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CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

SESSÃO N.° 59

EM 7 DE DEZEMBRO DE 1906

Presidencia do Exmo. Sr. Conselheiro Augusto José da Cunha

Secretarios — os Dignos Pares

Luiz de Mello Bandeira Coelho
José Vaz Correia Seabra de Lacerda

SUMMARIO. = Leitura e approvação da acta. — Não houve expediente. — O Digno Par Almeida Grarrett refere-se a um conflicto suscitado entre duas camaras eleitas da Covilhã e a outras occorreno das na mesma localidade. Conclue perguntando se foram mandados syndicar os acontecimentos de 1 do corrente, no Porto.— O Sr. Presidente diz que não pode dar a palavra ao Digno Par Alpoim porque já chegou a hora de se passar á ordem do dia, mas que fica na lista da inscripção para a sessão seguinte, á qual promette comparecer o Sr. Presidente do Conselho, para ouvir S. Exa. sobre os acontecimentos do Porto. O Digno Par Sr. Alpoim diz que, tratando-se de um assumpto de interesse publico, não pode protelar-se. O Digno Par Conde de Lagoaça requer que seja consultada a Camara sobre se consente que seja dada a palavra ao Digno Par Alpoim. Este requerimento é rejeitado

Ordem fio dia — Continuação da discussão do parecer n.° 9 que ratifica a convenção commercial entre Portugal e a Suissa. Usa da palavra o Digno Par Eduardo Villaça. Tendo o Digno Par João Arroyo apresentado algumas duvidas sobre a interpretação a dar ao que preceitua a alinea a) do § unico do artigo 1.° trocam-se explicações entre os Srs. Ministros dos Estrangeiros e Obras Publicas e os Dignos Pares Teixeira de Sousa, Hintze Ribeiro, Luciano Monreiro, Wenceslau de Lima, resolvendo-se por fim que sejam exaradas na acta as palavras do Sr. Ministro dos Estrangeiros a tal respeito. A sessão, que tinha sido prorogada a requerimento do Digno Par Mello e Sousa, é encerrada e designada a immediata e a respectiva ordem do dia.

Pelas 2 horas e 40 minutos da tarde, verificando-se a presença de 30 Dignos Pares, o Sr. Presidente declara aberta a sessão.

Foi lida, e seguidamente approvada, a acta da sessão antecedente.

Não houve expediente.

O Sr. Almeida Garrett: — Sr. Presidente, cumpre-me, em primeiro logar, agradecer a V. Exa. e á Camara a deferencia que tiveram, permittindo que eu continuasse no uso da palavra durante a ordem do dia na ultima sessão da nossa Camara.

Mas, realmente, o meu estado de saude, junto á muita fadiga que então sentia, não permittiam que eu continuasse falando então, e por isso fiquei com a palavra reservada para hoje.

Sr. Presidente: repito o que disse na sessão anterior, que destacava no meu intimo os regeneradores da Covilhã do partido, regenerador.

Sr. Presidente: alguns jornaes de hontem disseram que eu tratara aqui de um assumpto restricto e particular da Covilhã.

Não é isto exacto, pois que na sessão anterior me fui propondo a tratar de assumptos importantes de governação e administração publica, sobre tres aspectos principaes: politico, juridico e moral, sendo para mim este ultimo o mais importante.

A este respeito permitta-me a Camara que faça uma manifestação, talvez um pouco estranha declarando-me democrata e liberal, mas nos sãos principios que estas palavras podem e devem ser tomadas em boa consciencia e pensar.

Tenho a pedir desculpa á Camara de alguma phrase talvez um tanto exagerada, e talvez de termos um pouco movimentados, que eu possa ter proferido aqui.

Não se pode permittir a offensa e o vilipendio a uma classe tão digna e benemerita, qual é a da instrucção primaria, que estou defendendo.

O assumpto relaciona-se com todo o professorado primario, que é quem ensina os nossos filhos, e por consequencia é uma causa da nação inteira.

Demais sendo professor da Universidade, ainda que dos mais indignos, cumpre-me defender aquella classe tão benemerita.

Por ultimo, tendo sido tambem inspector de instrucção secundaria, durante seis ou sete annos, de uma circumscripção academica, a qual dirigi o melhor que me foi possivel, da maneira a mais amorosa e ao mesmo tempo a mais completa, a fim de igualar os serviços em toda a circumscripção, a meu contento, não podia portanto deixar de defender esta prestante classe do professorado primario, por dever de consciencia e solidariedade.

Está aqui a meu lado quem conhece bem este assumpto e a forma como eu dirigi aquelles trabalhos, um illustre ornamento d'esta Camara, um dos mais distinctos caracteres, o Sr. Teixeira de Vasconcellos.

Por certo se recordará, quando, dois dias depois da reprovação de meu filho, me dirigiu um telegramma relativo a este facto. Como pae lastimei e senti essa noticia, como inspector de instrucção secundaria a estimei, porque me cumpria julga-la merecida.

Está presente o Sr. Presidente do Conselho, a quem desejava ouvir sobre o assumpto restricto e particular da Covilhã, que se pretendeu agitar, animando-o com o movimento do Porto.

Este assumpto da cidade do Porto é natural que ainda seja tratado por vozes mais autorizadas. Todavia não poderei deixar de me referir a elle ligeiramente.

A muita e antiga amizade com que me honra o Sr. Presidente do Conselho (Apoiados do Sr. Presidente do