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372 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

pela natureza dos terrenos, e n'este orçamento figurava o terreno como quasi todo pedrogoso.

Ora, a camara sabe que o preço da construcção por cada metro quadrado em terreno pedrogoso custa muito mais caro, e neste orçamento era calculado o preço como se o terreno fosse todo pedrogoso, de maneira que só concluia d'aqui que na provincia de Traz os Montes não se podia, senão com enorme dispendio, construir uma estrada.

Eu pedi este documento mas nunca me foi enviada nem será.

Sr. presidente, hontem dizia o sr. ministro da fazenda, e dizia remito bem, ao sr. José Luciano de Castro: "Pergunte s. exa. ao sr. Eduardo José Coelho qual a rasão d'estas grandes verbas".

S, exa. dizia muito bem porque o sr. ministro da situação transacta é que póde explicar o grande augmento d'estas verbas.

Ainda ha outra, sr. presidente, e para esta tambem eu peço a attenção da camara.

Ha uma verba no orçamento rectificado que se refere ao serviços agricolas e pecuarios e ensino agricola que importa em 687:000$000 réis.

Ora, sabe v. exa. o que se diz? É que parte d'esta verba é para professores que foram engajados para esta es; ola agricola por um alto funccionario, sem nenhuma auctorisação.

Pergunto eu: este grande augmento de despesa foi feito som auctorisação? Se assim é eu direi ainda mais uma vez que o sr. ministro da fazenda teve rasão em dizer ao sr. José Luciano de Castro que peça ao sr. ministro das obras publicas da situação transacta que lhe explique a rasão do augmento d'estas verbas.

Sr. presidente, eu tambem desejaria referir-me a um outro ministerio, o ministerio do instrucção publica, mas ficará para outra occasião.

Veja v. exa. como o tempo faz justiça a todos.

Pois e o sr. José Luciano, aquelle illustre ministro que mais direito tinha de se queixar.

Devia estar mais magoado com o acontecimento politico do movimento de l9 de maio de 1870 que veiu declarará camara que aquelle ministerio tinha sido creado então sem augmento nenhum de despeza, muito modesto e que tinha recaído n'um illustre ministro.

Oxalá que esse ministerio então pudesse ter vingado porque hoje a instrucção publica estaria n'outro grau de aperfeiçoamento.

Eu estou fallando diante de um digno par que é competentissimo sobre a materia e está perfeitamente ao facto dos resultados d'esse ministerio; só não fosse a politica, elle talvez existisse ainda com grande proveito do ensino e da instrucção.

Sobre este ponto eu não quero dizer mais nada senão quando se tratar da chamada dictadura de 1870, para explicar ao digno par, o sr. Margiochi, qual é a minha responsabilidade d'essa dictadura.

O digno par o sr. Margiochi fez aqui uma allusão, e eu reservo-me para responder a s. exa. quando se discutir aqui o bill de indemnidade.

Eu desejo agora fazer uma pergunta ao sr. ministro da fazenda.

Eu disse ha dias n'esta camara que tinham partido para Africa uns poucos de cavalheiros com differentes profissões; para fazerem parte do estado maior do sr. Marianno de Carvalho, que foi nomeado commissario regio.

Eu estranhei aqui essa nomeação n'um discurso que pareceu um pouco acre, mas que não foi senão a expressão de um sentimento profundo por ver que não tinham sido respeitados os altos principios de moralidade publica.

Consta que muitos d'esses individuos vão para Africa, recebendo gratificações importantes, alguns ganhando, segundo se diz, cinco e seis libras por dias.

Eu pergunto ao meu illustre amigo; o sr. ministro da fazenda, de que verba sáe esta despeza?

(Interrupção.)

Os jornaes dizem que furam para lá alguns com quatro, cinco e seis libras por dia.

Sr. presidente, ha um ponto para que eu só de muito de passagem vou chamar a attenção do sr. ministro da fazenda.

Eu desejava que s. exa. pozesse com effeito um travão na roda dos desperdicios, mas não sei se s. exa. poderá conseguir que esse travão tenha bastante força para reprimir o movimento de roda dos esbanjamentos.

Eu quero referir-me ao que tenho visto, até certo ponto officialmente, e n'este ponto quero ser muito breve porque me reservo para o tratar quando se discutir o bill de indemnidade, porque n'essa discussão eu hei de fallar na dictadura da defeza.

S. exa. tome muito cuidado com uma verba importante para compra de navios.

Eu tenho aqui uma nota das propostas para construcção dos cruzadores, que peço licença á camara para ler.

Leu o seguinte:

Propostas para construcção de cruzadores de 20 milhas

[Ver valores de tabela na imagem]

Eu tive, sr. presidente, uma certa predilecção pelos estudos de construcção de navios de guerra, principalmente d'estes navios novos chamados cruzadores.

Não é só minha opinião, mas de muitos officiaes illustres e de engenheiros muito distinctos, que este systema de navios não é o melhor.

Vê-se que o custo dos quatro navios propostos para 20 milhas, pela offerta mais barata, seria de 23.200:00 francos, ou 1.120:000 klibras, ou 4 176:000$000 réis.

Ora, 4.176:000$000 réis dariam em resultado quatro navios de uma velocidade excepcional e até estravagante, onde cada milha a mais, desde certo limite, faz aumentar enormemente o preço.

Taes navios, sem mastros, e todos elles occupados por