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saudade pelo viituoso Passos (Manuel), que outra grande calamidade publica havia de cobrir de luto o ineu coração ! Aquella cadeira (apontando paia a que occiijwu o sr. José Estevão que esfaia coberta de crepe, e sobre dle uma coroa de perpetuas) diz-uos o que os rneiiã lábios cerrados pela convulsão de angustia mal podem proferi i. Moneu o primeiro orador poittiguez' Desappareceu da scena política o rnais eloquente detentor das libeidades publicas! Falleceu o sr. José Estevão Coelho de Magalhães!. . O meu espirito assombrado pela immensidade d .i perda que o paiz acaba de soffrer não me deixa continuai. Choieraos o amigo, honremos a sua memória e imitemos os seus nobres exemplos amando a hbeidade e combatendo a reacção (apoiados.)

Mando para a mesa a seguinte proposta (leu).

Creio que a camará toda queieiá prestar este ultimo serviço á memória do nosso homado amigo, mas parecia-me conveniente nomear-se uma commissão para acompanhar o cadáver.

O sr. Casal Ribeiro: — Consíitue-se a camará em com-missão.

O Orador: — Parece-me isso mais nobre e mais digno d'ella.

Leu-se na mesa a seguinte

PEOPOSTA

Proponho que se lance na acta, que a camará recebeu com o mais profundo sentimento de dor a noticia da morte do primeiro orador portuguez, o sr. José Estevão Coelho de Magalhães.

Sala das sessões, õ de novembro de 1862. = Jacinto Augusto de SairfAnna ti Yasconctllos.

Foi logo approiada unanimemente.

O sr. Fontes Pereira de Mello: — Senhores' Eu não pretendo excitar o sentimento da camará, que assas o vejo pintado em todos os semblantes.

Também não venho aqui como amigo, que procura desabafar a dor que lhe oppnme o coração, porque não é este o logar próprio á expansão dos affectos particulares. Porém quero, como repiesentante do paiz, pi estai homenagem de respeito e de saudade á memória de Jo^é E-tevao Coelho de Magalhães, aqui n'este recinto, que foi o theatio da sua glona, e onde tantas vezes ouvimos o som da sua voz poderosa e eloquente, vibrando sempre pela pátria e pela liberdade.

Senhores' N'estes tempos que correm, quando a ficção substitue a verdade, quando as apparencias mentem tantas vezes aos sentidos, e quando o ouropel encobie tanta- me-diocridades, é ju"to, é nobre, que no seio da icpresentação nacional honremos a memória de um homem, que foi grande, nà"o das giandezas, que se compram, que se hei dam, ou que se outorgam, mas das grandezas que conquistou com o seu talento gigante, collocaudo-se a si piopno no pedestal, que lhe alevanfarani os amigos do paiz, cujo* interesses elle tantHs. veze* defendeu, e os amigob da, liberdade que elle ajudou a fundar entie nós.

ISTe^ía casa, do que foi aro. disímctos ornamentos Rodrigo da Fonseca Magalhães, João Baptista de Almeida Gaireít e Manuel da S'lva Pa^o^, coutem pi Ti m os agora vasia a cadeira onde se a-seutava o Deruosíhenea poituguez. Succes-sivamente a morte nos tern anebatado <_3 de='de' homem='homem' sentimentos='sentimentos' aos='aos' podemos='podemos' inysíenos='inysíenos' procurando-nos='procurando-nos' do='do' enthusiasrno='enthusiasrno' pelo='pelo' mais='mais' zelosamente='zelosamente' liberdí-de='liberdí-de' derramar='derramar' lagrima='lagrima' pela='pela' providencia='providencia' vez='vez' vamos='vamos' respeitemos='respeitemos' eu='eu' sobre='sobre' hoje='hoje' as='as' servindo='servindo' nsto='nsto' decretos='decretos' saudade='saudade' já='já' inspirar='inspirar' sua='sua' que='que' fogo='fogo' dedicada='dedicada' causa='causa' seus='seus' estevão='estevão' curvemos='curvemos' uma='uma' prestantes='prestantes' anebatados='anebatados' jo-é='jo-é' nos='nos' fronte='fronte' paiz='paiz' túmulo='túmulo' cidadãos.='cidadãos.' eleadrr-='eleadrr-' memória='memória' pois='pois' palavra='palavra' ser='ser' a='a' seu='seu' daquelle='daquelle' os='os' e='e' aquecidos='aquecidos' existe='existe' m='m' grande='grande' honremos='honremos' o='o' p='p' coração='coração' geneioso='geneioso' cada='cada' insondáveis.='insondáveis.' beneméritos='beneméritos' todos='todos' eloquência='eloquência' nào='nào' da='da'>

