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294 DIARIO DA CAMARA.

nunca pretenderão exercer. Em confirmação do que acabo de dizer, convido o Digno Par para ler os debates da Camara dos Pares de França que se acham nos jornaes vindos no ultimo paquete.

O SR. SILVA CARVALHO: - Sr. Presidente, nós temos um Regimento, e devemos guiar-nos por elle: em consequencia V. Exa. não me póde negar a palavra... (Rumor.) Custa-me a sahir de mim, mas desejo ser tractado como os outros Dignos Pares. - O requerimento para que eu pedi a palavra é que V. Exa. consulte a Camara se esta Sessão ha de prorogar-se para aquillo que se julgar conveniente.

Sendo a Camara logo consultada, decidiu negativamente.

O SR. VISCONDE DE LABORIM: - Eu peço a palavra para uma explicação pessoal.

O SR. VICE-PRESIDENTE: - Está fechada a Sessão... (Grandissimo rumor, e ouve-se a espaços o seguinte:)

O SR. VISCONDE DE LABORIM: - Eu pedi a palavra, Sr. Presidente, para explicação...

O SR. MARQUEZ DE FRONTEIRA: - Não se póde fechar a Sessão, por que o Sr. Visconde de Laborim tem todo o direito a responder ao Sr. Conde da Taipa... (Sussurro continuado.)

ALGUMAS VOZES: - Ordem... Ordem...

O SR. VISCONDE DE LABORIM: - V. Exa. dá-me a palavra para explicação pessoal?..

O SR. VICE-PRESIDENTE: - Decidiu-se já um requerimento, e que se não prolongasse a Sessão: eu não a posso prolongar sem que a Camara resolva, e sinto muito, por que eu mesmo precisava tambem dar uma explicação.

(Começam a sahir da Sala os Dignos Pares.)

O SR. VISCONDE DE LABORIM: - Mas V. Exa. ainda está occupando a Presidencia... Eu peço-lhe que me dê a palavra antes de concluir esta Sessão. ( Rumor.)

VOZES: - Ordem... Ordem...

OUTRAS VOZES: - Deu a hora... (O rumor cresce.)

O SR. MARQUEZ DE FRONTEIRA: - Do lado esquerdo diz-se que deu a hora, mas é depois da invectiva do Sr. Conde da Taipa... ( Grandissimo rumor.}

O SR. VICE-PRESIDENTE: - A Ordem do dia é a mesma, e a reunião á uma hora... (Confusão.)

Era cêrca de cinco horas.

N.º 31. Sessão de 25 de Fevereiro. 1843.

(PRESIDIU O SR. CONDE DE VILLA REAL.)

FOI aberta a Sessão pela uma hora e meia da tarde; estiveram presentes 38 Dignos Pares.- os Srs. Duques de Palmella, e da Terceira, Marquezes de Abrantes, de Fronteira, de Loulé, das Minas, de Ponte de Lima, e de Santa Iria, Condes do Bomfim, da Cunha, de Lavradio, de Lumiares, de Paraty, de Rio Maior, de Semodães, da Taipa, e de Villa Real, Viscondes de Fonte Arcada, da Graciosa, de Laborim, de Oliveira, de Sá da Bandeira, da Serra do Pilar, de Sobral, e de Villarinho de S. Romão, Barão de Villa Pouca, Miranda, Ribafria, Gambôa e Liz, Ornellas, Margiochi, Pessanha, Giraldes, Cotta Falcão, Silva Carvalho, Serpa Machado, Polycarpo José Machado, e Trigueiros. - Tambem estiveram presentes os Srs. Ministros dos Negocios do Reino, e da Justiça.

Leu-se a Acta da Sessão antecedente, e ficou approvada.

O SR. SILVA CARVALHO: - Mando para a Mesa uma representação dos habitantes do Concelho d'Almada sobre a projectada extensão da acção fiscal das Sete Casas. - Passou á Commissão de Petições.

O SR. VISCONDE DE LABORIM: - Sr. Presidente, peço a palavra para fazer uma explicação, ou, para melhor dizer, dar uma satisfacção á Camara, acto que hontem se me negou, e que hoje pretendo pôr em pratica, assim como naquella occasião o faria, com toda a placidez de espirito, contemplação ao logar que tenho a honra de occupar, e respeito devido a V. Exa. e aos meus Dignos Collegas.

O SR. VICE-PRESIDENTE: - Supponho que a palavra pedida é para alguma explicação pessoal...

O SR. VISCONDE DE LABORIM: - Sim Senhor.

O SR. VICE-PRESIDENTE: - Nesse caso tem o Digno Par a palavra.

O SR. VISCONDE DE LABORIM: - Não se acha na Sala o Digno Par, o Sr. Conde da Taipa, o que muito sinto; no entanto não devem pezar por mais tempo sobre mim os resultados de uma tão injusta arguição e ultrage, que indevidamente me foi feito: accrescendo por outro lado que a explicação, ou antes satisfacção, que passo a dar, dirige-se verdadeiramente á Camara e á opinião publica, que muito respeito. Para o fazer convêm referir-me ao facto succedido, apezar de estar bem inteirado de que elle ainda se acha vivamente impresso na memoria de todos os Pares que o presenciaram; e peço aos Srs. Tachygraphos que tomem notas exactas de tudo quanto eu disser.

Estava orando o nobre Duque de Palmella, nosso Presidente, que, fallando em qualquer materia, tem todo o direito a ser escutado com attenção, e a merecer os maiores elogios: tractava na sua falla de justificar, até certo ponto, algumas medidas dictatorias, quando de uma Lei fundamental, por meio de revolução, se passava para outra; foi quando o Digno Par, o Sr. Conde da Taipa, sem ter a palavra, e interrompendo o Orador, e isto contra os Artigos 50 e 56 do nosso Regimento, alçou a voz, e disse as seguintes palavras - Louvado seja tão bom Senhor - e depois, pegando no chapéo, virou as costas e retirou-se: deu isto logar a verificar-se algum pequeno rumor na Camara, e foi então que eu soltei as seguintes - O Digno Par fez o que devia, - e o Orador, o nobre Duque de Palmella, continuando o seu discurso, disse - Sinto que o Digno Par se retirasse, - ao que eu respondi - Pois eu