O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

Note a Camara e registe o Governo, representado pelo Sr. Ministro da Guerra para o communicar ao Sr. Ministro das Obras Publicas e transmittir ao Sr. Presidente do Conselho e Ministro do Reino, que ao lado das circunstancias que eu acabo de expor, ha a de que foi um anno agricola desgraçadissimo naquella região e os proprietarios que costumam dar trabalhos e prover á sustentação e alimentação das classes pobres, fornecer emfim ensejo para ganharem os meios de subsistencia e sustento de suas familias, não o puderam fazer este anno com a largueza dos annos anteriores, por lhe faltarem os indispensaveis recursos.

É necessario, é indispensavel que o Governo abra trabalhos publicos, pois a abertura d'esses trabalhos se recommenda pela economia e boa administração. Urge acudir a estradas começadas e não concluidas, que não se continuando serão estragadas completamente pela invernia, inutilizando-se d'esta forma todo o dispêndio feito.

Sobre estes dois pontos eu desejava chamar a atenção do Governo e quero pedir severas contas ao Sr. Presidente do Conselho, do modo como a lei relativa á importação de centeio está sendo executada, visto que as consequencias e os resultados são precisamente contrarios aquelles que nós esperavamos. Com relação ao outro ponto, desejava perguntar ao Governo se está ou não disposto a abrir trabalhos e a continuar as obras, o que é de boa administração, proporcionando assim aos trabalhadores os meios da sua sustentação e a de suas familias, e ainda se vá e ou não providenciar no sentido de que naquella provincia não falte pão, para os pobres não morrerem de fome.

É isto o que eu peco ao Sr. Ministro da Guerra que transmitia aos seus collegas do Reino e das Obras Publicas. Em uma das proximos sessões desejo que S. Exas. venham aqui para trocarmos explicações, ouvindo d'elles declarações terminantes e claras.

Não me satisfaço com respostas macavenquicas.

Diga S. Exa. isto ao Sr. Presidente do Conselho, pois que do que careço é de uma resposta clara e positiva porque o assunto é gravissimo.

Estou falando em nome dos interesses do país, que se prendem com a alimentação dos povos, que, pelo facto de serem pobres e trabalhadores e não fazerem parte dos arruaceiros da capital, teem tambem razão de serem ouvidos.

(O Digno par não reviu).

O Sr. Ministro da Guerra (Sebastião Telles):- Eu peai a palavra para dizer ao Digno Par que communicarei aos Srs. Presidente do Conselho e Ministro das Obras Publicas as considerações que S. Exa. fez e o desejo que apresentou de em uma das proximos sessões dirigir-lhes algumas perguntas.

Como o Digno Par sabe, os assuntos a que se referiu não correm pela minha pasta, para eu responder por forma a satisfazer os desejos de S. Exa., mas a maneira como o Governo tem procedido deve ser garantia de que não descurará esse assunto. A prova é que se importou o centeio e têem-se aberto trabalhos publicos.

O Sr. Jacinto Candido: - Aprova que o tem descurado é que se continua a vender o centeio a 750 réis o alqueire.

O Orador.: - Isso quer dizer que se deve importar mais ou tomar outras providencias.

O Sr. Jacinto Candido : - O que se deve dizer é que os assambarcadores, á sombra d'essa lei, estão enchendo as algibeiras e abusando de uma necessidade publica.

O Orador: - S. Exa. sabe que esta questão de abrir trabalhos é muito boa, mas depende de que o Governo o possa fazer, depende da sua utilidade e das suas condições.

Não quero tratar da questão com o Digno Par, mas quero simplesmente dizer a S. Exa. que o Governo procederá como melhor se lhe afigurar e tem a mesma boa vontade que o Digno Par tem de que o assunto se resolva.

(O Digno Par não reviu).

O Sr. Presidente: - A proximo sessão é na sexta feira. A ordem do dia é a continuação da que estava dada para hoje.

Eram 5 horas e meia da tarde.

Dignos Pares presentes na sessão
de 8 de julho de 1908

Exmos Srs.: Antonio de Azevedo Castello Branco, Eduardo de Serpa Pimentel: Marquez Barão de Alvito; Marquezes: de Ávila e de Bolama, de Sousa Holstein; Condes: de Arnoso, do Bomfim, de Castello de Paiva, de Figueiró, de Sabugosa, de Villa Real; de Villar Secco: Viscondes: de Algés, de Monte-São; Alexandre Cabral, Costa e Silva, Teixeira de Sousa, Campos Henriques, Carlos Roma du Bocage, Eduardo José Coelho, Fernando Larcher, Veiga Beirão, Dias Costa, Francisco José Machado, Francisco Simões de Almeida Margiochi, Ressano Garcia, Baptista de Andrade, Jacinto Candido, João Arroyo, Teixeira de Vasconcellos, Vasconcellos Gusmão, José de Alpoim, Silveira Vianna, Julio de Vilhena, Luciano Monteiro, Pimentel Pinto. Poças Falcão, Bandeira Coelho, Sebastião Telles e Sebastião Dantas Baracho.

O Redactor,
F. ALVES PEREIRA.