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2 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

processo e que mais tarde vem a ter o mesmo resultado que aquella teve.

Como tive de referir-me a este funccionario, que actualmente está dirigindo as obras publicas no districto de Vizeu, districto de que me honro muito de ser filho, quero fazer uma pergunta ou um pedido ao governo.

Vejo nos jornaes d’aquella cidade, que se enviou ao governo uma representação, não sei se fundamentada, ácerca de actos d’este funccionario.

Tenho esperado debalde que os jornaes d’aquella terra, aliás pouco occupados em noticiarem grandes acontecimentos, publicassem ao menos um extracto das accusações feitas e como vejo esta reserva da parte dos jornaes da terra peço a v. exa., no uso do meu direito, que pelo ministerio das obras publicas, se não houver inconveniente, me seja enviada uma copia da representação feita contra este funccionario, porque eu, como acima de tudo desejo o bem d’aquella terra e d’aquelle districto, quero ser juiz imparcial da justiça ou dá sem rasão dessas queixas, para apresentar a minha opinião ao governo, se elle antes disso não tiver resolvido sobre o destino do papel ou do funccionario.

Sr. presidente, ainda uma ultima ponderação. Isto não será longo. É tambem mais pelo ministerio das obras publicas do que de outro qualquer.

A companhia norte e leste na exploração na linha de Cascaes está fazendo um dos peiores serviços que póde fazer a si e ao publico.

Este ultimo horario annunciado, e que infelizmente foi approvado pelo governo, é verdadeiramente um desastre para a companhia e um desastre para todos que vivem mais ou menos vizinhos d’aquella linha.

Em primeiro logar, eu não sei como correm os negocios da companhia nem sei se as suas circumstancias são precarias. Tenho o maximo desejo de lhe poder ser agradavel.

A companhia dos caminhos de ferro leva-me a mim o preço de um bilhete que me vende todos os dias até Campolite e deixa-me ficar no estação de Alcantara-mar, infalivelmente.

Isto é um abuso contra o qual todos tinham direito de protestar, mas não vale a pena tentar uma questão judicial para haver estas pequenas perdas e damnos; mas, a dizer a verdade, não deixa de ser um abuso, e eu peço ao governo que olhe por elle, porque o governo tem obrigação de dispensar o seu cuidado paternal mesmo áquelles que vivem para os lados de Cascaes.

A companhia dos caminhos de ferro estabeleceu agora um horario que a poucos póde aproveitar. Emfim é como ella quer, e, como o governo consente, ella está no seu direito.

A companhia dos caminhos de ferro quer de certo a concorrencia dos antigos carrões, ou a dos americanos, a que eu tambem não sou nada desaffeiçoado.

E note a camara que eu, no que acabo de dizer, não tenho o intuito de aggredir o governo, apesar de ser elle quem approvou o novo horario, sem attenção de certo a que a maior parte da gente de Lisboa, em consequencia da crise pecuaria que ha tempo nos persegue, começou a transferir as suas residencias para á beira da capital, procedendo assim na supposição de ter todos os meios de transporte para vir a Lisboa tratar dos seus negocios.

Ora eu poderia queixar-me de que o governo não tivesse em attenção o que acabo de indicar, principalmente n’uma epocha em que é necessario ser propicio ás medianas fortunas, mas não o faço.

Espero, porém, que o governo remediará este mal, cujos inconvenientes não são só para o publico, como tambem para a companhia, o que será facil de demonstrar.

Sr. presidente, eu vi esta questão tratada n’um jornal que me parece não ser de todo desaffeiçoado ao sr. presidente do conselho.

Julguei muito justas as reclamações que n’esse jornal se faziam, e tendo tido a fortuna de que durante as minhas considerações entrasse n’esta sala o sr. presidente do conselho; deixo nas suas mãos o pedido para remediar este mal, certo de que s. exma. não se descuidará.

Concluindo, mando para a mesa os meus requerimentos.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Dias Ferreira):- Sr. presidente, eu vi tambem nos jornaes o grande prejuizo que tinha havido nas obras do porto do Funchal, em consequencia do ultimo temporal.

Esta noticia preoccupou-me de tal maneira que esta manhã tive idéa de escrever ao sr. ministro das obras publicas a tal respeito, mas negocios em que depois me occupei impediram me de o fazer.

A ilha da Madeira estava, quando ha tempo ali me demorei tres mezes, precisamente como nos tempos primitivos, quanto ás condições do seu porto.

Os passageiros que de differentes vapores ali iam desembarcar, tinham de entrar n’um barco que era tirado depois por uma junta de bois para terra n’um ponto cheio de calhaus.

Lembro me de que havia um pequeno recanto de mar onde era possivel fazer-se «ma obra com o fim de melhorar as condições do porto, ligando o Ilhéu com a Pontinha.

Não ficava na verdade um grande porto para navios de alto bordo, mas servia para pequenas embarcações.

Ha annos os poderes publicos poderam destinar, não sei bem a quantia, mas creio que 500 contos de réis, para fazer as obras necessarias no porto; VI agora nos jornaes que todas essas obras tinham sido destruidas peio temporal, havendo perda completa.

Este facto tal impressão me fez, que como disse resolvi escrever ao sr. ministro das obras publicas, mas não o fiz logo, porque o meu espirito se prendeu a outros assumptos.

Ao entrar na sala notei que o digno par sr. Thomás Ribeiro se estava referindo a este facto, e por isso escrevi logo ao sr. ministro das obras publicas, communicando-lhe as observações que a este respeito s. exa. estava fazendo.

Espero ter a resposta ainda antes do fim da sessão, mas posso assegurar ao digno par que o governo ha de tomar as providencias que o caso exige.

Com respeito ás reclamações que o digno par diz haver contra o director das obras publicas de Vizeu, devo declarar que nada gabando desse facto, darei conta ao sr. ministro das obras publicas das considerações do digno par.

Emquanto ao caminho de ferro de Cascaes, o digno par sr. Thomás Ribeiro sabe que eu n’esta linha não sou dos menores contribuintes. Muitas vezes me aconteceu, agora não porque as minhas occupações me tiram o tempo para esses passeios, mas anteriormente, ir de Alcantara-mar a Caxias e ter de pagar os bilhetes até Oeiras.

O sr. Thomás Ribeiro:— V. exa. dá-me licença que o interrompa?

O Orador: — Da melhor vontade.

O sr. Thomás Ribeiro: — N’esse caso ainda v. exa. podia aproveitar, porque, embora quizesse parar em Caxias, tinha a faculdade de seguir até Oeiras; mas a meu respeito dá-se a circumstancia de que, ainda que eu queira ir até Campolide, não posso, porque não vae até lá o comboio.

O Orador:— É uma circumstancia aggravante.

Emquanto ao horario, tenho tambem visto as reclamações dos jornaes; mas como estes assumptos correm por outra pasta, hão de merecer a attenção do sr. ministro respectivo, a quem communicarei aã observações do digno par, com as quaes estou plenamente de accordo.

(S. exa não reviu.)

O sr. Presidente: — Tem a palavra o sr. Sousa Avides.