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Como sei que temos sido taxados de pouco explicites no discurso da Corôa, direi duas palavras a respeito da Administração a que tenho a honra de Presidir. O Ministerio está resolvido, e nisto estou certo que será firmemente apoiado por esta Camara, a sustentar á custa de todos os sacrificios, o Reinado da Senhora DONA MARIA II, (apoiados) a Sua Dynastia, (apoiados) a independencia nacional, (apoiados) a Carta Constitucional da Monarchia; (apoiados) e a esmagar com mão de ferro a cabeça da hydra revolucionaria em qualquer parte que appareça (apoiados geraes.)

E não deixarei de apresentar aqui a opinião de um auctor francez De Meunier, que não póde ser suspeito aos mesmos radicaes, o qual sustenta — que nas grandes calamidades physicas, moraes, ou politicas a paciencia e a moderação nos chefes populares, é o melhor de todos os remedios; e sem esta moderação e paciencia, por mais consiliador e generoso que seja o Governo, como póde elle deixar de lançar mão de medidas fortes para evitar a anarchia, o peor de todos os males?

O Ministerio deseja que na Carta Constitucional se façam as alterações que o tempo e a experiencia tenham mostrado necessarias; mas pelo methodo marcado na mesma Carta, (apoiados) porque nunca consentirá que um simples Decreto possa alterar a Lei Fundamental do Paiz (apoiados). E de passagem direi que de todos os actos da opposição o mais incomprehensivel para mim é a insistencia do Decreto de 10 de Fevereiro de 1842, (apoiados) elevando por esse modo o bel-praser do Monarcha e dos Ministros acima da Constituição do Estado (muitos apoiados).

Mas desconheceriam acaso os individuos que hoje formam a Administração qual era a enorme tarefa de que iam encarregar-se? Teriam acaso a stulta presumpção de fazerem algum dos innumeraveis milagres de que se tem occupado a imprensa periodica? Teria eu acaso o miseravel orgulho de me julgar com os talentos e a sciencia que as circumstancias do Paiz exigem? Não, Sr. Presidente. Eu sentia arder no meu peito um puro amor da Patria — não suffocado pelo capricho, pela inveja ou pela vingança; uma profunda convicção das nossas necessidades; e a verdadeira coragem civica para virmos apresentar ao Parlamento e á Nação, o verdadeiro estado em que nos achamos (repetidos apoiados).

O Ministerio está decidido a tractar a questão economica com toda a sinceridade, franqueza e verdade (apoiados). Não proporemos medidas que paliando, ou fazendo desapparecer por alguns mezes o estado morbido do Paiz preparem uma reapparição da molestia que decida da sua existencia (apoiados).

Faremos vêr com a maior clareza o estado da Fazenda Publica, e sem nos esquecermos de que somos uma nação independente e uma monarchia, á custa de todos os sacrificios buscaremos reduzir no anno economico futuro, a despeza, não á receita imaginaria, mas areal e effectiva (muitos apoiados).

Da sabedoria das Camaras espera o Ministerio a mais efficaz cooperação na destribuição dos sacrificios que todos teremos que fazer, a fim de que sejam geraes, proporcionaes e por tanto justos (seguidos apoiados).

As questões de administração, de politica, de instrucção publica e ecclesiastica serão tractadas debaixo dos mesmos principios. E quando chegue o momento de sahir do Ministerio, se não tivermos obtido os elogios dos contemporaneos, recolher-nos-hemos com a consciencia tranquila, e com a persuasão de havermos administrado com sinceros desejos de contribuir para o bem da nossa Patria (muitos apoiados. — Muito bem, muito bem).

O Sr. V. de Sá da Bandeira — Eu pedi a palavra unicamente para responder, ao que o illustre Marechal acaba de dizer. Creio que S. Ex.ª se referiu a 1836, antes da Belemzada: não tenho conhecimento nenhum do que disse o nobre Marechal, passado no gabinete; e ainda que proferiu o meu nome, declaro que não tive conhecimento disso, e antes todas as vezes que se fallava na restauração da Carta, me oppuz e dizia aos que fallavam nisto, que se abstivessem de tal, porque havia ter consequencias funestas; e quando entrei para o Ministerio com a condição de ser esse regimen, eu respondi que acceitava com a Constituição estabelecida, porque depois de ter promettido não havia faltar á minha palavra.

O Sr. Presidente do Conselho — Objectos de uma ordem tal como este, não se podem tractar de leve. Antes de hontem, depois de ter pensado sobre este negocio fiz convidar a minha casa o Barão da Luz, e elle disse-me que S. Ex.ª fóra o intermedio. (O Sr. V. de Sá — A minha Ex.ª não — riso.) O Sr. Barão da Luz, antes de hontem me certificou tudo quanto acabo de dizer, e accrescentou que foi em V. Ex.ª que encontrára maiores difficuldades, e depois de instar muitas vezes, V. Ex.ª disse — pois bem já se entendeu com Julio Gomes?...

O Sr. V. de Sá — Se alguem disse alguma cousa, a minha resposta foi — depois de entrar para este serviço, a minha obrigação é levar as cousas para deante.

N. B. Por falta de espaço não é publicada hoje a Sessão em toda a sua integra, o que terá logar opportunamente.