador geral da coroa. Mais tarde ordenei ao cônsul geral, que viesse para Lisboa a fim de fornecer aquelle magistrado as explicações de que elle podesse carecer.

Creio que eRte illustre funccionario ainda não respondeu; o que me não admira, porque o processo é muito longo e deve levar muito tempo o seu exame. É porém de presumir, que esta resposta se não faça esperar muito, e devo crer que o sr. ministro ha de resolver este negocio com toda a imparcialidade.

Mando o requerimento para a mesa, e julgo dever esperar que não haverá difficuldade em que este documento se publique com a menor demora.

Repetirei ainda á camará que se se tratasse de mim eu não havia de occupar-me d'este assumpto: submetteria a apreciação dos meus actos ao publico3 e estou certo que elle me faria justiça; trata-se porém de um cavalheiro que serviu debaixo das minhas ordens com muito zelo e fidelidade, e não tem responsabilidade alguma pelo aícto de que é accusado; não posso já deixar de tomar a sua defeza e dar-lhe aqui este testemunho do conceito que me merece.

O sr. Presidente: — A proposta fica para segunda leitura...

O sr. Á. J. d'Ávila: — Eu pedia a urgeucia. O ar. Presidente do Conselho (Marquez de Loulé): — Disse que pedira a palavra para declarar á camará e ao digno par, auctor do requerimento, que não ha inconveniente algum em que se publiquem os documentos a que s. ex.a alludm. Também aproveita a occasião para declarar que a demora do sr. Nazareth, de modo algum teve por causa a portaria a que se allude, nem o sr. Monteverde concorreu para isso.

O sr. A. J. d'Ávila: — Pediria a urgência d'esse requerimento, se v. ex.a não achasse n'isso inconveniente. Foi approvada.

CKsr. J. F. de Soure:— Manda para a mesa um parecer da commissão de agricultura. Vae igualmente o parecer da corninissão de fazenda a quem foi também o projecto a que-se refere o parecer da coramissão de agricultura. A imprimir.

O sr. Conde do Bomfim: —Sr. presidente, por mcommodo de saúde não pude comparecer á ultima sessão, na qual foi approvado o projecto concedendo uma gratificação alimentícia aos officiaes de cavallana e mfanteria; mas por uma d'aquellas omis&ões que se dão muitas vezes, não foram incluídos n'es^e projecto de lei os quartéis mestres de artilhe-na e de engenheria.

Desejoso eempre de que os benefícios que as camarás e o governo proporcionam ao exercito não encontrem obstáculos, não me oppuz a qae passasse o projecto na commis-siío como estava; julguei porém, e julgo do meu dever apresentar á camará um projecto a favor d'aquelles que, permitta-se me a expressão, por uma d'aquellas cousas que succedem muitas vezes quando as leis §e »í>tam, foram esquecidos e não entraram na ler.

O sr. ministro da guerra, que me ouve, ha, de apreciar as minhas considerações, e espero que não fará opposição ao meu projecto que leio (leu-o).

Peço a v. ex.a que seja remettida esta minha proposta de lei á commissão de guerra, com urgência, e rogo também a v. ex.a que me reserve a palavra, se se fallar sobre este objecto, e mesmo porque tenho a apresentar outros projecto" em ponto maior.

O sr. Conde do Sobral: — Sr. presidente, se v. ex.a me concede-a palavra sobre este objecto direi duas palavras.

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serem contemplados como os outros officiaes; quando os corpos mudam de logar elles têem de acompanharem, e entre a classe dos referidos facultativos ha homens que têem feito muitos e bons serviços.

Espero que a commissão de guerra tomará em consideração estas minhas considerações, e que esta classe será contemplada n'este projecto de lei que agora se apresenta.

«Proponho que os facultativos veterinários e picadores arregimentados sejam igualmente contemplados com a gratificação alimentícia igual á que se concede aos outros offi-ciaes arregimentados.

« Sala das sessões da camará dos dignos pares do reino, em 9 de1 junho de 18Q2=Conde do Sobral—Margiiez de Niza.»

Mandou se o projecto á commissão.