O sr. Casal Ribeiro: — N'e=«íe dia tristemente solemne, quando a patuá acaba de soffrei uma peida irreparável, as primeiras palavias que se proferem n'e-ta casa, de qualquer lado que partam, queesquer que sejam os lábios que as pronunciem, não podiam ser, nào foiam, nào são outra cousa senão a expiessao de uma magoa immeosa, de uma saudade profund,-., de uma dor unanime.

Falta-noa aqui o collega que iodos queriam e estimavam, falta ao paiz o homem, que por justos títulos veneiava, o orador eloquentíssimo, o primeiro vulto da tubuna portu-gueza, o que por talentos e caracter honrava o sysíema representativo, de oue era filho, apoio e sustentáculo ("apoiados).

Nào é e^te c IOÍT.-T, não che^oM a o^casi-io, nem o animo se acha bi=ií»it2 íraaqirlío, para f P z-? t a apolcg a de José Estevão Coelh» de Magalhàe-

Ha n'e~íT. CP-a i>in logar va^o. "jue é d;ítr:il, se nílri im-po^ivel, Qiia venha a ?er pieenchido (wvifov apoiados) E esse logir va*:

Fique ao monos consignado e^te testemunho universal de respeito e ^u^ida pelo parlamentar illistre, pelo liberal corajoso, pelo çiajd? cidadão. Suva de exemplo a todos, e de lenitivo a nó- qpe do peito o tratámos e fomos seus amigos, que p-jdénicj ppieeiar a vaba daquelíe coração digno d'aquella cabota.

Adherinflo a pi oposta, que se mandou para a mesa, vou mandai outra rmphondo a jcléa d'ella, e perpetuando a expressão do Fenímiento que nos doraiua Se a demonstração que proponho rríe íora das praticas communs, também muito acima do nível vincar estava o homem que a mereceu (mvitos apoiados),

Não a commenío nem a justifico. Mando para a mesa a proposta, e conto para ella com o assentimento da camará e com a sancção do povo portuguez (muitos apoiados).

Honrámos a pátria, quando honramos os mais illustres e dedicados de seus filhos Pague se esta divida a José Estevão. Pague lh'a a paína, que era o mais fundo e entranhado do^ seus aôectos.

E a seguinte.

PROPOSTA

A camará dos deputados, sabendo com profunda magoa a morte do seu distincti^simo membro o sr. deputado José Estevão Coelho de Magalhães, e querendo bom ar condi-gnameníe a memora dos seus talentos e virtudes, resolve*

l.8 Consignar na acta a espiessao do seu sentimento por tão lamentável peida;

2.° Abrir uma etib?cnpção nacional, á qual serão convidados a concorrer não só os membros da camará, mas todos os cidadãos que voluntariamente o queiram fazer, a fim de se erigir uru monumento fúnebre á memória do grande orador;

3 ° Encanegar a mesa, podendo esta reunir a si os deputados que julgar conveniente, da execução da resolução precedente;

4.° Fazer constar estas resoluções á viuva do illustre finado.

Sala das sessões, õ de novembio de 1S62. —CcmzZ Ribeiro.

Foi logo unanimemente approvada.

O sr. Cláudio José Nunes.—Dispense-me a camará de fazer comruentano algum á proposta que vou mandar para a mesa. O corameníano já está feito pela palavra eloquente dos cavalheiros que me precederam, e, mais do que tudo, pelo próprio nome do finado e pelo luto que veste aquella cadeira.

É a seguinte:

PROPOSTA

Proponho que a camará dos deputados, paia honrar a memória de um do? mais beneméritos filhos da terra por-tugueza, o faílecido deputado o «r. José Estevão Coelho de Magalhães, mande lavrar em mármore o busto d'esíe egrégio cidadão, a fim de ser collocado na bibliotheca do corpo legislativo.

Camará doa deputados, õ de novembro de 1862. = Clau-dio José Nunes.

Foi logo unanimemente apprnindd

O sr. Xavier da Silva: — Depois de tantas propostas, como as que íêem sido oííeiecida?, é ceitamente uma temeridade da minha parte ir apresentar ainda outra; entretanto peço aos meus collegns que a aceitem como uma prova do sentimento de que e*tou possuído.

