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CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

SESSÃO N.° 27

EM 2 DE MARÇO DE 1904

Presidencia do Exmo. Sr. Luiz Frederico de Bivar Gomes da Costa

Secretarios - os Dignos Pares

Visconde de Athouguia
Fernando Larcher

SUMMARIO. - Leitura e approvação da acta. - Expediente. - O Digno Par Marque2 do Lavradio refere-se ao engenheiro Croneau, e á maneira porque elle tem cumprido o contrato. - Segue-se no uso da palavra sobre o mesmo assumpto o Digno Par Ferreira do Amaral; mas tendo chegado a hora de se passar á ordem do dia, pede que lhe fique reservada a palavra para a sessão seguinte.

Ordem do dia. - Discussão na generalidade, do parecer n.° 89, que modifica os contratos com o Banco de Portugal. - Usa da palavra o Digno Par Pereira de Miranda, que manda para a mesa algumas propostas, são admittidas, e postas em discussão juntamente com o projecto. - Responde a S. Exa. o Sr. Ministro da Fazenda. - Começa a discursar o Digno Par Sebastião Telles, mas dando a hora pede que lhe seja permittido continuar na sessão seguinte.

Assistiu á sessão todo o Ministerio.

Pelas duas horas e vinte e cinco minutos da tarde estando presentes 20 Dignos Pares, o Sr. Presidente declarou aberta a sessão.

Foi lida, e seguidamente approvada, a acta da sessão antecedente.

Mencionou-se o seguinte expediente:

Officio do Sr. Ministro da Fazenda, satisfazendo um requerimento do Digno Par José Frederico Laranjo.

Para a secretaria.

Officio da Presidencia da camara dos Senhores Deputados, remettendo a proposição de lei que tem por fim determinar que os direitos de mercadorias importadas pelas alfandegas de Lisboa, Porto e Funchal sejam pagos metade em ouro e metade em moeda corrente.

Á commissão de fazenda.

O Sr. Presidente: - Vae consultar a camara sobre se permitte que seja publicada no Diario do Governo uma representação da Associação Commercial do Porto relativa á reforma dos contratos com o Banco de Portugal, visto que ella está redigida em termos muito respeitosos.

Consultada a Camara permittiu que a representação fosse publicada no «Diario do Governo» e enviada á commissão de fazenda.

O Sr. Presidente: - Pede aos Dignos Pares que compareçam a tempo da sessão se poder abrir ás duas horas e meia da tarde, visto que tem de se fechar ás seis horas.

Não ha mais expediente e, segundo a inscripção, tem a palavra o Digno Par Marquez do Lavradio.

O Sr. Marquez de Lavradio: - Se usa novamente da palavra para tratar do Arsenal de Marinha é porque das palavras proferidas pelo Digno Par Sr. Jacinto Candido alguem poderá deduzir que veio abusar do seu logar na camara para dirimir uma questão pessoal. Não atacou nem ataca o Sr. Croneau como homem, veio, no cumprimento de um dever e no uso de um direito atacar o engenheiro director do arsenal nas obras que tem produzido, e na fórma como tem cumprido o seu contracto. N'este ponto nem o Sr. Jacinto Candido nem o Sr. Ministro da Marinha puderam rebater os seus argumentos. O director technico não tem feito escola, não tem feito conferencias aos engenheiros portuguezes, não tem regido a cadeira de construcções navaes da Escola Naval, mas a maior prova de que o contracto não tem sido cumprido deu-a o Sr. Ministro da Marinha affirmando que não havia quem pudesse substituir o Sr. Croneau, isto no fim de septe annos quando pelo contracto elle tinha obrigação de habilitar o pessoal em cinco annos. Ao mesmo tempo que se contractava o engenheiro Croneau mandavam-se construir o D. Carlos em Inglaterra e os dois santos em França, mandavam-se officiaes de todas as classes assistir a essas construcções; só se não mandavam engenheiros! O Japão contractava ao mesmo tempo um engenheiro francez, mas mandava para a Europa e America os seus engenheiros, mestres e até desenhadores assistir ás construcções que encommendara, e o resultado era o Japão abandonar quasi por completo as construcções francezas e lançar se abertamente nos typos inglezes. Apesar d'isto porém o engenheiro francez era bem recebido, não se regatearam elogios ao Sr. Jacinto Candido, e se hoje a corporação quasi em peso se levanta, é porque a sua vinda não correspondeu ao que então se esperava.

Posto isto, passa ao cruzador D. Amelia, e visto que o Sr. Jacinto Candido o chamou ao campo technico, vae discutil-o technicamente até ao ponto em que lhe permitte a sua sciencia de official de marinha.

Reuniram-se commissões, deram-se pareceres e concluiu se que era aquelle o typo de navio que mais nos convinha.

Tem o maximo respeito pelos seus superiores hierarchicos, mas esse respeito não vae até ao ponto de considerar um Evangelho as suas opiniões; tambem tem as suas, que sustenta, e