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126 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS DO REINO

lamentar; mas se o digno par tem a certeza de que houve essa deploravel omissão, não tenho duvida nenhuma em propor um voto de sentimento pela morte do digno par a que s. exa. se referiu. Os dignos pares que approvam que se lance na acta um voto de sentimento pela morte do nosso collega o sr. Joaquim Filippe de Sousa, tenham a bondade de se levantar.

Foi approvado unanimemente.

O sr. Henrique de Macedo: - Eu já tinha feito justiça ás intenções de v. exa., mas estimei que continuasse o que por mim foi dito com relação a este ponto. São houve senão uma simples omissão involuntaria, a que deu logar naturalmente uma inadvertencia da secretaria.

(O orador não reviu os seus discursos.)

O sr. Visconde de Seabra: - Chamou a attenção do sr. ministro das obras publicas para a necessidade urgente de mandar tirar copia da antiquissima inscripção, que se encontra no Alto Douro, no sitio denominado Cachão da Rampa.

Esta inscripção, em caracteres desconhecidos, parecia ser do tempo dos phenicios; e hoje, que tanto se tratava de estudar as cousas remotas, seria um desaire para o paiz não evitar a destruição de um monumento tão importante como aquelle a que acabou de referir-se.

(O discurso do digno par será publicado quando s. exa. o devolver.)

O sr. Ministro das Obras Publicam (Hintzs Ribeiro): - Sr. presidente, ouvi attentamente as doutas considerações que o digno par, o sr. visconde de Seabra, acaba de expender ácerca do monumento graphico a que se referiu, monumento a que s. exa. attribue uma larga importancia historica por suppor ou presumir que elle tem origem phenicio-carthaginense.

Em resposta ao digno par e conformando-me inteiramente com o seu modo de ver quanto á necessidade que- ha de se apurar o que haja de verdade ácerca d'aquelle monumento, direi s. exa. que mandarei promptamente alguem que possa offerecer garantias de competencia e ilustração tirar as copias a que s. exa. deseja, a fim de que só possa exercer a devida apreciação critica, quanto á origsem d'aquelle monumento, e mesmo para que a historia possa tirar as legitimas consequencias de um descobrimento que póde ser de bastante importancia para o mundo scientifico.

O sr. Visconde de Seabra: - Agradeceu ao sr. ministro a sua resposta, e pediu que tudo quanto se podesse apurar com relação ao monumento graphico a que se referiu seja enviado á academia real das sciencias.

O sr. Mello e Carvalho: - Já n'uma das sessões passadas solicitei da illustre commissão de fazenda que se dignasse dar com brevidade o seu parecer ácerca do projecto de lei que tem por fim conceder á camara, municipal de Bragança o edificio do extincto convento das freiras de Santa Clara d'aquella cidade, a fim de estabelecer ali um mercado.

Renovo hoje esse pedido, e espero que os dignos membros da mesma commissão o queiram tomar em consideração, de modo que não se demore a solução da um negocio que é da maior simplicidade.

O sr. Vaz Preto - Sr. presidente, pedi á, palavra para fazer algumas perguntas ao sr. ministro das obras publicas sobre assumptos importantes, usarei pois d'ella n'esse intuito.

Desejava que s. exa. me dissesse qual o motivo por que, tendo sido adjudicada, ha mais de um anno, a ponte sobre o Tejo, que liga o districto de Castello Branco com o de Portalegre, até hoje ainda não começou?

Desejava saber qual a rasão de tão grande demora, sendo esta obra instante e indispensavel.

Passando a outro assumpto, tambem muito importante, desejava que o sr. ministro das obras publicas me dissesse se o governo já veiu a um accordo com a companhia das aguas ácerca das aguas exploradas pelo governo para acudir aos descuidos da companhia, que não cumpriu as condições do seu contrato?

A esta pergunta pó de sem duvida o illustre ministro responder-me já, porque o assumpto é muito conhecido de s. exa., porquanto, no anno que passou, chamei por vezes para elle a attenção de s. exa., e s. exa. prometteu que trataria com a companhia de fórma que esta questão ficasse resolvida por uma vez.

Desejava, finalmente, saber qual é o motivo por que, estando aborto á circulação o ramal de Caceres, as malas do correio para Castello Branco continuam a ir para o Crato e não para o Valle de Pese, adiantando-se d'esta fórma umas poucas de horas, não só os passageiros, mas as correspondencias.

O sr. Ministro das Obras Publicas: - Em resposta ás perguntas que o digno par o sr. Vaz Preto acaba de me dirigir, direi, com relação á primeira, que a adjudicação feita em concurso para a construcção da ponte sobre o Tejo, a que s. exa. se referiu, já se realisou, como o digno par sabe, e que, da minha parte, não tenho posto obstaculo algum ao andamento dos trabalhos.

Agora, quanto á rasão por que os trabalhos não teem tido o seguimento que deviam ter, não posso de prompto dizer nada a tal respeito, porque não estou informado, mas tratarei cio colher os esclarecimentos precisos.

Com referencia á segunda pergunta formulada pelo digno par, tenho a declarar que effectivamente procurei entabolar as basca do um accordo entre o governo e a companhia das aguas, para se resolverem por uma vez as questões que de uma e de outra parte se tinham levantado, ou podiam levantar, sobre varios pontos.

Não pude por emquanto chegar a esse accordo; mas, tão depressa, se chegar a uma solução, communicarei o que houver á camara e ao digno par, para que possam exercer plenamente o seu direito de exame.

Pelo que diz respeito á terceira pergunta refere-se ella a um detalhe do nosso serviço do correio, de que não tenho conhecimento. O que posso e perguntar qual o motivo por que aquelle serviço se faz, nas circumstancias que o digno par mencionou, para depois dar a s. exa. as explicações que deseja, e remediar qualquer inconveniente que possa haver, ou justificar a rasão do facto.

O sr. Conde de Bertiandos: - Vou tomar muito pouco tempo á camara. Desejo apenas chamar a attenção do sr. ministro dos negocios estrangeiros para um assumpto que reputo do grande importancia para a honra nacional.

Li ha pouco tempo num jornal a noticia de que alguns israelitas residentes em Marrocos e naturalizados portuguezes vieram pedir ao nosso governo a protecção a que têem direito e que não lhes tem sido dada até hoje pois se vêem completamente desfavorecidos d'ella, e, portanto, compre ludibriados pelas justiças mahometanas em todas as pendencias que têem com os mouros.

Diz a noticia a que alludo que os individuos que se naturalisam cidadãos de outras nações conseguem sempre, e com brevidade, toda a justiça, ao passo que os portuguezes não têem a mais pequena garantia!

A representação refere-se especialmente a um caso altamente grave e do qual têem já resultado deploraveis consequencias para os nossos compatriotas. Eu pedia ao governo que tivesse em attenção o facto que vou referir á camara em breves palavras.

Alguns portuguezes moradores em Casa Branca foram n'uma noite espoliados de grande parte das suas fazendas, e sabendo que tinha sido o vice-governador do [...], districto proximo, quem tinha mandado fazer esse roubo, foram immediatamente queixar-se ao governador da provincia.

Esta auctoridade mandou uma mensagem ao tribunal marroquino, o qual, tendo ouvido os queixosos, ajoelhados conforme o costume d'aquelle paiz, onde a justiça ou in-