O sr. Marquez deVallada: — Ouviu o que disse o digno par o sr. A. J. d'Ávila acerca da questão do sr. barão de Moreira, na qual ato aqui se tem, o orador, abstido de tomar parte. Vê que está nomeado para cônsul interino um funccionario que, amda que milita n'outro campo, não deixa comtudo de dizer que é um cavalheiro respeitável pelas suas exeellentes qualidades; homem consciencioso e de probidade reconhecida; refere-se ao sr. Nazareth. Como nunca lhe deveu favor algum mais desassombrado pôde por isso fallar a seu respeito.

O sr. marquez pondera a necessidade de que esta questão seja devidamente explicada, e não julga que ella seja a mais própria para se especular politicamente contra este ou contra aquelle ministério. Os interesses dos nossos compatriotas do Brazil devem merecer muita consideração do governo, seja qual for o ministério: é preciso que se attenda a esses interesses e aos das suas famílias de que a maior parte residem n'estes reinos, e a quem muitas vezes são legadas giandes heranças, com que se tem especulado e se especula criminosamente. Poi tanto todos os ministérios devem pensar seriamente u'este importante assumpto, que respeita a milhares de indivíduos; e muito mais se deve pensar n'elle, depois das accusações que se fizeram ao sr. barão de Moreira. Sem querer deter-se por emquanto mais largamente n'este assumpto, pievme o sr. ministro dos negócios estrangeiros, que logo que esteja dada a informação do sr. procurador geral da coroa (que suppõe ser a ultima instancia em que tem que correr este processo), ha de pedir para que seja remcttido a esta camará, a fim de o examinar detidamente e com toda a circumspecção, para poder tomar parte n'esta questão, que tão largamente tem sido discutida pela imprensa. Cie que amda não veiu a informação do procurador geial da coroa? (Dirigindo se ao sr presidente do conselho )

O sr. Presidente do Conselho: — Ainda não

O Orador:—Como ainda não veiu, imo fará o orador por emquanto nenhum requerimento sobre este negocio, acerca do qual não tinha mesmo hoje tenção de fallar senão fosse chamado a isso pelo requerimento que fez o digno par o sr Ávila.

Acrescentou que, antes d'este incidente pedira a palavra para um negocio muito simples Foi-lhe entregue uni ofíl-cio crê que da presidência d'esta camará, participando que estava nomeado para fazer parte da deputação que deve ir ciunpninentar Sua Magestade Imperial a Senhoia Imperatriz, viuva, duqueza de Bragança; c como só soube da hora em que Sua Magestade Imperial se dignava receber a deputação por esse officio, e não ouviu aqui dos &rs ministros designar a hora, como lhe paiece que é pratica. .

O sr. Presidente do Conselho:—Foi o governo que participou a que hora Sua Magestade Imperial recebia a deputação d'esta camará

O Orador:—Nada mais tenho então pois a dizer.

O sr. Cond* do Bom fim: — Federia a v ex.a e á camará a sua benévola attenção para tratar de um objecto que entendo que é de alta importância, pois se trata de melhoramento do exercito portuguez, que bem merece da pátria e cujos soldados, infelizmente, por falta de recursos nacio-naes, vivem amda com o pret e soldo pago por uma tarifa estabelecida ha meio século, embora os géneros hajam encarecido excessivamente, ao ponto de se ter reconhecido em differentes epochas que era absolutamente preciso occorrer, pelo menos, á penúria (digamo-lo coin fraqueza), em que viviam os nossos officiaes subalternos, a qual se tem atten-dido por mais de uma vez, para o que eu tenho concorrido também com o que está ao ineu alcance A classe porém que não tem até agora sido contemplada, e que tem todo o direito a ser attendida, é a classe do soldado O soldado portuguez é uni modelo de disciplina, de valentia e de fidelidade, e comtudo é talvez o mais mal remunerado da Europa O pão que come a maior parte Aa,^ vezes não pôde ser d'aquella qualidade que seria para desejar; mas emfiin não ha motivo para queixa actualmente, mas infelizmente são tão escassos os meios, que não chegam para lhes dar carne ao menos alguns dias em cada semana, quando em todos os exércitos está isto iula-ado de absoluta necessidade.

