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quando quizer pôde entrar por ella dentro e impor-nos a lei; mas esses navios não podem custar menos de 90:000 libras esterlinas sendo de 1:500 toneladas, e devia isso ser combinado com fortificações de terra, tanto pelo lado do norte, como pela do sul. Por consequencia a questão toda que versou na commissão consultiva, era sobre o typo do navio se elle convinha ou não, e sobre a opportunidade.
O sr. conde de Linhares quer navios de outro typo, a corveta de que se tratava era antiga, mas os navios novos feitos no arsenal são identicos; e o sr. Testa não quer senão navios couraçados ou Alabamas, e eis-aqui está a rasão da differença de opiniões. O que quer o sr. conde de Linhares são navios feitos no arsenal, opinião muito louvavel, e por isso queria fazer em Lisboa um Alabama, navios mui differentes d'aquelles que s. ex.ª até agora tem construido, e com que tem dotado a marinha portugueza.
(O sr. conde de Linhares disse n'esta occasião um áparte que se não ouviu na mesa dos tachygraphos.)
Eu não podia nem devia reprovar um navio que podia ser empregado em serviço colonial ou qualquer outra commissão com vantagem, tendo as peças convenientes e os seus rodízios e todos os mais requisitos indispensaveis, para poder funccionar convenientemente, e nas condições de outros que têem servido muito bem. Foi tambem esta a consideração que levou a commissão consultiva a approvar a proposta da compra d'este navio. Se era um navio novo ou um navio velho, isso não era a commissão que o podia verificar; fez obra pelas peças officiaes que lhe foram presentes. As informações subsequentes que estão chegando de. Inglaterra, para assim dizer, todos os dias, é que tem dado logar a que conste que no dia 29, por meio de uma denuncia, é que se soube que o navio tinha sido reconstruido de novo, porque até ali os carpinteiros e os officiaes portugueses mandaram desforrar e levantar tábuas para melhor examinar o estado do mesmo navio, por uma o outra parte, achando a corveta não só boa, mas nova. Mas se ella effectivamente foi reconstruida, as madeiras que se têem examinado são novas, pôde então considerar-se como uma casa que se manda deitar abaixo e que se reedifica de novo. Conseguintemente tendo visto no Diario popular uma insinuação ou uma especie de accusação á commissão consultiva, mandei publicar o que ali se passou, e em que se mostra que nós, pelas informações que se nos apresentaram é que fizemos obra; e a divergencia que vogou na commissão, foi ¦ só ácerca da conveniencia do typo, isto por parte do digno par e do sr. Testa.
Concluo dizendo que não dou mais explicações a este respeito, e porque esta questão deve tornar a apparecer, serei então muito mais explicito, se assim o entender.
O sr. Conde de Linhares: — Expoz que a sua duvida era a respeito de typos; e dando elle orador, como deu, o seu voto na commissão consultiva, foi mais a favor d'ella do que ella propria.
Repetia novamente que não pretendera, no que acabava de dizer, interpellar o sr. ministro da marinha; o que quiz foi tornar bem conhecido e bem claro o seu voto, depois que s. ex.ª declarou na camara electiva que o sr. Testa é que tinha sido de voto contrario á compra do navio, assim como tambem disse e queixou-se de que não tinha sido informado pelo mesmo sr. Testa a respeito das duvidas que se davam, e das probabilidades que havia de que aquelle navio fosse talvez antigo.
A opinião d'elle orador ahi estava exposta, e todos hão de ver como as cousas se passavam.
Aproveitava a occasião para tambem dizer meia duzia de palavras sobre os navios construidos em Portugal, n'estes ultimos tempos, o que de futuro se ha reconhecer o que são de bons ou maus; entretanto não podia deixar de dizer que, ' consultando-se os relatorios de differentes commandantes, em todos se vê um juizo favoravel, especificadamente o sr. Testa(quando commandou a corveta Sá da Bandeira, e o sr. Viegas do O, quando commandou a corveta D. João, que é do mesmo typo da corveta Duque de Palmella, da qual agora se diz que não pôde emprehender commissão em consequencia do seu mau estado, o que todavia ainda resta a provar, e na vistoria que se vae fazer no logar competente para esse exame; presume elle orador que se ha de verificar que não é assim, nem se lhe descobrirá ruina, como se tem dito que existe, e que aliás é impossivel de se acreditar, conhecendo o bom serviço que tem feito aquelle navio, sempre sem occorrencia alguma notavel, como se prova pelos relatorios de seus respectivos commandantes.
O sr. Presidente: — Não ha, creio eu, objecto algum mais de que esta camara se possa occupar hoje.
O sr. Conde de Cabral: — Pediu a palavra sobre a ordem o sr. conde de Thomar.
O sr. Presidente: — Peço desculpa, que não tinha attendido a essa circumstancia. Queira o digno par, o sr. conde de Thomar, fazer uso da palavra que havia pedido sobre a ordem.
O sr. Conde de Thomar: — Eu achava muito regular que, em vista da declaração que o sr. ministro da marinha havia feito na camara dos senhores deputados, viesse hoje aqui o digno par sr. conde de Linhares dizer que n'aquella declaração não tinha sido incluido o seu nome, quando era certo que s. ex.ª não só tinha tambem votado contra, mas até havia emittido n'essa conformidade uma opinião por escripto, de que resulta que não houve um só voto contra. Mas, como quer que seja, o que me parecia era que tal incidente não devia progredir, e por isso tinha pedido a palavra sobre a ordem; como porém os dois dignos pares que fallaram logo convieram depois das suas explicações, que não havia rasão de progredir o incidente com mais observações, eu tambem entendia que deixava de ser necessario fazer uso da palavra que tinha pedido sobre a ordem (apoiados).
O sr. Presidente: — A seguinte sessão será na segunda feira proxima, 13 do corrente, e visto que não ha trabalho algum preparado sobre a mesa, a ordem do dia não pôde ser senão a expedição dos negocios que se apresentarem na correspondencia e pareceres de commissões.
Está levantada a sessão.
Eram tres horas da tarde.
Relação dos dignos pares que estiveram presentes na sessão de 10 de julho de 1868
Os ex.mos srs.: Conde de Castro; Duque de Loulé; Marquezes, de Fronteira, de Sá da Bandeira, de Sabugosa; Condes, das Alcaçovas, de Avillez, de Cabral, de Fornos, de Linhares, de Thomar; Viscondes, de Benagazil, de Fonte Arcada, de Ovar, de Soares Franco; Barão de Villa Nova de Foscôa; Moraes Carvalho, Mello e Carvalho, Costa Lobo, Rebello de Carvalho, Pereira de Magalhães, Larcher, Braamcamp, Pinto Bastos, Reis e Vasconcellos, Lourenço da Luz, Baldy, Rebello da Silva, Preto Geraldes, Menezes Pita, Fernandes Thomás, e Ferrer.