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108 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

anteriormente avançára, vou terminar estas breves considerações; não o farei comtudo sem dizer ao sr. ministro da marinha que aquella phrase latina que eu proferi no meu formoso discurso, como em estylo poetico s. exa. chamou ás despretenciosas palavras que aqui disse, luxo de estylo que de passagem direi não me lisongeou porque a consciencia não o permittia, nem tambem me afiligiu porque sei que a camara sabe que não tenho pretensões de orador; aquella phrase latina que o sr. ministro sabe traduzir, mas não applicar, e que deixou intacta, tambem eu a deixo, não a explicando de novo, tendo comtudo a certeza, que se s. exa. quizer saber a applicacão, a alta intelligencia de s. exa. supprirá qualquer explicação que de novo desse.

O que, porém, me magoou, sr. presidente, foi que o illustre ministro podesse, por instantes sequer, suppor que a phrase latina lhe era injuriosa!

Das minhas palavras antecedentes e consequentes concluiu, comtudo, s. exa., e bem, que nem para si nem para seus collegas a phrase citada podia ser injuriosa!

Ainda bem que foi só por um instante, e ainda assim eu sinto lhe podesse passar pelo espirito uma siniilhante supposição.

Sabem todos os que me conhecem, que eu não sou capaz de injuriar ninguem. (Apoiados.)

Em quanto Deus me der um pouco de animo, hei de sempre repellir com todas as minhas forças qualquer injuria, mas injuriar, nunca.

Limito aqui as minhas considerações.

O sr. Marquez de Vallada: - Reportando-se ao discurso do precedente orador, fez algumas considerações a respeito das camarilhas que são sempre, e em todos os tempos, a desgraça dos réis, e por esta occasião passou em revista os factos das monarchias passadas, citando em especial os reinados de D. João V, D. Affonso vi e D. Pedro II, de que adduziu que o marquez de Pombal provou o desejo de desfazer os obstaculos á boa governamentação.

O sr. Ministro da Marinha: - Disse n'um áparte: "serem certos homens que andavam pelas das quebrando as cabeças a todos".

O Orador: - Continuando, affirmou que eram tambem os fidalgos, sendo d'elles composta a camarilha que circumdava os monarchas, fidalgos que abusaram, como igualmente todos os padres e seculares; e que estas mesmas imperariam no reinado de El-Rei D. José, se não fôra o seu eminente ministro o marquez de Pombal, que debellou e reprimiu os excessos das mesmas camarilhas. Aos tramas d'ellas juntavam-se os que vendiam os empregos publicos, como se ve hoje diariamente nos jornaes annuncios de gratificações a quem arranjar um emprego! Demonstrou o orador que as idéas venceram a espada, e hoje não se tolerariam as crueldades de então.

Reportando-se a administração da justiça em as nossas terras de alem mar, prestou reconhecimento ao sr. ministro da marinha pelos desejos que mostra de ser prudente nas mudanças que necessariamente teriam de effectuar-se n'aquella região.

Terminou pedindo ao referido sr. ministro que se recorde de que nas terras de alem mar é necessario que tremulem a par um do outro os estandartes da liberdade e da civilisação; e reportou-se igualmente a algumas phrases do sr. conde do Casal Ribeiro, alludindo tambem a algumas expressões do sr. ministro da marinha. Concluiu dizendo que esperava as explicações categoricas do governo, e pedia á camara que votasse a sua moção como uma lembrança aos srs. ministros!

O sr. Barros e Sá: - Olhe, de mim é que v. exa. póde dizer isso com segurança.

O Orador: - Não o dissera a respeito do sr. Barros e Sá, mas já que s. exa. fallou dir-lhe-ia o contrario: que ha de sel-o, e que é muito competente para isso.

De mais a mais ainda falta muita gente a ser ministro, faltam por exemplo os amigos do sr. Barjona.

O sr. Barros e Sá: - Póde v. exa. dizer o que quizer, mas posso assegurar-lhe que eu não o serei.

O Orador: - Continuou fazendo varias considerações sobre as allianças estrangeiras, e terminou dizendo que esperava algumas explicações mais categoricas, claras e explicitas.

O sr. Presidente: - Deu a hora. Parece-me que a camara concordará em termos sessão amanhã. Ficam inscriptos os srs. Costa Lobo e Barros e Sá.

O sr. Marquez de Vallada: - Peço a palavra.

O sr. Presidente: - O digno par tem algum requerimento a fazer?

O sr. Marquez de Vallada: - Fazendo sentir que não poderá, acabada a eleição da commissão de inquerito, pedir ao sr. ministro da marinha instasse com o seu collega do reino para s. exa. comparecer o mais breve possivel para elle orador realisar a sua interpellação sobre as misericordias do reino, expoz tambem comprehender-se que n'essa occasião desejava dar uma explicação em relação aos seus actos como governador civil do districto de Braga; e lembrou o alvitre de que, sendo limitado o tempo de as camaras funccionarem, cada dia houvesse duas sessões, uma de dia e outra de noite, porque assumptos ha de muito interesse dos quaes a camara se deve occupar.

O sr. Presidente: - A ordem do dia para ámanhã, 12 do corrente, é a continuação da interpellação ao sr. ministro da marinha; e a discussão dos pareceres n.os 268 e 269, que diz respeito á admissão do representante do sr. conde dos Arcos.

Está levantada a sessão.

Eram cinco horas da tarde.

Dignos pares presentes na sessão de 11 de março de 1878

Exmos. srs. Marquez d'Avila e de Bolama; Marquezes, de Monfalim, de Sabugosa, de Vallada; Condes, de Cabral, de Cavalleiros, do Farrobo, da Ribeira Grande, de Bomfim, de Fonte Nova, da Louzã; Bispo do Porto; Viscondes, de Algés, de Alves de Sá, de Fonte Arcada, de Seabra, do Seisal, de Soares Franco, da Praia, da Praia Grande de Macau, Barão de Ancede, Aifonso de Serpa, Moraes Carvalho, Mello e Carvalho, Sousa Pinto, Barros e Sá, Paiva Pereira, Serpa Pimentel, Costa Lobo, Xavier da Silva, Palmeirim, Carlos Bento, Sequeira Pinto, Montufar Barreiros, Larcher, Mártens Ferrão, Reis e Vasconcellos, Franzini, Barjona de Freitas.