TT^ t' O

Hdnquanto a lações e ao ^eu alimento, já o governo julgou do seu dever, e esta camará e a outra julgaram justo approvar um augmento para melhoramento do rancho em Lisboa e no Porto; mas nas outras divisões em que o trabalho é immenso, ainda não se fez nada. Estou certo que ha bons desejos da parte do governo para que se apresente uma medida que vá remediar aquella falta sem augmentar as verbas do ministério da gueira; mas não tem lembtado o modo de conseguir, assim não crimino por isso ninguém pois que também eu o poderia ter feito pela posição que oc-cupo no exercito, se ha mais tempo podesseter feito as combinações que agora vou apresentar, pois que vem um dia em que se apresenta uma idéa que me parece de justiça que julgo importante para o bem estar do exercito, e ra-soavel, sem augmentar a som ma votada para o ministério j

da guerra, e é a que eu trato de apresentar á camará, esperando que ella fará o que for compatirel com a justiça, e então passo a ler o projecto de lei que proponho (leu.)

Tenho aqui uma nota da despeza que faz o ministério da guerra com officiaes supranumerários, reformados, veteranos e com outros indivíduos que não pertencem aos quadros, e lerei só a somma total que importa em mais de réis 595.000^000.

Eu peço a impressão d'esta nota, com os outros papeis para não tomar tempo á camará com a sua leitura. Tenho aqui igualmente uma tabeliã que demonstra os soldos da Hespanha, da França, da Bélgica e do Brazil para se confrontar com a de Portugal, e por ella se verá que não ha uma exageração na proposta que apresento, porquanto para os ofíiciaes subalternos, como já disse, vem a ficar a par dos de França, Hespanha, Bélgica e Brazil. Longe de mim a idéa de crer que nào ha meios para isto, porque ha o meio que proponho, e portanto peço a v. ex.a em primeiro logar a impressão d'estes papeis, e em segundo logar pedirei a urgência d'este projecto, que eu considero da mais alta importância n'um exercito em que o paiz acha sempre como se deve suppor, o maior elemento de ordem, e qne tanto serviços tem feito á causa da pátria.

O sr. Presidente. —Os dignos pares que votam para que este projecto de lei seja impresso queiram ter a bondade de se levantar.

Approvou se.

O sr. Presidente: — Então imprime-se, e irá com urgência ás commissões de guerra e de fazenda.

O sr. Pr&sidmte-—Os dignos pares que votam para que este projecto de lei seja impresso, queiram ter a bondade de se levantar.

Foi approvado.

O sr. Piesidente: — Então imprime-se, e irá com urgência ás commissões de guerra e de fazenda.

O sr. Conde do Sobral:—Sr presidente, eu fiz ainda agora uma proposta veibal, que acabei de escrever, e mando para a mesa (leu).

Parece-me que esta proposta é de justiça, porque a lei deve ser igual para todos, e se os géneros estão caros paia uns também estão para outros, e então devem ser todos equiparados.

O sr. Prdsidente:—Eemette-se com o projecto ás mesmas coramissões.

(Susurro.)

O sr Presidente:—Peço attenção á camará. Fui prevenido de que Sua Magestade Impenal, a senhora duqueza de Bragança, recebe amanhã pela uma hora da tarde a deputação que esta camará lhe envia, e para à qual são nomeados, segundo a escala, alem do presidente, os digno pares conde da Louzã, D. Pedro do Rio, marquezes de Pombal, de Ponte do Lima, de Vallada, condes das Alcáçovas, Rio Maior, Paraty, Penamacor e Mesquitella, e os digno pares Áutor.io José d'Ávila e Joaquim António de Aguiar.

Passa-se á

ORDEM DO DIA

EIEICÃO DA COSIXIIESÂO ESPECIAL QUE HA DE DAS O SEU PABECER SOBRE O

PKOJECTO VINDO DA OUTBA CAVARA, QUE TRATA DAS CORPORAÇÕES RELIGIOSAS E DE EKSISO

O Br. Marquez de Niza (sol)re a ordem):—Nào esteve presente á sessão de antes de hontem, quando se votou o projecto de lei relativo ao augmento dos soldos dos offi-ciaes arregimentados, a respeito do qual o sr. conde do Sobral mandou para a me^a uma proposta; e desejava fallar n'elle, roas não viu que fosse dado para ordem do dia.

