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SESSÃO DE 12 DE JUNHO DE 1890 303

Com o de Macedo deu-se o seguinte: esteve toda a noite de guarda á urna, provavelmente para ser agradavel ao sr. Eduardo Coelho, tendo antes, a proposito de fazer exames imaginarios á assembléa, tomado conta da uma de que ficou senhor, acompanhado do delegado, escrivão e contador.

Eu Mirandella o juiz deu uma sentença, e, seguidamente declarou ser coagido por circumstancias que agora deixo de referir.

Sr. presidente, é impropria a occasião para mais detalhes.

Era isto o que eu queria dizer. Termino aqui as minhas considerações.

O sr. Pereira Dias: - Eu tinha pedido a palavra, como v. exa. sabe, não para responder ao digno par que acaba de fallar, e que se referiu a mim, mas para me dirigir ao sr. ministro da instrucção publica. Isto não quer dizer que me abstenha de dar alguma resposta ás considerações que o digno par fez intempestivamente n'esta camara; mas como s. exa. se occupou de cousas pequenas, pequenissimas, vou primeiro tratar de questões que julgo maiores e muito graves.

O sr. ministro da instrucção publica declarou-se habilitado para dar explicações sobre os successos de Africa, sendo certo que s. exa. está habilitado, habilitadissimo, principalmente dizendo que nada sabe, que nada póde dizer, senão opportunamente.

Ora, sr. presidente, a questão é grave, é gravissima. A opposição d'esta casa, que foi accusada de fazer uma opposição accintosa ao governo, tem dado provas evidentes, evidentissimas do contrario em todos os assumptos que se têem discutido, principalmente n'aquelle a que nos estamos referindo.

A opposição por mais de uma vez tem pedido explicações ao governo sobre successos praticados era Africa, e sobre as negociações pendentes com a Inglaterra, tem obedecido completamente ao que o governo tem pedido, o qual entende que não deve responder uma só palavra, dizendo que opportunamente dará explicações completas, cabaes e que pelo seu procedimento assumirá inteira e completa responsabilidade.

Sr. presidente, o governo escusava de dizer que assumia esta responsabilidade; isto é uma phrase trivial, é uma phrase que todos nós sabemos que em casos taes saem dos labios de todos os ministros.

Mas, sr. presidente, este procedimento correcto e silencioso da parte da opposição tem naturalmente um limite, se não chegou já está pelo menos muito proximo de chegar, e creio que esta camara, como representante do paiz, carece pelo menos de saber alguma cousa ácerca de um assumpto de tamanha importancia.

Agora declarar-se constantemente que se ignora o que succedeu e que a respeito do que se sabe nada se póde dizer, estas declarações não são precisamente accommodades a inspirar confiança, principalmente desde que o governo, logo de principio, mostrou que não tinha confiança no paiz, nem no parlamento, e por isso não é muito que o paiz e o parlamento não tenham confiança nas declarações do governo.

Devo assegurar que creio no patriotismo de todos os membros do governo, que em cada um d'elles pulsa um coração portuguez e por isso a minha confiança pessoal é sem reservas. Mas, sr. presidente, eu posso deixar de ter a mesma confiança na direcção diplomatica d'este gravissimo negocio.

Já disse e torno a repetir que a opposição d'esta camara tem sido correctissima.

Mas dizer-se que a imprensa opposicionista não tem sido muito correcta na maneira de se dirigir ao governo! A este respeito appello para toda a camara.

A opposição tem sido muito moderada; mas os jornaes que apoiara a politica do governo não têem tido para com ella a menor attenção.

Ainda hoje n'uma gazeta, que passa por ser folha official do governo, li eu, com grande tristeza, que o actual ministerio está sendo victima das indignidades commettidas pela situação transacta!

Isto é de uma grande inconveniencia!

Sr. presidente, eu podia, como membro do partido progressista, d'esta casa, instar para que de algum modo o governo nos desse, senão todas, pelo menos algumas explicações, com relação aos factos lamentaveis succedidos na Africa; mas se não o faço, entretanto não posso deixar de estranhar que o gabinete nada saiba a tal respeito.

Sr. presidente, eu creio que o telegrapho póde ser mais explicito que está sendo. Hontem ainda o governo ignorava o que havia de verdade a respeito do que se tinha dito ante-hontem; hoje recebe o governo um telegramma que não adianta cousa alguma?!

A este respeito não direi tudo que podia dizer, porque entendo que a questão deve ser tratada fóra de qualquer paixão, politica ou partidaria, e principalmente n'esta camara que tem uma indole muito diversa da outra casa do parlamento.

Portanto, fica esperando pelas informações do governo.

Agora, o que peço a v. exa., sr. presidente, é que de sessão para segunda feira, porque é impossivel que o governo d'aqui até lá não esteja habilitado a poder dar esclarecimentos sobre os successos de Africa.

Sr. presidente, depois de tratar deste grave assumpto, permitia-me v. exa. que eu apenas faça breves reflexões sobre o que disse o sr. visconde da Bouça.

O digno par declarou que esteve de palanque durante um mez, assistindo ás nossas sessões.

Ora, eu devo dizer a s. exa. que aqui não ha palanques, e que dentro d'esta casa... Não digo mais nada.

O sr. Visconde da Bouça: - Eu pronunciei tambem a palavra galeria.

O Orador: - A palavra palanque não tem, por si, significação offensiva; entretanto, pela comparação com outros palanques que todos nós conhecemos, é que poderia alguem julgar-se offendido.

Disse tambem o digno par que o presidente d'esta camara podia prender qualquer par do reino.

Eu direi a s. exa. que o nosso digno presidente não prende nenhum membro d'esta casa, não tem direito para o fazer; mas, ainda que o tivesse, seria elle o ultimo a usar d'elle.

Disse tambem s. exa. que, na eleição de Bragança, o sr. Firmino João Lopes fóra fraco, e que, no caso d'este magistrado, s. exa. teria sido mais forte.

Eu gosto muito dos temperamentos fortes, gosto mesma muito d'elles, mas reconheço que o sr. Firmino João Lopes não foi fraco.

Disse s. exa. que a opposição faz uma guerra acintosa ao governo, e eu digo ao digno par que eu, membro de um dos partidos da opposição, uma questão tão grave e gravissima, como é aquella de que se trata, pareço governamental, e não o sou.

Em questões da natureza d'aquella que estamos ventilando, se por um lado fazemos justiça aos sentimentos patrioticos do governo, por outro cumprimos o nosso dever, pedindo explicações que julgâmos indispensaveis.

Eu não quero renovar a questão da eleição de Bragança, nem devo renovar, mas s. exa., que durante um mez esteve nas galerias, diga-me se ouviu qualquer phrase que podesse offender os cavalheiros eleitos por aquella cidade.

Com relação aos actos politicos e com respeito aos processos eleitoraes, ouviu com certeza palavras mais ou menos asperas, mais ou menos severas, de que eu e o meu collega o sr. Coelho de Carvalho nos servimos, porque tinhamos o direito de nos servirmos d'ellas, mas, ainda