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202 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

O sr. Presidente: - Em vista da manifestação da camara considero tambem approvada por acclamação a segunda proposta. (Apoiados geraes.)

O sr. Visconde de Chancelleiros: - Associa-se do fundo da alma á manifestação de saudade pela morte de Sousa Martins. Os homens de estatura moral do illustre professor são raros, por consequencia, comprehende bem a rasão do sentimento publico e comprehende que a elle se associe o parlamento.

Sousa Martins era um espirito culto, um orador eloquentissimo, e no dominio da sciencia que professava tornou-se distincto entre nós e entre os estrangeiros.

Elle orador que apreciou as qualidades da sua bella alma, põe acima de tudo o seu grande coração.

O procedimento da familia, dispensando as pompas funebres, inspirou-se certamente não na falta de consideração pelas homenagens da patria, mas no respeito devido á vontade e á modéstia de Sousa Martins. O homem que durante a sua vida profissional poz de lado muitas honrarias que lhe foram offerecidas, era essencialmente modesto. A familia não quiz que a sua ultima vontade deixasse de ser respeitada e procedeu muito bem.

Quando pediu a palavra não era sobre este assumpto, mas associa-se ao voto da camara e manda para a mesa uma proposta que até certo ponto se relaciona com a memoria de Sousa Martins.

(Leu.)

Proposta

A camara dos dignos pares do reino, associando-se ao movimento geral de sympathia e de reconhecimento pelos serviços prestados pela commissão executiva da subscripção nacional ao paiz, de cujos sentimentos patrioticos ella foi zelosa, fiel e honrada interprete, resolve lançar na acta um voto de apreço por taes serviços, como testemunho da alta consideração que elles lhe merecem.

Sala das sessões, 13 de agosto de 1897. = O par do reino, Visconde de Chancelleiros.

Sousa Martins era tambem membro da commissão da grande subscripção nacional; prestou ali os serviços que eram de esperar do seu talento e patriotismo e do seu amor pelo trabalho.

Crê que o governo se associará á nova proposta, porque comprehende de certo que ella não é mais do que a traducção de sympathia que mereceu ao paiz o movimento patriotico que determinou a subscripção nacional e o reconhecimento de serviços, aliás relevantes, prestados pela commissão executiva.

Esses serviços são grandes e ainda podem ser maiores, se o que ella fez servir de exemplo para o que o governo tem a fazer. Não se demora sobre estas considerações, que terão logar e cabimento em outras que ha de apresentar á camara.

Se a sua proposta for approvada, pede que seja communicada officialmente ao presidente da mesma commissão a resolução da camara.

Leu-se na mesa a proposta do digno par visconde de Chancelleiros, e foi approvada.

O sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros (Mathias de Carvalho): - Sr. presidente, pedi a palavra para declarar a v. exa. e á camara que o governo se associa á proposta feita por v. exa. relativamente ao fallecido dr. Sousa Martins, que tanto honrou o paiz, não só pela vasta sciencia, como pelos dotes excepcionaes do seu grande coração.

Quanto á proposta feita pelo sr. visconde, de Chancelleiros e já approvada pela camara, declaro que igualmente a ella me associo em nome do governo.

O sr. Ernesto Rodolpho Hintze Ribeiro: - Não quizera deixar de me associar á homenagem de admiração prestada á memoria de Sousa. Martins. Não posso esquecer-me dos altissimos serviços que aquelle grande homem de sciencia, aquelle bello caracter prestou ao seu paiz, ainda recentemente, no congresso de Veneza, discutindo uma questão que n'esse momento muito interessava á sorte dos povos, e discutindo-a com elevação e conhecimentos proficientissimos, e, sobretudo, com sacrificio de si proprio, o que constitue uma das mais gloriosas paginas da sua vida.

Sr. presidente, alem de todos os dotes que engrinaldavam brilhantemente a individualidade de Sousa Martins, a sua imaginação, o seu saber, a sua palavra, e a nobreza do seu caracter, é necessario não esquecer que elle soube honrar o seu paiz, ao qual prestou importantissimos e desinteressados serviços, em occasião em que a tranquillidade do espirito de muitas nações mais carecia dos conselhos e auxilios da sciencia medica.

Associando-me a esta manifestação, rendo não só o devido preito de reconhecimento por parte do ministerio transacto, que convidou Sousa Martins a ir representar o paiz no congresso de Veneza, mas tambem presto uma homenagem sincera e sentida a um dos mais bellos caracteres que tenho, conhecido.

(O digno par não reviu.)

Leu-se na mesa o seguinte

Decreto

Usando da faculdade que me confere a carta constitucional da monarchia no artigo 74.° § 4.°, e da carta de lei de 24 de julho de 1885 no artigo 7.° § 2.°, depois de ter ouvido o conselho d'estado nos termos do artigo 110.° da mesma carta: hei por bem prorogar as côrtes geraes da nação portugueza até ao dia 31 do corrente mez de agosto inclusivamente.

O presidente da camara dos dignos pares do reino assim o tenha entendido para os effeitos convenientes.

Faço, em 20 de agosto de 1897. = EL-REI. = José Luciano de Castro.

Foi mandado archivar.

Mencionou-se a seguinte correspondencia:

Officio do presidente da camara dos senhores deputados, incluindo a proposição de lei que tem por fim elevar a pensão vitalicia, concedida pela carta de lei de 6 de abril de 1896, ao primeiro tenente Sanches de Miranda, pelos relevantissimos serviços prestados em campanha no anno de 1894 e 1895, na Africa oriental, e conceder ao tenente graduado Manuel José da Costa e Couto, uma pensão vitalicia pelos relevantissimos serviços prestados na mesma campanha.

Ás commissões respectivas.

Dois officios do ministerio da fazenda, enviando documentos pedidos pelo digno par Ernesto Hintze Ribeiro.

Á secretaria.

Officio dos delegados da commissão constituida para o fim de fazer celebrar solemnes exequias em suffragio da alma do mallogrado alferes do exercito de Africa, Manuel dos Anjos Chamusca, convidando a camara a assistir áquella solemnidade religiosa, que deve realisar-se a 26 do corrente, pelas dez e meia horas da manhã, na igreja parochial de S. Pedro, em Alcantara.

O sr. Presidente: - Os dignos pares que quizerem assistir a estas exequias ficam avisados do dia e hora em que ellas se realisam.

O sr. Thomaz Ribeiro: - Em primeiro logar, como não tenho a honra de representar aqui senão a minha pessoa insignificante, deixe-me v. exa., em nome d'essa pessoa, dizer que me associo ás propostas que v. exa. fez, tanto a respeito dos serviços prestados pela commissão da subscripção nacional, e dos parabens que esta camara lhe envia, como tambem relativamente á memoria do illustre extincto dr. Sousa Martins.