Isto parece-lhe muito inconveniente, porque um par julga que se trata de outro objecto, e fica inhibido de apresentar as suas idéas.

Agora quiz unicamente fazer a declaração de que vae assignar a proposta do sr. conde do Sobral, se s. ex.a der licença.

O sr. Presidente: — Eu devo declarar ao digno par que aquelle projecto foi dado para discussão.

O Orador:—Mas não foi dado para ordem do dia, o que impede de entrar na discussão aos dignos pares que não concorieram á sessão.

O sr. Presidente:—Vae fazer-se a chamada para se proceder á eleição da commhsão que é composta de nove membros.

Feita a chamada, corrido o escrutínio, e apuradas as listas:

O sr. Secretario (Conde de Mello): — Entraram na urna 29 listas, maioria absoluta 15 votos, foram apurados 6, que são os dignos pares:

Os srs. Eugênio de Almeida............. 26 votos

» Vellez Caldeira................. 20 »

» Marquez de Niza............... 17 »

» Marquez de Vallada............. 17 »

» Braamcamp.................... 17 »

» Marquez de Ficalho............. 16 »

Ainda faltam ,3.

O sr. Presidente: — Passa-se a segundo escrutínio, devendo as listas conter 3 nomes, que são os que faltam para eleger, e ficar completa a commissão.

Procedeu se á eleição, e tendo entrado na urna 22 listas apuradas ellas, saíram eleitos os dignos pares

"Os srs. A. J. d'Avila............,..... 15 votos

» Visconde de Balsemão........... 14 »

> S. J. de Carvalho............... 13 »

O sr. Presidente : — Está preenchida a commissão. A hora está quasi a dar, e portanto vou levantar a sessão.

O sr. Visconde de Balsemão:—Diz o digno par, o sr. Ferrão, que, na conformidade do regimento, não ha senão um nomeado.

O sr. Ferrão:—Deve ser a maioria correspondente ao numero com que se abriu a sessão, isto é, 15.

O orador lembra isto para que não haja depois sobre a validade da eleição. Como só um obteve 15 só um foi eleito, é ao menos o que lhe parece.

O sr. Aguiar:—É verdade: mas o que se segue? ha senão um nomeado, e este n'um segundo escrutínio, ^ portanto necessário ver se no terceiro escrutínio é precisa também a maioria absoluta, ou se basta a relativa?

O Orador: — Em todo o cas,o é uma votação da camará como qualquer outra, e não podia ter effeito sem a ciu mara estar em numero legal. O que manda o regimento é que se possa votar, comtanto que o resultado da votação seja pelo numero da maioiia que deveria haver, estando completo o numero çoin que se abriu a sessão.

O sr. Aguiar:—É o que eu disse: ha um nomeado. Mas pergunto — que maioria é necessária no terceiro escruti* nio? É a maioria absoluta, ou a relativa?

O sr. Ferrão:—Eu digo que esta indicação podia fazer-se se a camará estivesse em numero legal; mas como n&V está, não se pôde admittir senão que o resultado da votaçlo seja o nuniero de votos que haveria se todos os dignos paíes estivessem presentes

O sf Aguiar:—Está em numero tão legal para passar a terceiro escrutinio como estava no segundo

O Orador: —O que se segue é que a camará fez ã ten» tativa, e não ha votação.

O sr Aguiar: — Tanto ha votação que foi um eleito; e quer dizer que faltam dois por não terem maioria

O Orador:—A camará não pôde funcciouar (O sr. Aguiar:—Porque?)—Porque não está presente o numero de dignos pares que a lei exige para poder obter-se a maio-, ria legal de votos.

O sr Aguiar: — Mas quem disse isso ao digno par? Eu cieio que v ex a nào dispõe dos votos dos dignos pares que estão presentes; do meu de certo não dispõe: portanto como pôde saber que não ha de haver maioria?

