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mar e dos seus amigos políticos (apoiados). E preciso que o governo seja de todo franco se não quer lançar uma nódoa sobre o primeiro mordomo do rei, quando é certo que taes aceusações parecem ser auctorisadas pelo governo, por isso mesmo que ellas vem dos homens que o mesmo governo tem recompensado com pingues empregos por motivo de lhe sustentarem a sua politica nos jornaes onde escrevem.
O governo diz que nada tem com isso, mas é notável que só agora se reconhecessem e acatassem certas doutri nas! O sr. marquez de Loulé, segundo, elle orador, lera em um jornal, declarou na outra camará, que se estivesse no paço quando a representação foi entregue a El-Rei, teria aconselhado a Sua Magestade a que não a aceitasse. Parece que foi o que s. ex.a disse, e disse bem agora, por que em outro tempo, quando o partido de s. ex.a foi pedir á Senhora D. Maria II demittisse do ministério o sr. conde de Thomar, então disse mal, porque offendia as prerogati-vas reaes; porém o motivo é que no governo aprende-se a amar a ordem.
Disse pois, elle orador, que lhe constava que o sr. presidente do conselho declarara na outra camará, que se estivesse presente na occasião em que se entregou a representação a El-Rei, te-lo-ía aconselhado a que não a aceitasse; e como s. ex.a só notou que houvesse uma contradicção no seu procedimento com aquelle que lhe fora lançado em rosto por parte do sr. duque de Saldanha, estimaria que s. ex.a desse sobre estes dois pontos explicações tão cabaes, que tendam a satisfazer todos.
Espera a explicação de s. ex.a
O sr. Presidente do Conselho de Ministros:—Presume que o digno par não leu a carta do sr. duque de Saldanha, nem leu o que disse na outra camará. (O sr. Marquez ãe Vallada:—Isso li.) Se não leu um dos documentos como vem de leve affírmar que houve uma contradicção? Elle orador não affirmou que tinha visto a carruagem do sr. duque de Saldanha: disse que chegando ao paço perguntara se o sr. duque de Saldanha já lá estava, e diversas pessoas lhe responderam que sim, e uma d'estas foi o sr. D. Carlos de Mascarenhas, que lhe disse que já tinha visto a carruagem do sr. duque, auctorisandoo mesmo s. ex.a a citar o seu nome, se acaso lhe fosse dirigida alguma pergunta a este respeito; dissera mais elle, orador, que não dava nenhuma importância a esta circumstancia.
Em quanto ao outro ponto a que se referiu o digno par, é verdade que disse que se estivesse presente quando foi entregue a representação a Sua Magestade, teria tomado a liberdade de aconselhar que se não aceitasse, não tanto pelo objecto d'ella, mas porque os signatários se diziam mandatários do povo de Lisboa, e elle, orador, entendia que seria uma injuria feita aos habitantes de Lisboa considerar aquelles homens como seus mandatários. Por isto não podia tomar o negocio a serio, quando é publico e sabido como a reunião se levou a effeito, e o que se passou a tal respeito.
O sr. Marquez de Vallada:—Expoz que alguma utilidade tirou a camará e o publico da provocação que fez ao sr. presidente do conselho para dar mais latas explicações sobre o objecto de que se oceupou o digno par o sr. conde de Thomar. O sr. presidente do conselho declarou effectivamente que tinha dito na camará dos srs. deputados, que se estivesse presente quando a representação foi entregue a Sua Magestade, te-lo-ía aconselhado a que não a aceitasse.
Quanto ás explicações em relação ao sr. duque de Saldanha, elle, orador, fica no mesmo terreno, convencido de que, ou de uma ou de outra parte, houve alguma inexactidão.
O sr. Ministro das Obras Publicas (Thiago Horta): — Creio que se acha sobre a mesa^o parecer da commissão de marinha sobre o contrato com a companhia união mercantil. Este parecer, se não houvesse inconveniente, poderia dar-se para a discussão na sessão immediata, porque o parecer da commissão de marinha conforma-se com o da commissão de fazenda, e poderia dispensar-se de ir a imprimir.