A mmha proposta é a seguinte: PROPOSTA

Proponho que por empaco de oito dias se conserve co berta de crepe, como está, a cade'ra do fallecido deputado por Aveiro o ^r José E^vâo Coelho de Magalhães, que tão dignamente honrou a sua paina e a tribuna portugue-za = Augnttn Xuiitr da

Foi loqn unanimemente

U sr. Presidente: — Vou levantar a sessão, por se appro-ximar a hora do préstito fúnebre do sr. José Estevão, de que a camará quer fazer pai te. Amanhã continuai Só o? trabalhos ordinários.

E^íá levantada a sessão

Erim, duas horas e meia da tarde.

CONTINENTE

Lisboa — Foram hoje conduzidos ao jazigo da família Ferreira Pinto, no cemitério dos Prazeres, os restos inor-tae* de José E^tevro Coelho de Magalhães. Ali dorme o somno eterno da morte a voz mai* eloquente que nos moderno4' tempos hunrou esta terra E diffi il, se não impossível, descrever a mage*tade do saimento, ainda rnai^, a saudade que elle revelava. Se a magoa, se a dor, se as lagrimas podessem imprimir sopro de vida a um cadáver, a cadena parlamentar de José Estevão já não estava cobeita de crepe. Mas níio se quebram os decretos da Providencia, e embora mil ais patenteassem ha poucas horas qual o sentimento que dominava milhares de cidadãos, nunca mais ouviremos aqueile prodigio da palavia

Eiam quatro horas da tarde quando o préstito funebie se poz em mai chá de casa do finado. Uma massa enorme e compacta de cidadãos de todas as categonas formava esse préstito. Ministros d'esíado efíectivos e honorários, os membros das duas casr.s do pai lamento, altos dignitários, veieadores, muitos oíScioe» superiores do exercito e maimha, numero sãs der.utav.jues do rentio piomotur, associação dos empie gado? no commercio e industria, grémio popular, associação íypp£rapb.:ca, ^oc^dade dos artistas, e de quasi todas as outras aseocMar-oe^ de L/sboa, muitos estrangeiros distin-ctos, e o mais luzido concurso de populares, tal era o acompanhamento que conduziu á sepultura os restos inanimado? d'aquelle que figuiará na historia contemporânea, como do? maib valentes e esforçados paladinos da hbeidade poitu-gueza.

Piosimo ao largo do Rato incorporaram ao préstito as creanças lecnlhidas no a^ylo de S. João, de que José Es-íevao fora o principal instituidor. Foi mais uma iccorda-çao saudosa que se juntou a tanta amargura.

Antes do caisíío cer depositado no jazigo o sr. ministro da maimha, Mendes Leal, e o sr. Rebello da Silva, em breve mas eloquente quadro, expozeram os dotes políticos, e talentos que por tanto se coutavam no illustre finado. Não podia ler melhores apologistas aquella superior intelhgen-cia. Ei a o génio pagando devida homenagem á realeza do talento

Com a voz entrecortada pelos soluços, debatendo-se com

as lagrimas que a saudade do amigo lhe trazia espontâneas aos olhos, também orou o sr Freitas e Oliveira e o sr João Manuel Gonçalves por parte do asylo de S. João.

Com as descargas dadas pelo regimento de mfantena D.° 16, que prestou as honras fúnebres, devidas á patente do fallecido, terminou a lugubie ceremoma, eram perto de sete horas da noite.

Á morte deste vai ao prestante levou a tristeza a todos os homens sinceramente amigos das instituições liberaes e do paiz. Se tantos testemunhos o não manifestassem, o que hoje se passou aã camará dos senhores deputados ahi estava para o certificar por modo inecusavel

Para a leitura da sessão chamamos a aítenção dos leitores.

Todos sentem a perda que experimentaram a pátria e as liberdades publicas, porque se José Estevão era o ornamento da tribuna poríugueza, também era o mais firme esteio das franquias constiíucionaes.

ILHAS

Terceira — As folhas recebidas d'esta ilha alcançam de 20 de setembro a igual dia do mez próximo passado.

O vapor Açoriano entrado no dia 22 de outubro, e o patacho Fafel no dia 21, levaram aquella ilha a grata noticia de ter chegado a Lisboa a excelsa rainha dos portu-guezes, e de se ter celebrado o régio consorcio. O sr. governador civil havia ordenado que os dias 27, 28 e 29 de outubro fossem os destinados para na Terceira, S. Jorge e Graciosa se festejai tão augusto enlace.

