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214 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

piano com commentarios fagueiros de cavalheiras, meninas, e donas de casa.

Depois da morte do poeta, a primeira allucinação que surge em materia de direito governamental e administrativo, a primeira que vejo deante de mim é a mesma que em 16 de agosto vivia na outra casa do Parlamento, é o mesmo Sr. Manoel Affonso Espregueira.

«És tu que ousas vir aqui?»

V. Exa. desculpe, mas os duendes tratam-se por tu.

«Para que voltaste, desgraçado?

Em nome da boa ordem dos trabalhos, em nome dos bons principios que devem ser guardados n'esta casa, eu limito-me a pedir que voltes ás profundas... de Vianna do Castello!»

(Riso).

Sr. Presidente: as minhas considerações approximam-se do fim.

Eu disse acêrca do telegramma do Sr. José Luciano e da resposta do Sr. Rosa aquillo que em minha opinião sincera e franca significa a sua intenção intima, o seu proposito averiguado, o seu significado verdadeiro e a sua unica efficacia; eu disse acêrca da attitude do nosso Ministro em França que ella representava ao mesmo tempo espirito de disciplina para com o chefe, e verdadeiro soffrimento moral ao ter de pôr o seu nome deante de uma resposta que elle exigia.

Eu pedia ao Sr. José Luciano, para honra e prestigio, já não direi das instituições parlamentares mas das instituições politicas em geral, que S. Exa. desse uma explicação regular, não a negativa clássica em que S. Exa. é eximio, perante o Parlamento Portu-guez, confiando até agora, sem excesso, na delicadeza, na generosidade e no respeito que o Parlamento lhe tributa, que o Sr. José Luciano, para honra do prestigio do Parlamento Portuguez, desse uma explicação áquella extraordinarissima affirmação que um papel de carecter publico lhe põe ha dias na boca.

Feito isto eu vou terminar.

Eu fiz até ao momento presente o inventario da questão dos tabacos com os incidentes que ella offerece; d'aqui para o futuro eu sei o que nos espera, ou por outra, voltando-me para o paiz, eu sei o que o espera: espera-o uma jurisprudencia, espera-o uma tentativa de resistencia passiva, espera-o a ideia de que o procedimento do Parlamento se cansará, espera-o ainda um resto de suspeita de que o paiz se não levantará, como um só homem, para estigmatizar pela forma a mais publica esse malfadado contrato.

Mas o Governo enganou-se quanto a essa formula negativa de resistencias porque a indignação do paiz, hoje mais do que hontem, e ámanhã mais do que hoje, ha de levantar-se n'um impeto de desespero, e impedir que se pratique a iniquidade da approvação de um contrato tão ruinoso.

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Presidente: - Não está mais ninguem inscripto.

Portanto vae passar-se á segunda parte da ordem do dia, que é a discussão da resposta ao Discurso da Corôa.

Vae ler-se.

Foi lido e é ao teor seguinte:

Dignos Pares do Reino e Senhores Deputados da Nação Portugueza. - Venho hoje, no desempenho dos meus deveres de Rei constitucional, e portanto com grande aprazimento meu, abrir uma nova sessão legislativa, sendo-me profundamente grato o ver reunidas mais uma vez as Côrtes Geraes da Nação Portugueza.

São de todo o ponto cordiaes as relações de Portugal com as potencias estrangeiras.

Durante o interregno parlamentar occorreram factos que Me deram viva satisfação e merecem especial referencia pelo alto alcance que teem para o paiz.

Accedendo ao captivante convite que Nos fôra feito por Suas Majestades, os Reis de Inglaterra, Imperadores das Indias, Sua Majestade a Rainha e Eu visitámos Londres no outono ultimo. O acolhimento carinhoso e a recepção enthusiastica, que tivemos por parte dos Augustos Soberanos e do povo d'aquella capital, gravaram em nossos corações um sentimento de indelével reconhecimento.

Durante a minha ausencia exerceu a regencia do reino a minha muito amada Mãe, a Rainha, a Senhora Dona Maria Pia, dando mais uma assignalada prova da sua dedicação aos interesses do Estado.

A Augusta. Soberana Rainha de Inglaterra, Imperatriz das Indias, acaba de dar-Nos uma elevada demonstração da sua estima na recente visita a Lisboa. Estão vivas ainda no espirito de todos as calorosas acclamações com que foi recebida e que sempre a acompanharam até a sua partida.

Tambem Suas Altezas os Duques de Connaught distinguiram com a sua presença o nosso paiz, deixando-nos as mais gratas recordações.

Ao atravessar a França na minha visita á Inglaterra, e durante os dias que passei em Paris, a Rainha e Eu recebemos do Presidente da Republica, do Governo e do povo francez, acolhimento muito affectuoso e manifestações bem significativas da cordialidade de relações existentes entre a França e Portugal. Por tão agradavel facto aqui deixo consignada a minha gratidão.

Senhor. - Com respeitosa satisfação ouviu a camara dos Dignos Pares do Reino o discurso que Vossa Majestade se dignou dirigir-lhe ao abrir a actual sessão legislativa.

Agradavel foi á Camara a declaração de que são cordiaes e amigaveis as relações de Portugal com as potencias estrangeiras.

Com vivo prazer e gratidão teve a Camara conhecimento da recepção carinhosa e enthusiastica que Vossa Majestade e Sua Majestade a Rainha tiveram por parte de Suas Majestades os Reis de Inglaterra, Imperadores das Indias, e do povo de Londres, quando ultimamente visitaram áquella capital.

Com muito agrado regista a camara a assignalada prova de dedicação aos interesses do Estado que deu Sua Majestade a Rainha a Senhora D. Maria Pia no exercicio da regencia do reino perante a ausencia de Vossa Majestade.

Gostosamente consigna a Camara as calorosas acclamamacões com que foi recebida e acompanhada até á sua partida a Augusta Soberana, Rainha de Inglaterra, Imperatriz das Indias na sua recente visita a Lisboa.

Tambem á Camara deixaram as mais gratas recordações Suas Altezas os Duques de Connaught por occasião da sua presença no nosso paiz.

A Camara não pode deixar de se associar ao sentimento de gratidão de Vossa Majestade pelo acolhimento affectuoso e manifestações inequivocas da cordialidade de relações existentes entre a França e Portugal, que Vossa Majestade e Sua Majestade a Rainha receberam do Presidente da Republica, do Governo e do povo francez, ao atravessar aquelle paiz na sua visita a Inglaterra e durante os dias que passaram em Paris.