O sr. Secretario (Conde ãe Mello): — O parecer da commissão de fazenda foi impresso e distribuido, e o da commissão de marinha é conforme com o primeiro, tendo a assignatura como vencido do digno par conde do Bomfim.
O sr. Presiãente: — Não ha duvida nenhuma em se fazer o que pede o sr. ministro das obras publicas.
O sr. Conde ão Bomfim : — Peço a palavra para mandar para a mesa uns requerimentos pedindo esclarecimentos (leu e manãou para a mesa).
São ão theor seguinte:
«Requeiro que pelos ministérios da justiça e da marinha e ultramar seja remettida, com urgência a esta camará, uma nota que mostre qual foi o numero de degradados mandados para as províncias ultramarinas nos últimos dez annos, e a despeza que se fez com o seu transporte, e das suas familias, declarando-se as províncias para que foram mandados, as datas em que saíram, e os nomes dos navios que os transportaram.
Sala da camará dos dignos dignos pares, em 15 de março de 1861. = Conde ão Bomfim».
«Requeiro que pelo ministério da marinha e ultramar, seja remettida com urgência a esta camará, uma nota que satisfaça aos seguintes quesitos:
1. ° O numero de empregados e officiaes militares que têem ido para as províncias ultramarinas nos últimos cinco annos, designando-se as províncias para que foram, e despeza que se fez com ajudas de custo e passagens, tanto d'el-p2S como de suas familias.
2. ° Qual o numero de militares e suas familias, manda dos para o ultramar no mesmo período, e a despeza que se fez com o seu transporte, designando-se" as províncias para°que foram.
3. Qual foi o numero de colonos mandados para o ul-
tramar no mesmo periodo, designando-se as províncias para que foram e a despeza.
Sala da camará dos dignos pares, 15 de março de 1861. = Conãe ão Bomfim».
«Requeiro que pelo ministério das obras publicas commercio e industria, seja remettida, com urgência a esta ca mara, uma nota que satisfaça aos seguintes quesitos:
1. ° Em que dias têem saído do porto de Lisboa para os portos do Algarve e para os Açores, os vapores da compa--nhia união mercantil e em que dias têem entrado no mesmo porto de Lisboa voltando do Algarve e Açores.
2. ° Que quantias têem sido pagas á companhia união mercantil, a titulo de subsidio, para as carreiras dos Açores, Algarve e Africa, designando-se as datas em que foram pagas e as carreiras a que disserem respeito.
Sala da camará dos dignos pares, 15 de março de 1861 = Conãe ão Bomfim.»
O sr. Visconãe ãe Castro:—Fui o primeiro que pedi para que este negocio fosse mandado á commissão de marinha, porque o sr. conde do Bomfim disse, e com muita rasão, que era preciso. Quando foi remettido á commissão de ma rinha, já estava dado para ordem do dia, e como esta commissão se conformou com o parecer da de fazenda, acha-se em ordem do dia porque já o estava, e se a hora não es tivesse tão adiantada pediria a v. ex.a que o pozesse já em discussão, mas então fica para amanhã.
O sr. Presiãente: — A'manhã haverá sessão, e será a or dem do dia a discussão dos pareceres n.°" 131, 136, 137 e 138. Está levantada a sessão.
Era pouco mais ãas cinco horas ãa tarãe.
Relação dos dignos pares, que estiveram presentes na sessão do dia 15 de março de 1861
Os srs. visconde de Laborim; marquezes de Ficalho, de Fronteira, de Loulé, das Minas, de Niza, de Ponte do Lima, de Vallada; condes das Alcáçovas, d'Alva, do Bomfim, de Linhares, de Mello, de Penamacor, da Ponte de Santa Maria, de Rio Maior, do Sobral, da Taipa, de Thomar; viscondes de Algés, de Balsemão, de Benagazil, de Castellões, de Castro, de Fonte Arcada, de Gouveia, da Luz, de Ovar; barões da Arruda, de Pernes, de Porto de Moz, da Vargem da Ordem; Mello e Saldanha, Pereira Coutinho, Sequeira Pinto, F. P. de Magalhães, Ferrão, Margiochi, Larcher, Izidoro Guedes, Silva Sanches, Brito do Rio.