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18 DIARIO DA CAMAEA DOS DIGNOS PARES DO REINO

zer dos seus actos, e, como honrado que é, qual a sua responsabilidade.

S. exa. veiu confessar que não encontrou lei escripta para fazer os supprimentos aos bancos que lhe pediram o seu soccorro.

Notou s. exa. alguns dos precedentes que tem havido em relação a supprimentos, e podia notar muitos; mas não quiz.

Eu não quero estar a fazer a historia de todos esses supprimentos, mas ella virá a seu tempo e quando for preciso.

S. exa. fez ver, com o applauso e apoio de um dos homens politicos mais notaveis e mais honrados d'este paiz, o qual póde bem alto levantar a sua cabeça, que é o sr. Serpa, o que tinha feito e qual a responsabilidade que lhe cabia.

Disse do seu direito, da sua justiça e dos seus actos.

Veiu depois dizer o sr. conde de Thomar, a quem eu já chamei o apostolo da moralidade d'este paiz, e Deus lhe augmente a virtude; veiu dizer, segundo, me consta, que não eram as mesmas as condições dos bancos a que o partido regenerador tinha estendido a mão salvadora, porque estes offereciam garantias aos supprimentos que se lhes fez, ao passo que os bancos a que ultimamente se quiz acudir estavam em situação desesperada ou pouco menos. Assim mostra s. exa. que tem muita mais moralidade do que logica.

S. exa. não vê bem que podem as circumstancias subsequentes a um soccorro do governo ajudar uma instituição periclitante, emquanto que noutra conjunctura, por mais esforços que se empreguem, como acontece na medicina, póde morrer o doente...

E ha de por isto dizer se que um dos medicos era um sabio, emquanto que o outro não passava de ser um curandeiro, porque o doente lhe morreu nas mãos?

As circumstancias podiam ter mudado.

Eu digo isto assumindo a responsabilidade que me compete como um dos membros do ministerio que acudiu em auxilio dos bancos.

Depois appareceram falsificações nesse banco?

Pergunto: quando entrámos no poder, havia porventura alguma syndicancia da policia, algum exame de justiça que nos dissesse alguma cousa d'estas?

(Aparte do sr. conde de Thomar.)

O que o digno par queria era que nós imitassemos o mestro de primeiras letras que, vendo um discipulo mettido dentro da agua e prestes a afogar-se, em vez de lhe estender a mão, lhe fez uma pratica.

Desgraçado paiz, no dia em que s. exa. tiver a responsabilidade de ministro da coroa; ha de fazer como o professor de primeiras letras, deixando afogar o discipulo.

(Aparte do sr. conde de Thomar.)

Não sei se está livre, mas nós deviamos ir pedir a El-Rei que o fizesse entrar no governo.

E visto que se tem tratado de supprimentos, lembrarei ao digno par o seguinte: Póde ser que a alma de um dos maiores estadistas d'este paiz venha uma noite acordal-o do seu somno feliz, porque é virtuoso, e trazer-lhe porventura algum supprimento, não será de dinheiro, mas... algum supprimento.

Quero crer, s. exa. a essa boa alma que lh'o venha trazer, não ha de responder da maneira por que tem avaliado aqui os actos de alguns dos seus collegas.

Tenho concluido.