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14 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

ticado, porque nunca me arrependi de ter commettido um acto de juizo.

Sendo evidente a existencia de odios irreductiveis contra o chefe da situação transacta, e não se podendo prever a que consequencias deploraveis podia levar a manifestação d'essas más vontades, o Governo entendeu que a retirada do Sr. João Franco era um elemento indispensavel para dar ao Pais quietação, socego e a acalmação a que o Digno Par se referiu, e que não é tão completa como seria para desejar, porque os terroristas se comprazem, sem razão que o explique, em espalhar boatos alarmantes, e se ha solo que reuna condições para o desenvolvimento d'essa planta damninha, é com certeza o nosso.

O Digno Par, continuando nas suas arguições ao Governo, insinua que elle se afasta dos principios liberaes e tem farto receio de offender os conservadores.

Se S. Exa. se desse ao incommodo de ler o que a imprensa periodica tem dito a respeito da politica do Governo; se lesse, principalmente, o que escreve o Diario Illustrado, veria quão diversas das de S. Exa. são as opiniões dos franquistas no que toca ao liberalismo do Governo; são as opiniões dos franquistas e as de todos aquelles que mais ou menos os apoiam.

Disse tambem o Digno Par que o Governo se contradiz todos os dias.

Pode ser que assim seja, mas nessa parte pode-se dizer que não pode censurar-me quem, como S. Exa., no seu primeiro discurso, bateu o record das contradições.

Tambem o Digno Par acha estranhavel que os trabalhos parlamentares da outra Camara não tenham seguido com a velocidade que seria para desejar.

Ninguem o lamenta mais do que eu, mas os principies liberaes que S. Exa. tão acrisoladamente preconiza estão em manifesta contradição com a censura que dirigiu ao Governo.

Pode porventura imputar-se ao Governo a responsabilidade na demora do exame que o Parlamento applica a qualquer proposta ou providencia que lhe é submettida?

É o Governo que tem culpa, da longa discussão a que foi sujeito, na Camara dos Deputados, o projecto da lista civil, em que se tratou, cumulativamente, da questão dos adeantamentos ?

Pois seria o Governo que devia pedir aos seus amigos que passassem por cima das opposições, recorrendo aos condemnados abafaretes ás inveteradas prorogações de sessões, a todo esse arsenal de avariados instrumentos, que tenham por fim abafar a, voz de quem tivesse o direito e quisesse expressar o seu pensamento?

O Governo, ao contrario, por todos os meios, directos e indirectos, pede aos seus amigos que permitiam que as discussões corram livremente, na mais absoluta serenidade e na mais larga expansão do pensamento.

Suppõe que está a dar hora.

O Sr. Presidente: — Faltam ainda dez minutos.

O Orador: — Como tenho de entrar em uma nova ordem de considerações, que não teria tempo de completar em dez minutos,. peço que me seja permittido continuar na sessão seguinte.

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Presidente:— Fica V. Exa. com a palavra reservada para a sessão seguinte.

A seguinte sessão será amanhã, e a ordem do dia a continuação da que es; tava dada para hoje.

Está levantada a sessão.

Eram 5 horas e 25 minutos da tarde.

Dignos Pares presentes na sessão de 3 de agosto de 1908

Exmos. Srs.: Antonio de Azevedo Castello Branco; Eduardo de Serpa Pimentel; Marquezes: de Avila e de Bolama, de Penafiel, de Pombal e de Tancos ; Arcebispo de Evora; Condes: das Alcaçovas, de Arnoso, do Bomfim, de Castello de Paiva, de Figueiró, das Galveias, de Lagoaça, de Sabugosa e de Valenças; Viscondes: de Algés, de Athouguia e do Monte São; Alexandre Cabral, Pereira de Miranda, Eduardo Villaça, Costa e Silva, Sousa Costa Lobo, Teixeira de Sousa, Campos Henriques, Augusto José da Cunha, Eduardo José Coelho, Mattozo Santos, Veiga Beirão, Dias Costa, Ferreira do Amaral, Francisco José de Medeiros, Francisco Serpa Machado, Simões Margiochi, Ressano Garcia, Baptista de Andrade, D. João de Alarcão, João Arroyo, Joaquim Telles de Vasconcellos, José de Alpoim, Julio de Vilhena, Silveira Vianna, Pimentel Pinto, Bandeira Coelho, Affonso de Espregueira, Sebastião Dantas Baracho e Wenceslau de Lima.

O Redactor,

ALBERTO BRAMÃO.