Os terceirenses, porém, demonstraram immediatamente a sua alegria por noticia tão saíisfacíoria. Apenas o Fafel a commumcou deu-se uma salva no castello de S. João Baptista, subindo também ao ar, do palácio do go-veino civil, muitas girandolas de foguetes A noite esteve illuminado o paço municipal, palácio do governo civil e muitas casas particulaies

Afora estas demonstrações preparavam-se grandes festejos para os dias designados pela auctoridade civil para «e solemnisar o régio consorcio. Muitos dos preparativos estavam quasi concluidos, em que se contavam as obras feitas para a illummação que se devia effectuar em frente dos paços raumcipaes.

-----No dia 20 de outubro reuniu-se a commissSo promotora de instrucçSo em uma das salas do governo civil e sob a piesidencia do dr. António Momz Barreto, onde foi discutido e approvado o regulamento, que, sanccionado pelo governo, tem de reger a sociedade piomoíora de letras e artes no districto de Angra do Heioisnao.

Com este trabalho terminou a commissão o encargo que lhe deu o alvará do sr. governador civil.

-----Proseguiam com bom resultado os trabalhos da eorn-

missào cieada por alvará do governo civil de 16 de setembro ultimo, para pioaiover o abastecimento de aguas para as fieíruezias de S. Matheus, S Baitholomeu, Santa Barba: a, Doze Ribeiras, Altares, B'scouíos e iogat do Raminho. Tinham-se nomeado commissões filiaes em todas estas parochia=. A cauiaia municijial de Ançra poz á disposição da CGinrmsfào a quantia de 30^000 réis, e 440 metros de encanamento; declarando mais que no orçamento supple-mentar que ia votar sei ia mcluid-i mais outra verba para esta obra de tanta utilidade pubhua. A junta de parochia da fieguezia de S. Baitholomeu concorreu immediatamente com a quantia de Hõ^ôSO réis. Da? comrnissoes fihaes também já Fe tinham recebido paiticipações oíBciaes de que os povos da melhor vontade se prestavam a concoirer para obra de tal magnitude.

Em presença d'isto a cornmi^ão- deliberou que immedia-íameute se começassem 0=? tiabalnos pela espioiação da nascente chamada Fonte Nova, ac'ma das Doze Ribeiras, para que, conhecidos os recursos d'esía nascente*, se po-desse resolvei o que mais conveniente parecesse, encarregando-se o sr. pie^dente de dar as ordens necessárias para esse fim, apphcando íe ás primeira5? de?pezas os donativos já offerceidos, á excepção dos trabalhadores que se prestam gratuitamente e independente de posturas mumeip^es.

Effecíivameníe os trabalhos começaram. Eis o que diz o Angrenae de 16 du passado a similhaníe lespeito:

« Na segunda feira 6 do corrente começaram os trabalhos para o abastecimento de aguas das freguezias de oeste. É a obra de maior vulto oue ha muitos annos se tem ern-prehendido, e que muita homa faz a quem a emprehen-deu. »

-----Xá mesma folha lê-se também:

«Pelo patacho TirceireA&e foi remettida mais a quantia de 2400000 réis. moeda do Sirzil, paia o asyio de mendicidade da Praia. Sobe j-i a l 240;>000 réis, moeda do Brasil, a quantia com que n-? nossos u mãos n'aquelle império favoícceni o pio estabelecimento que começa a florescer na muito notarei villa da Pra;a daYictona. »

-----«Reuniu se a direcção da sociedade agrícola, convocada pelo sr. governado» civil, a fim de proceder a trabalhos preparatórios p^ra n reunião da assembléa geral em novembio próximo

cEÔectívaraente (Testa iniciativa, que tanta gloria dá ao er. Jacome de Bruges, preparam-se grandes frucíos; a direcção deliberou promover, de accordo com a es.ma camará municipal, o aforamento do teneno necessário para um passeio publico, que sirva ao mesmo tempo para adi-mação de plantas e para uma exposição de productos agrícolas no anno futuro, í

-----«Foram abertas as aulas do lyceu e R bibliotheca

publica d'esta cidade. O comniissano dos estudos, o dr. A. M. Barreto Corte Real, recitou uro breve discurso apropriado a esta solemnidade.»

-----a Falleceu em Angra, no dia 5, o es.fflo conselheiro