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N.º33

SESSÃO DE 7 DE DEZEMBRO DE 1891

Presidencia do exmo sr. Antonio Telles Pereira de Vasconcellos Pimentel

Secretarios — os dignos pares
Conde d’Avila
José Augusto da Gama

SUMMARIO

Leitura e approvação da acta. — Segunda leitura do projecto apresentado pelo digno par o sr. Sousa e Silva, auctorisando uma emissão provisoria de estampilhas e mais formulas de franquia para as ilhas adjacentes. — O digno par o sr. Hintze Ribeiro pronuncia algumas palavras de sentimento pela morte do Imperador do Brazil, propondo o voto correspondente. — O digno par o sr. Thomás Ribeiro enuncia um additamento áquella proposta, precedendo-o de um elogio ás virtudes do finado Imperador. — O digno par o sr. Mathias de Carvalho segue as suas phrases laudatorias das qualidades de D. Pedro II de uma proposta para que a do sr. Hintze Ribeiro seja votada por acclamação. — O digno par o sr. José Luciano de Castro propõe, em signal de sentimento, que se levante a sessão. São approvadas por acclamação as propostas. — É encerrada a sessão e designada a ordem do dia.

Ás duas horas e tres quartos da tarde, achando-se presentes 26 dignos pares, abriu-se a sessão.

Foi lida e approvada a acta da ultima sessão. Não houve correspondencia.

Teve segunda leitura o projecto de lei apresentado pelo digno par sr. Sousa e Silva na sessão de 4 de dezembro.

Foi admittido á discussão e enviado á commissão de obras publicas, ouvida a de fazenda.

O sr. Hintze Ribeiro: — A camara sabe que falleceu o senhor D. Pedro II, do de Sua Magestade El-Rei e, que durante tantos annos foi Imperador do Brazil.

Dotado de uma intelligencia poderosa, de um coração aberto e magnanimo, e com largos conhecimentos litterarios e scientificos, o senhor D. Pedro II contribuiu tanto quanto póde contribuir um homem de boa vontade e de levantadas vistas para o engrandecimento do seu paiz. É justo que a historia o registe.

Na historia dos povos, o nome do senhor D. Pedro II fica indelevelmente traçado como o de um homem a um tempo generoso e bom, illustrado, intelligente, e sobretudo liberal (Apoiados.), porque não só muitos dos seus emprehendimentos mais valiosos, mas as suas mais assignaladas conquistas liberaes, deve-as o Brazil ou á iniciativa, ou á coadjuvação, ou ao bom acolhimento do senhor D. Pedro II. (Apoiados.)

N’estes termos eu venho propor á camara que se lance na acta da sessão um voto de profundo sentimento pela morte do senhor D. Pedro. (Apoiados geraes.)

O sr. Thomás Ribeiro: — Eu não queria de forma alguma deixar passar esta occasião sem prestar a homenagem do meu respeito á memoria do senhor D. Pedro II, que foi Imperador do Brazil.

Antecedeu-me com palavras muito mais eloquentes do que as que eu posso proferir, o meu illustre amigo sr. Hintze Ribeiro na manifestação do seu sentimento que julgo ser o de toda a camara. (Apoiados.)

Accentuou. s. exa. que, como bom, como grande, como liberal principalmente, era aquelle principe digno de que o seu nome ficasse consignado nos annaes historicos d’este paiz, como ha de ficar nos do Brazil honradamente consignado.

No meu conceito, pelo que eu conheço, que não é muito, da historia do segundo Imperador do Brazil, poucas perdas tem havido na casa real de Bragança que se possam equiparar com esta do senhor D. Pedro. Se houve homem sinceramente devotado aos seus deveres de inoperante com um sentimento verdadeiramente paternal que sempre demonstrou, de certo foi elle.

Não é agora occasião de dizer tudo quanto sinto a respeito de outros inoperantes da casa real de Bragança, que eu admiro, que sinceramente admirei desde que estudei a nossa historia e principalmente a do primeiro Imperador do Brazil. Mas direi que se alguem no mundo foi digno de uma sorte melhor, se alguem tem merecido morrer quietamente no throno, foi certamente o senhor D. Pedro, que com tanta elevação soube reger o throno que occupou. (Apoiados.}

N’esta parte não peço á camara que se associe ao que estou dizendo, porque sei perfeitamente que póde haver opiniões politicas mais ou menos acceitaveis por todos aquelles que formam a maioria d’esta camara.

Apresento sinceramente a minha opinião singularissima, e estimaria muito que alguns dignos pares que á apoiaram a compartilhassem. (Apoiados.}

A camara dos pares do reino em Portugal, que foi sempre visitado por aquelle monarcha, honra-se hoje commemorando este voto de sentimento; eu peço, se o não pediu já o meu illustre amigo o sr. Hintze Ribeiro, que esta menção de sentimento que faz a camara dos pares seja enviada a quem o deve ser, isto é, que se de conhecimento d’este nosso voto á princeza herdeira, não digo do throno do Brazil, porque o imperio desabou infelizmente; mas á herdeira das tradições do seu glorioso pae e a toda a familia imperial. Não sei se v. exa. me deixa continuar as poucas reflexões que tenho a fazer...

(O orador não reviu.}

O sr. Presidente: — Se as reflexões do digno par não versam precisamente sobre este assumpto, acho melhor que se vote primeiramente a proposta do sr. Hintze Ribeiro e o additamento que v. exa. acaba de apresentar.

O sr. Thomás Ribeiro: — Perfeitamente de accordo.

O sr. Presidente: — Como supponho que alguns dignos pares se querem referir ao acontecimento triste que todos deploramos profundamente, vou dar a palavra aos dignos pares inscriptos, e tem a palavra o sr. Mathias de Carvalho.

O sr. Mathias de Carvalho: — Sr. presidente, a subida honra que eu tive, por quasi oito annos, de ser o representante de Portugal junto de Sua Magestade o Imperador do Brazil, e os testemunhos de extrema benevolencia com que o mesmo augusto senhor se dignou honrar-me, constituem para mim uma obrigação de tal ordem, que não poderia ficar silencioso neste momento sem. ser taxado de descuidado no cumprimento de um dever e de menos grato a tantas mercês recebidas.

Associo-me, pois, inteiramente á moção do meu illustre amigo o sr. Hintze Ribeiro, e ao additamento do meu nobre amigo sr. Thomás Ribeiro, visto que, tanto a proposta como o additamento, expressam o sentimento profundo que

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