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588 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

finanças do municipio, deseja arvores em todos os pontos da cidade, abundantemente regadas pela parte superior e pela parte inferior, bem como calçadas dos systemas os mais perfeitos e tambem profusamente lavadas.

Suppõe, porventura, s. exa. que bastem dez, vinte, trinta ou cem vezes 1:200$000 réis para que a cidade se encontre nas condições em que todos nós desejariamos vêl-a?

A camara municipal de Lisboa, regando, como s. exa. disse, mesquinhamente, não está livre de que a companhia das aguas pretenda exigir-lhe em um anno 300:000$000 róis por excesso de consumo de agua.

Para que a cidade fosse regada como o digno par deseja; seria necessario fazer uma enorme despeza e, alem d´isso, creio mesmo que não haveria agua suficiente em Lisboa para tal serviço.

O sr. Franzini disse que quando por acaso nas das de Lisboa encontra uma arvore, vê-a sem folhas. Pois se essas arvores, são quasi todas de folha caduca, n´uma certa estação perdem fatalmente a ramagem. Se ellas tivessem folha permanente, então o digno par vel-as-ia sempre com folhas:

O sr. Franziu!: - Eu referi-me principalmente á estação de verão. No inverno não passeio pelas das de Lisboa.

O Orador: - Oh, sr. presidente, assim como não está na nossa mão conservar as folhas nas arvores, que por sua natureza ás perdem, assim tambem as não podemos arrancar ás arvores de folhas permacentes, salvo se cortassemos as arvores pelo tronco. A caducidade ou conservação da folha está sujeita a leis naturaes que ninguem póde alterar.

Tambem s. exa. disse que não quer calçadas á macadam, porque fazem muito pó, com grave incommodo para os transeuntes, e como exemplo citou a calçada das Necessidades.

Ora eu não sei, francamente, que outro systema de calçada possa adoptar-se n´uma rua tão inclinada como a que s. exa. indicou.

Mas, deixando de parte este exemplo, tão mal escolhido por s. exa., observarei que, se ha das de nivel, em Lisboa, calçadas á mac-adam, é porque este systema é immensamente mais economico que o de parallelipipedos de granito ou madeira, a que s. exa. se referiu.

Sr. presidente, este projecto de lei é de grandissima vantagem para a camara municipal, já porque o Campo Grande prende com os melhoramentos que estão projectados para o norte da Avenida da Liberdade, já porque n´esse Campo ha viveiros, e podem estabelecer-se outros, destinados a fornecer as arvores necessarias para as das e jardins publicos, e até para os jardins particulares.

Parece-me, portanto, que o digno par foi muito injusto quando pareceu censurar a camara por praticar o monstruoso crime de acceitar um importante beneficio que o estado lhe faz gratuitamente.

Tenho dito.

Posto o parecer a votação, foi approvado.

O sr. Presidente: - O digno par o sr. barão do Salgueiro deseja fazer uma pergunta ao sr. ministro das obras publicas.

Os dignos pares que annuem a este pedido, tenham a bondade de se levantar.

Foi approvado.

O sr. Barão do Salgueiro: - Agradeço á camara o ter accedido ao pedido que fiz.

Sr. presidente, eu desejava chamar a attenção do sr. ministro das obras publicas para um telegramma que li n´um jornal sobre o incendio do pinhal de Leiria.

Desejava que s. exa. se dignasse informar-me se effectivamente é verdadeira a noticia, e, sendo verdadeira, que importancia teve o fogo, se já se extinguiu ou se ainda dura, e quaes as causas que lhe deram origem.

Eu tenho toda a confiança no governo, e nos seus delegados, e por isso não venho pedir providencias a s. exa. Estou certo que se hão de tomar todas as que o caso pedir.

O meu fim, pedindo a palavra, foi dar occasião a que o nobre ministro possa dar explicações, que tranquillisem o espirito publico, sobre um caso grave como este, que póde trazer comsigo a perda da mata mais importante do paiz.

O sr. Ministro das Obras Publicas: - Sr. presidente, as informações que posso dar ao digno par e á camara são desagradaveis.

O incendio que se manifestou no pinhal de Leiria começou ás duas horas e só foi dominado ás oito, durando portanto seis horas. O incendio é talvez o maior que tem havido.

Os estragos foram grandes, e as providencias possiveis foram tomadas pelo commandante de caçadores n.° 6, que está em Leiria.

O que posso assegurar ao digno par é que o governo ha de proceder ás necessarias averiguações, para saber se houve desleixo da parte de algum empregado, e, se o houver, creia s. exa. que o culpado ha de ter a devida correcção.

O sr. Barão de Salgueiro: - Agradeço ao sr. ministro das obras publicas a promptidão com que me respondeu.

Estou certo que s. exa. ha de empregar todos os meios ao seu alcance para saber se houve ou não desleixo da parte de algum empregado a fim de ter o devido castigo.

O sr. Presidente: - Vae ser enviado á commissão de verificação de poderes a carta regia que elevou á dignidade de par vitalicio o sr. visconde de Alemquer, bem como os documentos que s. exa. enviou para a mesa.

Os pareceres que foram mandados para a mesa por varios dignos pares vão ser impressos para serem distribuidos.

A primeira sessão é amanhã, 2 do corrente, e a ordem do dia é a discussão do parecer n.° 60.

Está levantada a sessão.

Eram cinco horas da tarde.

Dignos pares presentes na sessão de 1 de julho de 1887

Exmos. srs.: João Chrysostomo de Abreu e Sousa; Marquezes, de Rio Maior; de Pomares, Condes, de Alte, de Bomfim, de Castro, da Folgosa, de Linhares, de Magalhães; Viscondes, da Arriaga, de Benalcanfor, de Borges de Castro, de Carnide, da Silva Carvalho; Barão do Salgueiro; Pereira de Miranda, Quaresma, Silva e Cunha, Antunes Guerreiro, Barros e Sá, Adriano Machado, Serpa Pimentel, Costa Lobo, Augusto Cunha, Sequeira Pinto, Hintze Ribeiro, Margiochi, Van Zeller, Ressano Garcia, Carlos Bento, Larcher, Candido, de Moraes, Melicio, Holbeche, Valladas, Vasco Leão Gusmão, Bandeira Coelho, Baptista de Andrade, Fernandes Vaz, Silva Amado, Ponte Horta Sá Carneiro, José Pereira, Mexia Salema, Sampaio e Mello, Camara Leme, Luiz Bivar, Seixas, Pereira Dias, Vaz Preto, Franzini, M. Osorio Cabral, Gonçalves de Freitas, Placido de Abreu, Calheiros, Thomás Ribeiro, Thomás de Carvalho, Henrique de Macedo, Senna, Braamcamp Freire, Bocage, Barros Gomes, D. Miguel Coutinho, Serra e Moura.

Redactor = Ulpio Veiga.