O sr Presidente:—Eu devo dizer que ha uma resohfc cão da camará em virtude da qual, depois de aberta a sés* são com numero legal pôde continuar a fimceionar com tanto que a votação reuna o numero da maioria com que foi aberta Eu não sei se esta disposição é applicada a este caso.

O Orador:—Tanto é, que agora o foi, e o que digo é que não ha rasão nenhuma para ser applicada para o segundo escrutínio, e não possa ser para o terceiro, e quem diz ao digno par que não ha esse numero?

O sr Ferrão:—Eu não entendo.

O sr. Presidente.—Então passa-se a terceiro escrutínio.

O sr. Marquez de Yallada —Eu pedia a v. ex.a que' mandasse ler o regimento, e depois consultasse a camará,,

O sr Secretario (Conde de Mello)-—O artigo 84 ° diz o seguinte: (leu.)

Na minha opinião não ha legalmente eleito senão o sr. Ávila* que obteve quinze votos

O sr Marquez de Fionteira:—Então fique o escrutínio para a sessão seguinte (apoiados)

O sr Presidente. —A ordem, do dia para quarta-feira é primeiramente a eleição dos dois membros que faltam para esta commissão, e depois o mais que vinha para hoje

Está levantada a sessão.

Eram cinco horas.

Relação dos dignos pares que estiveram presentes na sessão do dia 9 de junho de 1862

Os srs.: Júlio Gomes cia Silva Sàuches; Marqueze», de_ Ficalho, de Fronteira, de Loulé, das Minas, de Niza, de Vallada; Condes, das Alcáçovas, cio Bomfira, de Mello, da," Ponte de Santa Maria, do Rio Maior, do Sobral; Viscondes, de Balsemão, de Fonte Arcada, de Ovar, de Sá da Bandef-rã; Barão de Foscoa; Mello e Saldanha, Ávila, Pereira Continuo, Ferrão, Margiochi, Aguiar, Soure, Braamcampr Reis e Vasconcellos, Vellez Caldeira, Biito do Rio, Sebas-tião José de Carvalho.

GAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

SESSÃO XOCTURXA DE 14 DE JUNHO DE 1S62

PRESIDÊNCIA DO SR VICENTE PESRER NETO DE PAITA

Secretario-? os srs íMiSuel Osoiio Cabial becretanos os sra jAntomo EIeutherio Dias da Silva

Chamada—Presentes 63 srs. deputados.

Presentes á aoertura da sessão — Os srs. Affonso Botelho, Soares de Moraes, Ayres de Gouveia, Quaresma, Eleu-theno Dias, Gomes Brandão, Arrobas, Mazziotti, António Pequito, Palmeirim, Xavier da Silva, Albuquerque e Amaral, F. Abranches, Ferreri, Cesario, Rebello de Carvalho, Mota, F. de Magalhães, Drago, F. de Mello, Barroso, Coelho do Amaral, Diogo de Sá, Bicudo, Gaspar Pereira, Carvalho e Abreu, Sant'Anna, Gomes de Castro, Mendes de Carvalho, Ferrão, Abreu e Sousa, J. J. de Azevedo, Ne-pomuceno de Macedo, Sepulveda Teixeira, Noronha e Menezes, Mendonça, Ortigão. Faria Guimarães, Lobo d'Avila, J. A. Gama, Galvão, Infante Pessanha, José Estevão, José Guedes, Alves Chaves, Figueiredo Faria, Ferjó, D. José de Alarcâo, Costa e Silva/ Silveira e Menezes, Nascimento-Correia, José Paes, J. do Carvalhal, L. de Vasconcellos, Moura, Rocha Peixoto, Manuel Firmino, Sousa Júnior, Pinto de Araújo, Vaz Preto, Miguel Osório, Plácido de Abreu, Velloso de Horta, Ferrer e Visconde de Pindellá.

Entraram durante a sessão — Os sis. Braamcamp, Sá Nogueira, Seixas, António Pinto, B. Garcez, Bivar, Cba-miço, G. de Barros, Aragão Mascarenhas, Calça e Pina, Matos Correia, Neutel, Luciano de Castro, Sieuve, Toste, Mendes Leal, Camará Leme, Pitta e Visconde de Porto-larrero.

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