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550 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

É contra este acto injusto e inaudito do governo que eu não posso deixar de levantar a minha voz para que o paiz tenha conhecimento d'elle, e veja, e reconheça como são tratados os benemeritos, que derramam o sangue, e arriscam a vida para sustentar o bom nome de Portugal.

O sr. ministro da fazenda confirma o que eu tenho dito, pois reconhece a bravura do sr. Palma Velho e os seus relevantes serviços do que dá testemunho, e promette a devida recompensa;

Sendo sinceras as palavras de s. exa., o que eu desejaria era que não ficassem em palavras e fossem com a maxima bnevidade traduzidas em obras.

Estou cansado de ouvir promessas que nunca se cumprem, e que desauctorisam os ministros, que deviam ser mais cautelosos para não faltarem. Acabemos por uma vez com isto sr. presidente. Fica mal ao governo que eu lhe esteja lembrando o seu dever, a cada momento.

É necessario que sejam immediatamente recompensados os actos heroicos a que me tenho referido.

Este assumpto para o qual chamo a attenção do governo tem mais importancia e valor do que parece.

É mister que os poderes publicos sejam os primeiros a reconhecer, e a premiar serviços que são tanto mais elevados quanto são feitos em regiões longinquas, onde faltam geralmente os meios de acção.

É necessario que os governos se compenetrem que um paiz que tem um passado illustre, e uma historia gloriosa não póde deixar no esquecimento factos que lhe trazem á memoria as tradicções nobres e honradas dos Gamas dos Almeidas e dos Albuquerques.

Espero que as minhas palavras d'esta vez sejam ouvidas e não sejam de voz clamando no deserto.

O sr. Presidente: - Já passou a hora destinada para tratar de assumptos antes da ordem do dia.

Se algum digno par tem pareceres ou requerimentos a mandar para a mesa, póde fazel-o, senão vae entrar-se na ordem do dia.

O sr. Conde de Castro: - Mando para a mesa um parecer da commissão de agricultura, approvando o projecto que transfere para o dominio da camara municipal de Lisboa a tapada do Campo Grande.

Foi a imprimir.

O sr. Fernando Palha: - Mando para a mesa um requerimento, pedindo um documento, pelo ministerio do reino.

Para que este meu pedido não possa dar logar a equivocos, devo acrescentar que um digno par que não está presente, e se acha fóra da capital, me encarregou de apresentar este requerimento com o fim de se habilitar a entrar na discussão de um assumpto que ha de ser tratado n'esta camara.

Leu-se o seguinte

Requerimento

Requeiro que, pelo ministerio do reino, seja enviada ã esta camara com urgencia a representação que a faculdade de theologia enviou ao governo em 27 de março ultimo, expondo-lhe os factos que se têem dado entre ella e o bispo de Coimbra.

Lisboa, 28 de junho de 1887. = Fernando Palha.

Mandou-se expedir.

O sr. Antonio de Serpa: - Mando para a mesa o requerimento de um coronel do estado maior de engenheria, representando contra a ultima organisação dos serviços technicos do ministerio das obras publicas.

Teve o competente destino.

O sr. Candido de Moraes: - Mando para a mesa um requerimento.

Aproveito a occasião para pedir ao sr. ministro da fazenda o obsequio de prevenir o sr. ministro da justiça de que desejo dirigir a s. exa. algumas perguntas com respeito a um negocio dependente do ministerio a seu cargo.

O sr. Conde da Folgoza: - Mando para a mesa alguns requerimentos de differentes officiaes de engenheria, representando contra a actual organisação dos serviços technicos de obras publicas.

Foram remettidos á commissão competente.

O sr. Serra e Moura: - Mando para a mesa lima representação, assignada por alguns representantes de firmas commerciaes e por diversos individuos da ilha da Madeira, e dirigida a esta camara, em que os signatarios, na qualidade de importadores e distilladores de aguardente, reclamam contra os direitos estabelecidos no projecto de reforma da pauta aduaneira sobre a importação do melaço e do alcool.

Pela pauta em vigor está o melaço sujeito ao direito de 20 réis por kilogramma, e o alcool puro ao direito de réis 1$200 por decalitro. No projecto de reforma eleva-se a 30 réis por kilogramma o direito sobre o melaço e é reduzido a 1$150 réis por decalitro o direito sobre o alcool. Os signatarios da representação consideram que as alterações propostas em relação aos direitos no melaço e alcool, operam em sentido diametralmente opposto, não só aos interesses da industria que representam, e que por esta fórma será aniquilada, com a aniquilação do commercio da importação do melaço, que lhe fornece a materia prima, mas até affirmam, com dados estatisticos extrahidos da alfandega do Funchal, que qualquer augmento de direitos no melaço sobremaneira affecta a receita do estado.

Por exemplo, em 1880 a receita proveniente dos direitos sobre o melaço desceu a 5:038$294 réis; em 1881 a réis 1:412$860 e em 1882 a 554$520 réis por effeito do imposto municipal de 20 réis por kilogramma, que no referido anno de 1881 teve logar.

E subiu em 1883 a 9:801$674 réis, anno em que o imposto municipal foi reduzido a 5 réis por kilogramma, attingindo em 1886 á importante cifra de 28:498$300 réis pela reducção do mesmo imposto a 2 réis por kilogramma.

O augmento do imposto sobre o melaço, que em epochas passadas poderia justificar-se como protecção á cultura da canna doce na ilha da Madeira, carece actualmente de fundamento com a quasi extincção d'esse producto, porque, como é notorio, a molestia que invadiu aquella planta succedeu á que esterilisou a producção dos generosos vinhos da Madeira, a que nenhum direito protector póde servir de remedio.

N'estas deploraveis circumstancias parece de impreterivel e improrogavel necessidade facilitar, e não tolher a importação do melaço, unica materia prima que ás fabricas de distillação resta, depois da quasi extincção da canna doce n'aquella ilha.

Em nome, pois, dos signatarios da representação, chamo a attenção da camara para este importante assumpto, e, como se acha presente o sr. ministro da fazenda, chamo tambem a sua especial attenção para a reclamação dos signatarios, esperando do provado talento de s. exa., que se dignará prover de remedio com as medidas que tiver por justas em ordem a conciliar os interesses das fábricas de distillação de aguardente da ilha da Madeira com os interesses dó thesouro.

Vão juntos á representação dois mappas e duas certidões da alfandega do Funchal, com o fim de corroborar o que se allega na mesma representação.

Peço a sua publicação no Diario do governo.

O sr. Presidente: - Que destino deseja ò digno par que se de á representação por s. exa. mandada para a mesa?

O sr. Serra e Moura: - Requeiro que seja publicada no Diario do governo.

Consultada a camara, approvou que se publicasse no Diario do governo a mencionada representação.

O sr. Presidente: - Vamos entrar na ordem do dia.

O sr. Daun e Lorena: - V. exa. teve a bondade de me inscrever antes de ordem do dia?