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170 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

ultima resolução da Camara a este respeito.

O Sr. Ernesto Hintze Ribeiro: — Sr. Presidente: eu pedi a palavra para explicações, em consequencia de uma phrase do Digno Par Sr. Beirão, mas como não sei a que ponto podem ir essas explicações, e como tenho de cumprir o meu dever, sejam quaes forem as consequencias que d'isso resultem, acho melhor que o Sr. Presidente consulte a Camara, e prometto desde já acatar qualquer resolução que seja tomada.

O Sr. Presidente : — Afigura se-me desnecessario consultar a Camara, desde o momento em que ella já tomou uma deliberação para estes casos.

O Sr. Ernesto Hintze Ribeiro: — Eu tenho que levantar uma phrase do Sr. Beirão. A Camara fica com a responsabilidade do seu procedimento, se me recusar o direito de usar da palavra.

O Sr. Presidente: — A Camara ouviu o requerimento do Digno Par Sr. Hintze Ribeiro. Eu entendia que não havia necessidade de consultar a Camara, mas, como se trata de um caso especial, e o Digno Par insiste, não tenho duvida em annuir ao desejo do Digno Par.

Consultada a Camara resolveu affirmativamente.

O Sr. Ernesto Hintze Ribeiro: — Sr. Presidente: já V. Exa. vê que eu sei observar as resoluções da Camara. Não as esqueço e nunca V. Exa. terá necessidade de me .chamar á ordem. O Digno Par Sr. Beirão, no seu discurso de hoje, disse que este Governo veiu mostrar que, dentro da Monarchia, ainda se podia governar com moralidade, com economia e com liberdade.

Tenho o direito de pedir explicações d'esta phrase.

A minha pergunta é: se essa phrase significa que só o actual Governo tem governado com moralidade?

O Sr. Francisco Beirão: Sr. Presidente : o que disse está dito ; e naturalmente está escripto.

O que eu disse foi que a concentração liberal estava ao lado do Governo, .porque elle tinha subido com a opinião publica, porque, tem governado com o Parlamento, e porque tem mostrado que dentro das instituições monarchicas se pode governar com moralidade, com economia e com liberdade..

Foi justo isto que eu disse ao Governo actual.

Agora, pelo que toca ás administrações passadas, já ás que combati, como áquellas que tive a honra de pertencer, a minha opinião deve estar exarada nos Annaes parlamentares. Eu nunca me recusei a dizer o que pensava da administração do Sr. Hintze Ribeiro.

Não tenho mais nada a dizer.

O Sr. Hintze Ribeiro : — Não discuto n'este momento a concentração liberal. Reservo-me para o fazer quando e onde julgar melhor e mais opportuno; mas creia o Digno Par que ha de .sentir, na sua consciencia, aliás tão illibada e tão pura, remorder-lhe alguma cousa que por certo o incommodará.

Quero agora apenas levantar uma phrase do Digno Par que me offendeu a ruim e ao meu partido. (Apoiados).

Nem S. Exa. nem ninguem tem o direito de dizer que os Governos anteriores a este não houvessem governado dentro da monarchia com moralidade, liberdade e economia. Não tem o direito de o dizer sem o provar e emquanto o não provar, e se não o provar, pela minha parte é que me assiste o direito de retorquir-lhe que S. Exa. falta á verdade.

O Sr. Dias Costa: — O Digno Par Sr. Beirão não disse o que S. Exa. attribue. Já se explicou.

O Orador: — Emquanto não provar o que disse, eu que tenho de defender os meus actos e justificar o meu partido, e por isso desde já affirmo que S. Exa. falta á verdade.

(O Digno Par nada reviu).

O Sr. Francisco Beirão: — Não vale a pena irritarmo-nos.

O Digno Par ha de lamentar as palavras que proferiu, porque não são proprias d'elle, nem de mim, nem d'esta assembleia.

Disse o Digno Par que tenciona provar que a concentração liberal ha remorder-me a consciencia.

Quando o Digno Par me provar isso e se eu tiver de repetir as affirmações que fiz contra as administrações anteriores, então ajustaremos contas.

O Sr. Presidente : — A ordem do dia para segunda feira, 4 do corrente, é a continuação da de hoje.

Está levantada a sessão.

Eram 5 horas e 35 minutos da tarde.

Dignos Pares presentes na sessão de 1 de fevereiro de 1907

Exmos. Srs.: Sebastião Custodio de Sousa Telles : Marquez Barão de Alvito; Marquezes: de Gouveia, de Pombal; Bispo - Conde de Coimbra; Condes : de Arnoso, de Bertiandos, do Cartaxo, de Margaride, de Paraty; Viscondes : de Athouguia de Monte - São; Moraes Carvalho, Alexandre Cabral, Antonio de Azevedo, Costa e Silva, Teixeira de Sousa, Campos Henriques, Arthur Hintze Ribeiro, Ayres de Ornellas, Vellez Caldeira, Carlos Maria Eugenio de Almeida, Eduardo José Coelho, Ernesto Hintze Ribeiro, Fernando Larcher, Veiga Beirão, Coelho de Campos, Dias Costa, Ferreira do Amaral, Francisco Machado, Francisco de Medeiros, Francisco Maria da Cunha, Almeida Garrett, Jacinto Candido, D. João de Al arção, João Arrojo, Teixeira de Vasconcellos, Gusmão, Mello e Sousa, Avellar Machado, Moraes Sarmento, José Lobo do Amaral, José Luiz Freire, José de Alpoim, José Vaz de Lacerda, Julio de Vilhena, Luciano Monteiro, Pessoa de Amorim, Poças Falcão, Bandeira Coelho, Affonso de Espregueira, Pedro de Araujo e Wenceslau de Lima.

O Redactor,

F. ALVES PEREIRA.