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SESSÃO DE 27 DE JUNHO DE 1890 373

um enorme machinismo, exigem uma consideravel despeza pelo consumo de carvão e pelo pessoal de machinas, isto ao passo que não apresentam confortavel alojamento para as equipagens.

São improprios para estações navaes, pois taes velocidades, aliás tão custosas e em prejuizo de outras condições, não têem que ser aproveitadas senão excepcionalmente.

Navios da classe de cruzadores de segunda ordem, com 14 a 15 milhas de marcha, com mastreação e panno, e bons alojamentos, e de menor despeza de combustivel e de pessoal de machinas de proximamente 2:500 toneladas, custariam proximamente 100:000 libras ou 450:000$000 réis.

De sorte, que com o mesmo capital que custariam aquelles quatro, se poderiam ter dez magnificos navios de um typo equivalente ao dobro do nosso Afonso de Albuquerque, o qual custou 43:500 libras, ou proximamente réis 200:000$000.

De sorte que com 4.176:000$000 réis se poderiam adquirir dezoito ou vinte Affonsos de Albuquerque, com o que melhor ficava servida a nossa marinha do que com os taes quatro cruzadores, cujo emprego será problematico.

O Vasco da Gama custou 110:000 libras ou 500:000$000 réis proximamente.

De sorte que os 4.176:000$000 réis dariam para oito Vascos da Gama.

Em 1875 foram construidos sete navios, a saber:

Vasco da Gama £ 110:000
Rainha de Portugal e Mindello £ 125:000
Rio Lima, Tamega e Sado £ 83:000
Africa £ 47:000

Ou réis 1.642:500$000

1.642:000$000 réis sete navios, até agora sempre em serviço ha quinze annos.

Eu podia apresentar aqui o exemplo de um navio magnifico, inglez, que custou apenas 450:000$000 réis, deitando 14 a 15 milhas por hora, navio que tem taes condições nauticas que ainda ha pouco no cyclone que appareceu na America foi o unico navio que resistia.

Ora, eu pedia ao illustre ministro da fazenda, visto s. exa. estar em tão bons desejos de economias, que não deixe passar senão o que for indispensavel, e que n'esta occasião houvesse da parte de s. exa. o maior cuidado n'estas despezas, a fim de impedir que se complique o estado da fazenda publica com prejuizo de outros serviços reclamados por necessidades imperiosas das nossas colonias.

Faço apenas este pedido ao nobre ministro, e chamo a attenção de s. exa., tambem para um outro assumpto que julgo estar na mente do governo, ou não sei de quem, que é a blindagem da torre do Bugio, que não importa em menos de 3.000:000$000.

Estou ao facto d'estes assumptos e vou apresentar a s. exa. opiniões as mais auctorisadas de ha vinte annos, ácerca da utilidade da torre do Bugio pura a de f4 z a de Lisboa, e note s. exa. que se pensava isto ha vinte annos e de então para cá o progresso da arte da guerra tem attingido a perfeição, reformando quasi por completo o que tem havia.

Eu peço licença para citar a opinião de uma commissão nomeada, creio, pelo sr. marechal Saldanha para estudar este assumpto e que era composta dos seguintes cavalheiros: José Maria Baldy, Fortunato José Barreiros, Antonio de Azevedo e Cunha, Innocencio José de Sousa, Francisco Maria Pereira da Silva, Antonio Florencio Sousa Pinto, João Manuel Cordeiro, Sanches de Castro, Torcato Elias
Gomes da Costa, Thomás Quintino de Macedo, Carlos Testa.

Esta commissão deu parecer datada de abril de 1870, declara que a torre do Bugio era inaproveitavel como elemento de defeza da capital.

Era esta opinião d'aquelles distinctos officiaes, e se elles na vinte annos diziam que a torre do Bugio não podia ser aproveitada como defeza, como é que o póde ser hoje que os progressos da marinha de guerra têem sido tão grandes?

Eu ainda comprehendia que se collocasse fóra da barra junto á torre do Bugio, uma bateria fluctuante, porque isto importaria muito menos despeza do que a blindagem da mesma torre.

Nós o que devemos ter principalmente em vista é a defeza do outro lado do Tejo, defeza em que aliás julgo ninguem pensa.

Compraram-se torpedos, mas a defeza entre o Tejo e o Sado está completamente descurada.

Com os torpedos podemos defender a entrada da barra, mas se o inimigo desembarcar em Setubal, vem até á outra banda e arrasa Lisboa.

Aqui tem, pois, a camara como os taes torpedos se tornam assim inuteis para a defeza da capital.

O que eu desejava era que o governo meditasse seriamente n'um plano de defeza, e que congregasse junto a si elementos valiosos que podessem tornar esse estudo productivo.

Sr. presidente, eu não quero abusar da attenção da camara, e talvez tenha abusado mais do que eu mesmo desejava.

Vou concluir dizendo a v. exa. com a franqueza que me caracterisa, que nós não discutimos o orçamento rectificado, e sim um bill de indemnidade.

Sei que ha outro bill, e consta-me que a commissão tem já elaborado o respectivo parecer, mas o certo é que o documento que está submettido á nossa analyse é um verdadeiro bill.

Lamento que o orçamento rectificado viesse á ultima hora, mas julgo intencional o procedimento dos srs. ministros com o fim de evitarem a discussão larga que devia recair sobre um assumpto de tanta magnitude.

Para que nós não discutamos este documento com a precisa largueza, invoca-se a proxima terminação do anno economico, allega-se que é necessario não proporcionar ensejo ao governo para uma nova dictadura, e assim, sr. presidente, eu direi com a rude franqueza de soldado que estas contas me parecem as que vulgarmente se chamam de gran capitão.

Voto, pois, o orçamento, em presença das circumstancias que expuz á camara, e tenho concluido.

(O digno par não reviu as notas do seu discurso.}

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Antonio de Serpa): - Do que se trata é do orçamento rectificado.

Sr. presidente, respondendo ao digno par que acaba de foliar, a minha resposta referir-se-ha exclusivamente aos pontos em que s. exa. tratou do orçamento rectificado, e serei o mais breve possivel nas minhas considerações.

Começou s. exa. por censurar o augmento de 332:000$000 réis que nota no orçamento rectificado. "

Ora eu peço licença para dizer e repelir o que já por mais de uma vez tenho dito, de que vale mais gastar 5.300:000$000 réis com o exercito e ter exercito do que gastar 5.000:000$000 réis e não o ter.

É preciso, porem, notar uma cousa, é que este augmento não é todo da responsabilidade do actual governo; n'esse augmento se comprehende por exemplo o da verba de 102:000$000 réis que é proveniente de umas lei que foi votada pelas côrtes.

O sr. Camara Leme: - V. exa. dá-me licença? Eu esqueci-me de fallar da verba que se tem gasto com a bri-